A Casa da Música, no Porto, recebeu este sábado (dia 9) um concerto inédito. O rock português de Manel Cruz alinhou-se com o som da Orquestra Jazz de Matosinhos durante quase duas horas.
O concerto passou por pouco mais de uma dezena de músicas que viajaram pelo percurso de Manel Cruz. A lista incluiu os diversos projetos da carreira do músico: Ornatos Violeta, Pluto, Super-Nada e Foge Foge Bandido.
A Orquestra Jazz de Matosinhos (OJM) desconstruiu as músicas, perfeitamente ordenadas, por Manel, a que o público está habituado. O resultado foi um equilíbrio entre a voz do intérprete e os instrumentos, que testou a elasticidade das canções. “Mudem tudo, mudem o máximo de coisas que quiserem, não tenho qualquer tipo de pudor, virem a música do avesso. Porque acho que aí está a mais valia da coisa”, contou Manel Cruz numa entrevista à Casa da Música.
A OJM e Manel Cruz foram recebidos com uma intensa salva de palmas, na sala Suggia. Quando eu Morrer abriu o concerto que viria a ser tudo menos convencional, como referiu Manel na segunda música, Diz-me se Aprovas. “Não se precisa fazer as coisas como elas são convencionalmente feitas.”
Os passos desordenados e a teatralidade do músico não ficaram de fora do concerto. Acostumados a um Manel mais introspetivo, alguns fãs conheceram uma nova faceta do músico.
Era a vez de escolher O Caminho Certo para nele poder viajar até ao Invisível Mundo, do projeto Super-Nada. Foi ainda tempo de ouvir outros êxitos como Notícias do Fundo, Um Tempo para Sentir e Onan, o Rapaz do Presente. Esta última música, do projeto Foge Foge Bandido, nunca tinha sido cantada em palco. A complexidade que tem, por ser uma construção de estúdio, representava, até este sábado, um desafio para transpor para o palco.
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O público continuou a bater o pé ao ritmo dos músicos e a viagem pelo percurso de Manel continuou, agora com o artista em tronco nu. As Minhas Saudades Tuas, Não te Interessa Saber e Anedota foram as últimas canções da atuação. Chegado ao fim, o público aplaudiu de pé aquele que tinha sido um espetáculo inédito.
As ovações não pararam e a Orquestra e Manel voltaram a subir ao palco para mais duas músicas. A composição Jazz, já antiga, Off Minor, de Thelonious Monk, com letra de Manel Cruz, deram origem ao tema Conversas do Meu Corpo, que chegou oficialmente a palco. O concerto terminou com a conhecida Canção da Canção da Lua.
O concerto enquadra-se no Ciclo de Jazz e artistas como Maria Rita, Dee Dee Bridgewater, Mayra Andrade, Manuela Azevedo e Sérgio Godinho já foram convidados pela OJM. Este ano, foi a vez de Manel Cruz se estrear.
Os arranjos das canções ficaram a cargo dos músicos Carlos Azevedo, José Pedro Coelho, Paulo Perfeito, Pedro Guedes e Telmo Marques.
Manel Cruz vai estar no próximo dia 16 de junho, no festival Rock Nordeste, em Vila Real. O Music Valley, do Rock in Rio Lisboa, recebe o músico no dia 29 de junho.