Conceição Calhau revelou à Rádio Renascença que “os aditivos usados nas embalagens de plástico interferem no nosso sistema hormonal, podendo desencadear várias doenças, nomeadamente o cancro”.
A investigadora – que se dedica essencialmente ao estudo do impacto do plástico na saúde pública – revela ainda que a presença de plásticos no corpo humano pode ser detetada apenas com uma simples análise à urina.
São más notícias para quem gosta de “marmitar”: a investigadora recomenda que “não se usem embalagens de plástico, para aquecer comida no micro-ondas” e adverte quem costuma levar o almoço para o trabalho na marmita que “não deve aquecer nela os alimentos” ou, em alternativa, que se usem recipientes ou marmitas de vidro.

A substância mais conhecida e também a mais prejudicial é o Bisfenol A. O Bisfenol A, também conhecido pela sigla BPA, é um composto muito utilizado para fazer plásticos de policarbonato, sobretudo marmitas e garrafas de água. Quando esses recipientes entram em contacto com alimentos muito quentes ou quando são colocados no microondas, a substância acaba por contaminar o alimento e é consumido juntamente com a comida.

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Em relação aos biberões – que no primeiro ano de vida do bebé são, habitualmente, de plástico – Conceição Calhau faz um alerta: são um verdadeiro risco para a vida do bebé. Os investigadores da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova fizeram análises a biberões de plástico vendidos em lojas chinesas e chegaram à conclusão de que “há migração dos aditivos do plástico para o corpo do bebé e que essa migração aumenta a cada reutilização”.
Carlos Campos, que trabalha na indústria de reciclagem de resíduos urbanos, referiu, também em entrevista à RR, que o risco para a saúde pública não vem apenas dos biberões vendidos nas lojas chinesas. A ameaça estende-se a “muitos outros produtos”.
Para Carlos Campos, o problema vem essencialmente “da falta de controlo sobre a qualidade dos produtos que são importados do continente asiático. A Europa (…) deixa entrar no seu território produtos que não são sujeitos a controlos de qualidade comparáveis com os que são impostos aos europeus.”