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Foto: Francisco Aragão/Flickr

Dia Mundial do Teatro: 7 peças de teatro que vais querer (re)ler

No próximo dia 27 de março, celebra-se o Dia Mundial do Teatro

O teatro teve origem na Antiguidade Clássica, no século V. a.C., e era representado nos festivais anuais em honra de Dionísio, deus das festas e do vinho, e em jogos públicos, para divertimento do povo.

Os textos de teatro abordavam géneros específicos – a tragédia e a comédia – e, mais do que provocar o riso, serviam para distrair os populares das desgraças e criticar os costumes da sociedade.

Sófocles, Ésquilo e Eurípides, na tragédia, e Aristófanes e Plauto, na comédia, foram dos autores que mais se destacaram e influenciaram, posteriormente, os dramaturgos que se lhes seguiram.

Ao longo dos tempos, o teatro afirmou-se como um importante veículo de comunicação e transmissão de ideias sociais, culturais, políticas, económicas e educativas, evoluindo em termos de representação e géneros teatrais.

O objetivo primordial é despertar sentimentos e emoções nos espetadores, assumindo-se como um suplemento da vida, que mantém à distância o mal e a desgraça.

Paralelamente, pretende ainda apresentar em cena intrigas, com intuito pedagógico e moralizante, que levem à reflexão grandes questões do Homem e da sociedade: a educação, a dignidade humana, a religião, o respeito e a política.

A pensar nesta data, o Espalha-Factos deixa-te a sugestão de sete peças de teatro que não vais deixar de querer (re)ler para comemorar este dia dedicado a uma arte tão antiga e importante no desenvolvimento do ser humano: o teatro.

A Castro, de António Ferreira

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Foto: Fnac

A Castro é a primeira tragédia escrita em português dedicada ao amor vivido entre  D. Pedro de Portugal e Dona Inês de Castro.

Baseado em factos decorridos na cidade coimbrã, o dramaturgo constrói uma tragédia que conjuga formas classicistas com conteúdos modernos, assentes na estrutura formal, na utilização do coro, do mensageiro e dos confidentes e na abordagem do tema que adquire uma dimensão intemporal.

A peça ilustra, então, um conflito universal: a oposição entre o indivíduo e a sociedade, entre a norma e a paixão, entre o dever e o desejo.

Fnac | 4,14 euros 

Os Encantos de Medeia, de António José da Silva

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Foto: Amazon

Inspirada num dos mitos da Antiguidade Clássica, na obra Os Encantos de Medeia, o escritor centra a sua atenção na estadia de Jasão e dos Argonautas na ilha de Colcos, para roubarem o velo de ouro.

Com o intuito de conquistar o velo de ouro, Jasão embarca com destino à região Cólquida.

Quando chega à ilha, consegue despertar duas paixões, Medeia e Creúsa, respetivamente filha e sobrinha do rei. Louca de paixão, Medeia tenta ajudá-lo a concretizar o seu objetivo.

Porém, Jasão, vendo-se em poder do tesouro, foge com Creúsa. Sentindo-se traída, Medeia lança contra os amantes uma enorme tempestade que os obriga a regressar à ilha de Colcos.

O rei mostra-se bastante ofendido por Medeia o ter roubado, casa Jasão com a sobrinha e dá-lhe o poder sobre o reino.

Angustiada, a princesa desaparece.

Fnac | 71,27 euros 

Hamlet, de William Shakespeare

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Foto: Wook

Na peça Hamlet, William Shakespeare descreve o processo de amadurecimento de um jovem príncipe, cujas descobertas são ainda muito pueris.

Quando se apercebe da dimensão do tempo e da morte, adquire uma responsabilidade individual, perturbada com o poder que se lhe opõe.

Essa dicotomia responsabilidade / poder leva-o a momentos de reflexão que contribuem para o seu desenvolvimento pessoal, tornando-se um adulto exemplar, o que confere um carácter simbólico a toda a peça shakesperiana.

Wook | 16 euros

Antes que a noite venha, de Eduarda Dionísio

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Foto: Wook

A peça Antes que a noite venha recupera quatro personagens de outras tantas obras, que se revelam numa roupagem interior.

