Gonçalo M. Tavares venceu o Prémio Vergílio Ferreira 2018, atribuído anualmente pela Universidade de Évora (UE), na passada quinta-feira, dia 21.
O vencedor do galardão foi decidido durante uma reunião do júri do prémio, presidido pelo professor da UE, Antonio Sáez Delgado, e constituído ainda pelo escritor João de Melo, pela crítica literária Maria da Conceição Caleiro e pelas professoras Ângela Fernandes e Cláudia Afonso Teixeira.
Considerado um dos escritores contemporâneos mais criativos, o júri decidiu premiar Gonçalo M. Tavares pela «originalidade da sua obra ficcional e ensaística, marcada pela construção de mundos que entrecruzam diferentes linguagens e imaginários, afirmando-o como um dos autores de língua portuguesa mais criativos da atualidade», segundo comunicado da UE.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, congratulou Gonçalo M.Tavares, que considera ser um dos mais jovens e promissores escritores da literatura portuguesa. Salienta, ainda, que a sua obra «abrange todos os géneros (romance, conto, ensaio, teatro, poesia, literatura para crianças) mas que a todos subverte com uma galeria de personagens, enredos e obsessões que são ao mesmo tempo decantados de toda a literatura universal, particularmente a literatura europeia contemporânea, e eminentemente pessoais», segundo nota publicada na página oficial da Presidência da República.
O Prémio Vergílio Ferreira
O Prémio Vergílio Ferreira 2018, atribuído pela Universidade de Évora, visa galardoar uma obra literária de narrativa e/ou ensaio da autoria de escritores de língua portuguesa.
O prémio, instituído pela Universidade de Évora em 1996, distingue, anualmente, o conjunto da obra literária de um autor de língua portuguesa, relevante no âmbito da narrativa e/ou ensaio.
As propostas a concurso devem ser oriundas de universidades em que se desenvolvam estudos de Literaturas e/ou Culturas Lusófonas ou de instituições culturais relevantes nesses âmbitos. Nesta edição, foram apresentadas candidaturas por instituições de Portugal, Brasil, Espanha, Itália e Colômbia.
O Prémio Vergílio Ferreira já galardoou diversas figuras do panorama literário português.
Pela primeira vez, foi atribuído a Maria Velho da Costa.
Seguiram-se, entre outros escritores, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Agustina Bessa Luís, Vasco Graça Moura, Mário Cláudio, Luísa Dacosta, José Gil, Hélia Correia, Lídia Jorge e João de Melo.
Na última edição, em 2017, foi distinguida a escritora Teolinda Gersão.
Sobre o autor
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970, em Luanda.
Tem 47 anos e é professor de filosofia na Universidade de Lisboa.
Desde 2001, publica romances, contos e poemas, livros de literatura para a infância e peças de teatro.
É considerado um dos escritores mais traduzidos da literatura portuguesa.
Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro e radiofónicas, dança, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, ópera, performances, projetos de arquitectura e dissertações académicas.
Este ano, publicou o seu primeiro livro sobre o universo das mitologias, intitulado A Mulher-sem-cabeça e o Homem-do-mau-olhado.
Uma Viagem à Índia recebeu, entre outros, o Grande Prémio de Romance e Novela APE 2011.
Ao longo da sua carreira literária, o autor já recebeu diversas distinções, em Portugal e no estrangeiro: Prémio Telecom de Literatura em Língua Portuguesa, no Brasil (2007 e 2011), Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália), Prémio Belgrado 2009 (Sérvia), Grand Prix Littéraire du Web – Culture (França, 2010), Prix du meilleur livre étranger (França, 2010), e o Prix Littéraire Européen (2011).
Foi também por diversas vezes finalista do Prix Médicis e Prix Femina.
Entrega do prémio
No valor de quatro mil euros, será entregue no dia 1 de março de 2018 — dia em que se assinala o aniversário da morte do seu patrono —, com a cerimónia a decorrer na academia alentejana e que contará com intervenções do premiado, do júri e da reitora da Universidade de Évora.