Agora é mais fácil do que nunca ter acesso a milhões de músicas onde quer que estejas. Na rua, em casa, ou no carro, basta teres uma subscrição numa qualquer plataforma de streaming de música para nunca mais teres de te preocupar em andar com discos atrás ou mp3 manhosos.
Aliás, a única preocupação é saber o que ouvir no meio de tanta oferta e de mais de milhões de músicas em alta qualidade. Olhando para o mercado atual, há dois serviços concorrentes que continuam a atrair utilizadores: a Apple Music e o Spotify. E cada um deles diz que está melhor que o outro.
Mas qual é aquele que tu deves escolher? Fomos fazer as contas, olhámos para os catálogos e para as funcionalidades de ambos e contamos-te aqui qual aquele que deves subscrever.
Valor da mensalidade
O Spotify tem uma modalidade gratuita limitada a algumas playlists ou modo aleatório, mas por ser tão limitado é difícil de recomendar a não ser que o gosto musical do ouvinte sejam inteiramente de música pop.
A Apple Music não tem versão gratuita mas a mensalidade de ambos é exatamente a mesma: 6,99 euros por mês. Há também uma promoção para estudantes e famílias, que se traduz em 3,49 e 10,99 euros por mês, respetivamente.
Catálogo e qualidade de som
Esta categoria engloba tanto a quantidade e diversidade do catálogo musical de cada serviço, como a qualidade máxima à qual as faixas podem ser reproduzidas.
O Spotify disponibiliza “mais de 30 milhões de canções”, com cerca de 20 mil adicionadas diariamente. A vasta maioria de música popular das grandes gravadoras como Sony e Universal está presente, assim como muitos artistas independentes.
Por outro lado, a Apple afirma ter cerca de 40 milhões de faixas disponíveis, e apostou no passado em garantir exclusividade de certos artistas e produtoras — geralmente nomes mais sonantes do universo hip-hop e R&B, como Frank Ocean, que teve o seu último álbum em regime de exclusividade na Apple Music durante semanas antes de chegar às restantes plataformas. O último álbum de Jay-Z, 4:44, é também exemplo paradigmático desta situação.
Artistas como Joanna Newsom e outros artistas da editora Drag City não se encontram disponíveis no Spotify. O serviço da Apple revela-se também mais completo em géneros vindos do oriente, como o K-Pop.
A Apple Music disponibiliza também music videos e playlists de video, para quem prefere uma experiência mais visual. A qualidade de som em ambos os serviços é semelhante, e é perfeitamente adequada para a maioria dos usos e equipamentos.
De um modo geral, a Apple Music oferece melhor qualidade de som, embora nenhum ainda apresente uma opção de alta fidelidade sem compressão, como é o caso do Tidal, que chegou a Portugal em 2015.
Assim, tanto a Apple Music como o Spotify recorrem a formatos com compressão, semelhantes ao MP3, e permitem escolher entre vários níveis de qualidade. Isto reflete-se diretamente na quantidade de dados utilizados em streaming ou download, e o espaço que a música ocupa no vosso dispositivo caso a queiram guardar localmente (melhor qualidade = ficheiros maiores).
Para os mais curiosos, o Spotify recorre a um formato Open Source Ogg Vorbis, com uma bitrate máxima de 320kbps (isto indica a quantidade de informação contida no ficheiro em cada segundo).
Surpreendendo absolutamente ninguém, a Apple opta por um formato proprietário, o Apple Audio Codec (AAC) a uma bitrate máxima de 256kbps, o mesmo tipo de ficheiro disponibilizado ao comprar um álbum ou canção através da iTunes Store.
No que toca ao conteúdo, ambos apresentam a vasta maioria da música mainstream ocidental, mas o Apple Music acaba por ganhar devido a uma qualidade ligeiramente superior e uma seleção maior de conteúdos, especialmente em géneros alternativos.
Vencedor: Apple Music
Descobrir novos géneros e artistas
A abundância de conteúdo sem fim criou a necessidade de haver uma nova forma de encontrar músicas relevantes para cada utilizador, tanto recém-lançadas como clássicos celebrados.

O Spotify destaca-se pelo seu conjunto de ferramentas extremamente poderosas para descobrir novos artistas ou faixas e integrá-los no que o utilizador já conhece e vem ouvir.
Com um conjunto de milhões de playlists curadas por editores, compiladas por artistas/utilizadores ou até mesmo geradas automaticamente, o ato intimidante de escolher o que ouvir em milhões de faixas torna-se mais fácil.
Ambos os serviços oferecem um modo radio que cria playlists sem fim com base num artista, género, album ou faixa individual. Enquanto ouvem, podem dar feedback à aplicação através de um sistema “Gosto/Não Gosto”, que irá influenciar o que vem a seguir.
Uma das funcionalidades mais reconhecidas do Spotify são as suas playlists “espontâneas”, como os Daily Mixes que surgem automaticamente com base em géneros de música mais ouvidos, ou a playlist “Your Time Capsule”, que estima com base nos hábitos atuais do utilizador aquilo que ele ou ela ouviam quando eram mais novos.