Antígona e Medeia, duas heroínas da tragédia grega, intervêm ao lado de Castro e de Julieta, símbolos de uma vivência trágica de amor e de morte.

Num mundo pessoal e doméstico, assistimos a quatro monólogos femininos, onde cada protagonista dirige a sua fala a um ser ou objeto específicos.

Eduarda Dionísio baseia-se em textos antigos, com distanciamento crítico, retirando às heroínas o nível de destaque próprio das tragédias clássicas e dando-lhes mais humanidade.

Wook | 9 euros

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Os Contos da Peste, de Mario Vargas Llosa

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Foto: Dom Quixote

Os Contos da Peste é uma obra dramática inédita, inspirada no grande clássico da literatura Decamerón, baseada na reunião de uns jovens numa moradia nos arredores de Florença, que contam histórias uns aos outros para se entreterem enquanto a peste assola a cidade.

Uma peça de teatro marcada pelo humor, pelo poder da imaginação e pelo amor – desde o amor cortês idealizado ao carnal – e pelas relações entre classes sociais.

Esta é uma recriação exímia de um clássico da literatura europeia, assente na luxúria e na sensualidade exacerbadas pela sensação de crise, do abismo aberto e do fim do mundo.

Fnac| 14,32 euros

O Rancor – Exercício sobre Helena, de Hélia Correia

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Foto: Relógio D’Água

A personagem Helena é uma das mais célebres de toda a mitologia clássica, tendo servido como mote, pela sua natureza universal, para a elaboração de diversas obras literárias, icono e cinematográficas.

Inspirada na história da mulher mais bela da Grécia, Hélia Correia cria uma peça, marcada pela riqueza e complexidade no registo discursivo. A escritora utiliza uma linguagem que avança a um ritmo nervoso, com elipses, parataxes e anacolutos.

Todo o texto é marcado por um discurso expressivo, que gosta de palavrões, de interjeições, com traços de naturalidade e transparência do nosso dia-a-dia, que procura chamar a atenção para o que está a ser narrado e pretende demonstrar a realidade.

Através de todos estes artifícios linguísticos, Hélia Correia dá-nos a conhecer a sua versão do mito de Helena.

No entanto, apesar de todas as subversões por ela inscritas, a verdade é que conseguimos extrair da narrativa aquilo que a memória coletiva legitima como sendo parte do mito da rainha de Esparta, suscitando novas ideias e lições por aquilo que foi acrescentado.

Cada personagem adquire um novo papel e uma nova biografia, que aceita defender até ao fim com toda a legitimidade, dando importância a esta farsa vivida.

Hélia Correia introduz reminiscências de um outro género literário, como a farsa, terminando a peça com uma espécie de teatro dentro do próprio teatro, isto é, em myse-en-abyme, através da subversão de toda a história.

A autora humaniza a rainha de Esparta, mostrando-nos tanto os seus pontos fortes quanto a sua fragilidade. Partindo dos testemunhos literários conhecidos, a autora reescreve o mito de Helena, adaptando-o à sociedade atual e apresentando uma nova perspetiva.

Paralelamente, demonstra a superioridade da mulher em detrimento da força masculina, agora reduzida e tantas vezes caricaturada, pretendendo provar que a situação degradante a que se sujeitavam as mulheres na Grécia Antiga está já ultrapassada e que atualmente elas não são submissas aos homens, emancipando-as com uma identidade própria.

Fnac| 8,60 euros

Estrangeiras, de José Luís Peixoto

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Foto: Fnac

Nesta peça, o escritor conta a história de três mulheres, chegadas de diferentes espaços da lusofonia e que, ao tentarem entrar nos Estados Unidos, são obrigadas a ficar juntas durante algumas horas numa sala da polícia de fronteira do aeroporto.

Esses momentos de espera e de incerteza refletem a personalidade, o caráter e a essência de cada uma delas.

Este texto teatral de José Luís Peixoto é um espelho dos diversos lugares de uma identidade e património de referências, espalhados pelo mundo, mostrando a sua riqueza, os seus problemas, as suas contradições e os seus preconceitos.

Fnac| 15 euros

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