A noite de quarta-feira (17) foi de mais uma polémica no Twitter. Em plena época das cerimónias de prémios de Hollywood, o presidente dos Estados Unidos decidiu acrescentar mais um galardão à lista – os Fake News Awards.
A ideia foi “condecorar” os meios de comunicação americanos mais “corruptos e desonestos“. O anúncio foi feito no Twitter de Trump com um link para o site do Comité do Partido Republicano (GOP).
A lista dos laureados inclui 10 histórias jornalísticas publicadas por meios de comunicação considerados de referência. A ‘grande vencedora da noite’ foi a CNN, referida quatro vezes, seguida pelo The New York Times, com duas referências. Os restantes vencedores foram a Newsweek, a TIME, o Washington Post e a ABC. Todos os premiados tinham já sido anteriormente atacados pelo presidente.
Destacando com maiúsculas em tom acusatório a palavra “FALSAMENTE“, a lista inclui alguns dos casos mais polémicos de 2017. Na maioria dos casos, o Presidente alega que os jornalistas publicaram informações incorretas ou inexatas sobre a administração Trump.
O jornal britânico Telegraph publicou esta manhã um Fact-check das alegadas notícias falsas premiadas por Trump. A artigo explicita que a maioria dos histórias foram erros jornalísticos devidamente retratados e corrigidos ou títulos sensacionalistas reproduzidos fora de contexto.
Desde a publicação do tweet, Trump tem sido alvo de fortes críticas. Os “Fake News Awards” estão a ser vistos como uma nova tentativa por parte do presidente dos EUA de debilitar a imprensa livre e minar a autoridade dos media que revelaram informações críticas sobre si.
Os prémios mais adiados e polémicos da temporada
A primeira vez que o 45.º presidente dos EUA mencionou a ideia dos “Fake News Awards” foi a 27 de novembro de 2017. Na sua rede social favorita, Trump publicou um tweet expressando a ideia de um concurso para descobrir qual das cadeias noticiosas (excluindo a FOX) é a “mais desonesta, corrupta e/ou distorcida na sua política de cobertura sobre o vosso Presidente preferido (eu)“.
A 5 de dezembro de 2017 foi tornado publico um link para o GOP que dava a oportunidade aos Americanos de votarem nos media mais falsos. Com o título “Coroa o Rei das Fake News”, a votação incluía três erros jornalísticos para o qual os eleitores deviam votar em três categorias: “Fake news”, “Faker news” e “Fakest news”.
A data anunciada para os Fake News Awards era 8 de janeiro. Contudo, nesse mesmo dia, Trump tweetou novamente a adiar a data devido ao facto de o “interesse, e importância, destes prémios é bem maior do que alguém podia ter antecipado”.
https://twitter.com/realDonaldTrump/status/950103659337134080
Finalmente, esta quarta feira Trump publicou finalmente os “premiados”.
https://twitter.com/realDonaldTrump/status/953794085751574534
O anúncio não teve contudo o impacto inicial esperado. O link que estava direcionado para a página do GOP não funcionou, o que levou vários utilizadores do Twitter a gozarem com situação e criticarem o presidente.
Os prémios têm também sido fortemente criticados dentro do próprio Partido Republicano. No Twitter, o antigo Secretário de Imprensa afirmou que “esta técnica de Trump não está a ajudar ninguém“. Já o Senador do Arizona acusou Trump de atacar a liberdade de imprensa e comparou-o com Estaline, o ditador soviético.
As reações mais engraçadas
Desde que foi anunciada a primeira data para os Fake News Awards que os media americanos reagiram e contra-atacaram. Vários comediantes entraram na competição para os Trumpies ou Fakies, como apelidaram o prémio.
O primeiro foi Stephen Colbert, do Late Night Show. O comediante comprou um billboard na Times Square, umas das praças mais importantes de Nova York. No Twitter, Colbert publicou ainda um anúncio e dirigiu-o Trump, submetendo-o “para sua consideração“.
Samantha Bee quis competir com Colbert. A apresentadora de Full Fontral também se dirigiu a Trump no Twitter.
Nice try @colbertlateshow and @TheDailyShow, but we’re sweeping the #Dishonesties this year. (P.S. @realdonaldtrump, how about a female host next time?) pic.twitter.com/dAhE5epA4D
— Full Frontal (@FullFrontalSamB) January 4, 2018
Também Trevor Noah do The Daily Show quis entrar na corrida. Noah comprou um anúncio de página inteira no The New York Times e publicou um anúncio de ataque a Bee e Colbert.
The Daily Show is running a full page Oscar-style “For Your Consideration” ad in the New York Times today, aimed at winning President Trump’s upcoming dishonest media awards… pic.twitter.com/iVO8avtPlE
— Eamon Javers (@EamonJavers) January 5, 2018
Jimmy Fallon optou por uma abordagem diferente. O apresentador do The Tonight Show emitiu uma paródia da cerimónia no seu programa.
Jimmy Kimmel teve a mesma ideia e emitiu o suposto discurso de aceitação do prémio por parte de um dos principais pivôs da CNN…