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David Pinheiro Vicente, um português na Berlinale 2018

O Espalha-Factos teve a oportunidade de falar com David Pinheiro Vicente, realizador que, com 21 anos, leva a sua curta-metragem, Onde o Verão Vai (episódios da juventude), à competição oficial do Festival Internacional de Cinema de Berlim, a decorrer de 15 a 25 de fevereiro.

Onde o Verão Vai (episódios da juventude) é o resultado da primeira incursão de muitos dos seus intervenientes no mundo do cinema. O filme foi produzido e desenvolvido na totalidade em contexto escolar, por alunos da Escola Superior de Teatro e Cinema. A curta-metragem procura falar da “frescura da juventude”, do “desejo de se descobrir a si próprio” e “daqueles que caminham sem rumo”. Discutimos com o seu realizador temáticas relacionadas com a produção do filme, as suas dificuldades e a sua visão sobre o cinema português.
Espalha-Factos: Onde o Verão Vai (episódios da juventude) é um projeto totalmente produzido em contexto escolar. Como surgiu a ideia para o filme?

David Pinheiro Vicente: Surgiu a partir de várias ideias que já tinha e que já tinha vindo a trabalhar, ou melhor, a tentar trabalhar, até então, em particular sobre a juventude ou sobre ser jovem e sobre a sexualidade. Ao mesmo tempo, surge com o trabalho que é feito com a equipa do filme, que sempre teve um papel ativo em todo o processo.

EF: Onde o Verão Vai (episódios da juventude) foi a primeira produção para muitos dos seus participantes. Quais foram os maiores desafios no desenvolvimento do filme?

DPV: Eu acho que cada membro da equipa teve os seus desafios específicos. Para mim, o maior seria trabalhar com atores, dirigir atores. Ao mesmo tempo, foi por nunca ter feito que foi tão interessante. Mas tal como este poderia falar de outros que existem sempre.

EF: Qual a sensação de com apenas 21 anos levar uma curta-metragem a um grande festival europeu?

DPV: É assustador… mas é também muito fixe. Acho que é a sensação de ter conseguido fazer alguma coisa que interesse e que seja boa.

EF: O projeto, inicialmente desconhecido, atraiu já muitas atenções dentro e fora do país. Esta é prova da importância dos movimentos mais jovens para o cinema português? Se sim, acha que há em Portugal espaço para vozes mais jovens?

DPV: Acho que esta importância tem-se vindo a verificar e a sedimentar-se ao longo de vários anos em que filmes portugueses feitos por jovens têm tido uma exposição internacional, em festivais e não só. Temos mostrado cada vez mais filmes muito bons e muito bonitos feito por jovens, vários deles feitos por alunos da Escola de Cinema, que são prova desses movimentos.

Penso que tem sido cada vez mais difícil haver espaço para qualquer voz, mas espero que sim.

EF: Onde se enquadra Onde o Verão Vai (episódios da juventude) no panorama de cinema português?

DPV: Penso que se enquadra precisamente em filmes feitos ainda muito jovens que conseguem uma exposição internacional interessante.

EF: Considera existir uma representação precisa ou, talvez mais importante ainda, justa dos jovens na ficção portuguesa?

DPV: Eu penso que existe, existe muito pouco, mas existe.

“(…) tento dizer alguma coisa sobre quão confusa e às vezes assustadora a sexualidade humana, ou o desejo, são.”

EF: A frescura da juventude que Onde o Verão Vai (episódios da juventude) afirma querer explorar é de alguma forma um “manifesto” às gerações atuais e às suas condições/experiências de vida? Qual a contribuição do filme para a representação destas mesmas gerações?

DPV: Acho que se isso existir no filme, existirá quando tento dizer alguma coisa sobre quão confusa e às vezes assustadora a sexualidade humana, ou o desejo, são. Penso que queria reflectir também sobre o imaginário católico e como é peculiar crescer ou ter determinadas experiências num sítio tão natural e, de alguma maneira, quase perdido. São aspectos ou experiências de uma geração que eu conheço.

EF: Após a nomeação para o Festival de Cinema de Berlim há portas que se tenham aberto? Já existem projetos futuros em mente?

DPV: Gostaria que o filme fosse mostrado no máximo de sítios e plataformas diversas; é o meu desejo que seja visto e que possa provocar conversas ou discussões interessantes. E espero que sim, possa desenvolver novos projetos no cinema.

Onde o Verão Vai (episódios da juventude) terá a sua primeira projeção no Berlinale no próximo dia 18 de fevereiro.

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