Mais um episódio de The Assassination of Gianni Versace em que nenhum dos membros da família Versace aparece, o que não significa obrigatoriamente que tenha sido um mau episódio. House by the Lake, o quarto episódio da segunda temporada de American Crime Story, estreou no canal FX no dia 7 de fevereiro. Em Portugal, a série é exibida na FOX.
No estado de Minnesota, Andrew Cunanan parece manter alguma espécie de relação com o arquiteto David Madson (Cody Fern). Não percebemos bem se são colegas de casa, se estão apaixonados ou se simplesmente são uma companhia agradável um para o outro. Contudo, há um pequeno problema: David está perdidamente apaixonado por Jeff (Finn Wittrock).
Por ciúme e pura volúpia, Andrew assassina Jeff a sangue frio com um martelo, perante o olhar em choque de David. De modo a tentar poupar a sua própria vida, Madson decide fugir com o assassino e deixar a sua vida para trás, pouco tempo antes de a polícia chegar ao local e começar a investigar o caso.
David é, desde início, uma personagem cativante: com gosto para a decoração, um arquiteto dedicado e sensível que luta subtilmente contra a mentalidade retrógrada da época em que vive. Num flashback, assistimos a um momento entre David e o seu pai, numa casa de madeira à beira de um lago, no qual o pai claramente adora o filho do fundo do coração.
Enquanto a polícia identifica o corpo de Jeff e o associa à loucura de crimes cometidos por Cunanan, este último e David estão rumo ao México, com intenções de começar uma vida nova. Obviamente, David está em ‘modo salvamento’ e amedrontado da cabeça aos pés. No entanto, Andrew, no meio da sua psicopatia, parece realmente nutrir sentimentos por ele.
Durante a viagem, há duas paragens que se tornam em destaques do episódio. A primeira é quando David se reencontra com o seu pai e admite a sua homossexualidade. Embora não seja a favor de tal novidade, o homem admite que ama o filho acima de tudo e que nada mudará dali em diante. Oxalá todos fossem assim.
Num pequeno bar à beira da estrada, a dupla assiste a uma versão acústica maravilhosa de “Driver”, interpretada pela cantora Aimee Mann, ex-vocalista da banda ‘Til Tuesday. Neste momento, embora David tenha oportunidade para escapar, escolhe não o fazer: ele ainda tem esperança de salvar Andrew do seu desvio, enquanto este último claramente quer apenas alguém ou algures a que possa chamar “casa”.
No entanto, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Quando David tenta racionalizar a situação e entregar-se à polícia, Andrew mata-o a tiro. Na cena seguinte, David está de volta à cabana de madeira, a beber um copo de chá com o seu pai, num momento que representa o eterno descanso.
É aqui que nós sabemos que um episódio foi bem conseguido: quando personagens passageiras, que nunca mais voltaremos a ver, conseguem transmitir-nos uma história poderosa através de simples detalhes. E dói ainda mais pensar que certos obstáculos que aqui vemos no início dos anos 90 ainda hoje perduram.
NOTA: 8/10