A Apple Music toma um caminho diferente. Embora ainda disponha de playlists rádio e personalizadas, a Apple inclui playlists mais específicas, como as influencias por detrás de um determinado artista.
Quando a Apple lançou o serviço em 2015, uma das funções mais publicitadas foi a estação online Beats 1, que intercala música nos géneros Pop, Rap e Indie com segmentos e programas relacionados à atualidade da industria musical.

Esta estação passa em direto como uma estação de rádio tradicional, mas é possível ouvir segmentos passados on-demand. A programação conta com DJs de renome como Zane Lowe, Ebro Darden e Julie Adenuga, cada um dispondo de um segmento com personalidade e identidade própria.
A Beats 1 vale a pena experimentar se o conceito “inovador” de ter talk shows e entrevistas na vossa experiência musical vos parece interessante, mas a estação fica-se maioritariamente por artistas pop mainstream.
Embora a Apple ofereça playlists uma experiência de rádio mais tradicional com a Beats 1, as ferramentas automáticas do Spotify são mais eficazes em apresentar a música certa ao utilizador de forma proativa.
Vencedor: Spotify
Aplicações e funcionalidades
Sendo serviços de distribuição puramente digitais, as aplicações móveis e em desktop são essenciais para acedermos aos milhões de faixas e funcionalidades adicionais disponíveis em cada um dos serviços.
O Spotify dispõe de aplicação móvel para iOS/Android e versão Desktop para Windows e macOS que contam com todas as funcionalidades.
Caso prefiram ouvir diretamente no browser, existe uma versão na web, embora com algumas limitações. Está também disponível na PlayStation 4, Xbox One, as principais Smart TVs ou dispositivos plug-in como Chromecast.
A melhor parte? Todos estes dispositivos falam entre si através de Wi-Fi pelo Spotify Connect, o que permite resumir sessões de um lado para o outro, ou controlar um dispositivo através de outro. É talvez a funcionalidade mais impressionante do Spotify, e funciona sem falhas.

A Apple Music está integrado na app Música, pré-instalada em todos os dispositivos iOS e na Apple TV. Existe também uma aplicação Android, mas, segundo vários utilizadores, apresenta alguns problemas a nível de interface e playback que a tornam difícil de recomendar.
No computador, a Apple Music está disponível no Windows ou macOS através do iTunes. É aqui que aparece a função mais interessante do Apple Music: a Biblioteca de Música na iCloud.
Antes conhecida por iTunes Match, esta funcionalidade permite-vos fazer upload da vossa biblioteca pessoal do iTunes para a tornar disponível em qualquer lado. Caso a música já esteja disponível na Apple Music, o serviço reproduz a versão com melhor qualidade.
Isto torna possível o streaming de qualquer álbum que tenham obtido via CD ou através de um download digital, e é extremamente útil para quem vê os seus gostos musicais pouco representados nos catálogos destes serviços.
Embora esta possibilidade seja bem-vinda, o potencial do Spotify Connect e a diversidade de plataformas suportadas sobressaem como pontos fortes face ao Apple Music.
Vencedor: Spotify
Conectividade e Acessórios
Para que serve música se não a podem partilhar? Tanto o Spotify como o Apple Music permitem transmitir a vossa música para altifalantes externos com uma qualidade bastante superior ao Bluetooth, e sem ficarem a mandar notificações para a sala inteira.
O já mencionado Spotify Connect está presente em “smart speakers” de diversas marcas como Marshall, Denon, Pioneer e JBL. Como os próprios altifalantes têm ligação Wi-Fi, funcionam de forma completamente independente do vosso smartphone ou PC.
O Spotify funciona também com Google Cast, pelo que podem tornar qualquer aparelhagem mais inteligente com um simples dispositivo plug-in, o Chromecast Audio. O Google Assistant permite-vos controlar a vossa música com a voz (ainda não disponível em Português, infelizmente).
A Apple usa o seu protocolo proprietário AirPlay. Este está disponível na Apple TV e outros dispositivos Apple, como seria de esperar, mas também em muitos dos mesmos altifalantes que suportam Google Cast.
O AirPlay apresenta uma qualidade inferior e maior latência face ao Google Cast, sendo um formato mais antigo. Contudo, a Apple já anunciou o AirPlay 2, que traz uma melhor qualidade de som, e funções como transmissão multi-sala (sincronizado ou independente) e emparcelamento estéreo para o recente HomePod.
Semelhante ao Chromecast, podem ligar qualquer altifalante a um router AirPort Express da Apple para o tornar um destino AirPlay, mas o equipamento já está descontinuado e esquecido pela empresa de Cupertino.
À semelhança do que foi referido na categoria anterior, o Spotify oferece mais e melhores opções de conectividade com altifalantes externos.
Vencedor: Spotify
Conclusão

Pelo mesmo preço, o Spotify é uma experiência mais consistente em todas as plataformas, e conta com funções extremamente úteis para descobrir (e re-descobrir) música no dia-a-dia. A sua ubiquidade e estabilidade tornam-o a melhor escolha para a maioria das pessoas.
Dito isto, o Apple Music é uma boa proposta se vivem a vossa vida digital em dispositivos Apple, ou caso não vejam os vossos gostos representados no catálogo do Spotify.
Ao colocar ambas as plataformas lado a lado, a decisão sobre qual o melhor serviço a usar é sempre tua. No final, fica a garantia de quem ganha é sempre o utilizador.