Medeia, com música original de Mário Laginha, tem estreia marcada para o dia 22 de fevereiro, no Teatro Ibérico, em Lisboa. A peça, uma criação da Companhia João Garcia Miguel, marca o início da temporada de espetáculos de 2018.
Baseada na tragédia homónima de Eurípides, que imortalizou a história de Medeia e que suscitou interesse por parte de outros escritores e de outras formas de arte, a peça coloca em evidência questões fundamentais presentes no texto original.
A barbárie, o amor e o ódio, a desmesura, a superioridade feminina, a cura, a sabedoria, o poder político e social são aspetos que fazem desta uma obra com «uma atualidade e pertinência que permite refletir sobre a diminuição do poder simbólico no mundo contemporâneo», explicou a companhia ao Notícias ao Minuto, na apresentação do espetáculo.
Esta tragédia aborda «uma questão central sobre os protagonistas da História e a vida dos indivíduos», o que se revela de extrema importância «na abordagem da obra, em busca das sombras que nos moldam o ser».
Medeia segue o desenvolvimento euripidiano do mito. Centra-se em certos traços característicos do episódio da feiticeira de Cólquida na cidade de Corinto, nomeadamente o conflito existente com Jasão, devedor do seu amor e da aventura do velo de ouro, o seu estatuto de bárbara no mundo grego, e a natureza violenta e desmesurada que conduz ao filicídio.
O espetáculo mostra-nos a protagonista dotada de poderes mágicos, refugiada na cidade de Corinto, num espírito apaixonado. Esta planeia um estratagema de vingança quando vê o seu amor obsessivo ameaçado pela traição do Argonauta, que quebra os juramentos e a abandona.

O elenco
Medeia conta com um vasto elenco constituído por nomes habituais do teatro nacional. Sara Ribeiro e David Pereira Bastos são alguns dos atores que fazem parte deste projeto.
A direção e a encenação é de João Garcia Miguel, que assina também a cenografia, e a música está a cargo de Mário Laginha.
Sobre a heroína grega
A história de Medeia está relacionada com a viagem dos Argonautas, dirigida por Jasão.
Depois do seu tio Pélias subir ao trono, é a Jasão que lhe é pedida uma grande prova considerada impossível: recuperar a pele de um carneiro sagrado que se encontrava na Cólquida, um país da parte mais oriental do mundo.
Jasão empreendeu a longa viagem em companhia de muitos heróis e tiveram de enfrentar grandes obstáculos.
Quando estes desembarcaram na Cólquida, para conquistar o Velo de Ouro, eles tiveram de enfrentar a hostilidade do rei Eetes, guardião do precioso tesouro.
Receberam, entretanto, o auxílio de Medeia, a filha do rei, que se apaixonara por Jasão.

Especialista nas artes da magia, a jovem deu ao amante uma loção, com a qual o herói devia untar todo o corpo, para assim se proteger das chamas do dragão que vigiava o Velo de Ouro.
Ofereceu-lhe, ainda, uma pedra, que ele atirou para o centro dos homens armados, que tinham nascido dos dentes do dragão; rapidamente, os guerreiros começaram a lutar, matando-se uns aos outros e o herói pôde, dessa forma, apoderar-se do Velo.
Como forma de agradecimento, Jasão concedeu a Medeia o título de esposa.
Deste modo, a feiticeira fugiu com ele e para evitar a perseguição de Eetes, despedaçou o próprio irmão Absirto, cujos membros ensanguentados espalhou ao longo do caminho.
Chegada a Iolco, na Tessália, foi recebida com grandes honras.
Por amor a Jasão, ela entregou-se a todo o tipo de crimes.
É, então, que incita as filhas de Pélias a matarem o próprio pai, sob o pretexto que o rejuvenesceriam, cortando-o em pedaços e atirando-o para uma caldeira de água a ferver.
Mais tarde, Jasão e Medeia acabam por se refugiar em Corinto, onde a maga deu à luz dois filhos, Feres e Mérmero.
Um amor de pouca duração
Após alguns anos de felicidade, Jasão decidiu contrair núpcias com Glauce, filha do rei Creonte, e abandonou Medeia.
Para se vingar, esta acaba por enviar uma túnica envenenada à princesa e por assassinar os filhos de ambos. Depois destes crimes, Medeia fugiu para Atenas num carro atrelado por dois dragões alados e desposou o rei Egeu, de quem teve um filho.
Banida por Teseu, que tentara em vão matar, voltou, por fim, para junto do pai, na Cólquida.
Onde e quando podes ver Medeia
A peça sobe ao palco do Teatro Ibérico, em Lisboa, de 22 a 24 de fevereiro e de 28 de fevereiro a 3 de março, às 21h30.
Os bilhetes estão disponíveis nos locais habituais e têm um custo de 10 euros.