Já vamos quase a meio do outono e o frio finalmente já se faz sentir. Começa a chegar a altura de acender a lareira para afugentar as baixas temperaturas e não há nada melhor que um livro para nos acompanhar neste aconchego especial.
Precisamente a pensar nisso, o Espalha-Factos elaborou uma lista de dez livros perfeitos para leres no conforto do teu lar, sentado ao calor da lareira.
A Vida num Sopro, José Rodrigues dos Santos
Neste romance escrito pelo prestigiado jornalista da RTP, José Rodrigues dos Santos, seguimos a história da vida de Luís, estudante idealista, proveniente de terras transmontanas, ao longo do século XX.
O tema central é o seu amor e o de Amélia, rapariga pela qual se apaixona desde os tempos de liceu. Contudo, este relacionamento vai ser posto constantemente à prova, das mais diversas maneiras e num intrincado emaranhado de histórias.
Perpendicularmente, vão sendo retratadas outras histórias, como, por exemplo, a da guerra civil espanhola, que decorria na mesma altura.
“Através da história de uma paixão que desafia os valores tradicionais do Portugal conservador, este fascinante romance transporta-nos ao fogo dos anos em que se forjou o Estado Novo.“
O Estilete Assassino, Ken Follet
Escrito de maneira a ser ligo de um forma empolgante, este livro retrata a história de um agente secreto (o melhor) de Hitler com o nome de código Agulha, que utiliza um estilete nos seus assassinatos. A semanas de acontecer o desembarque militar aliado em França, apenas Agulha o pode travar, é ele a última e única esperança dos alemães.
A par desta história vão sendo retratadas, essencialmente, mais duas: a de Lucy (e o seu noivo David), casados recentemente mas a quem um acidente fez com que o seu casamento se tornasse apenas uma aparência; e a de Percival Godliman, professor de história, recrutado para o MI5 pela sua inteligência e a quem será dada a missão de apanhar o calculista espião alemão.
O livro já foi adaptado para cinema, em 1981.
Dissolução, C. J. Sansom
E que tal uma visita a um mosteiro gelado na costa sul de Inglaterra, no ano de 1537, enquanto estás ao quentinho da lareira? É mesmo isso que a leitura do livro Dissolução te proporciona.
Na altura, Inglaterra dividia-se em dois grupos, os fiéis à Igreja Católica e os que são fiéis à nova Igreja Inglesa. Após a morte de um comissário num mosteiro em Scarnsea, Matthew Shardlake, “o corcunda mais perspicaz dos tribunais de Inglaterra”, é convocado por Thomas Cromwell, vigário-geral de Henrique VIII, para proceder às investigações.
Longe de ser um ‘pseudo-plágio’ mas fazendo lembrar o Nome da Rosa, de Humberto Eco, este é um romance histórico capaz de nos transportar até a uma época longínqua de uma forma mais leve e de mais fácil leitura.
Caim, José Saramago
O último livro do único prémio Nobel da Literatura português, é um dos dois livros do autor (juntamente com o Evangelho segundo Jesus Cristo) que aborda o tema da bíblia cristã. Ao longo da obra, Saramago faz um interpretação irónica e irreverente da bíblia.
Começando com a história de Adão e Eva até à sua expulsão do Éden, Saramago centra-se, após isso, em Caim. Desde a morte do irmão de Caim, Abel, até ao que seria a sua “vingança contra Deus”, Caim interage com diversas personagens bíblicas, tais como Noé, Abraão, Moisés, Josué, entre outros.
“A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós, nem nós o entendemos a ele.”
O Natal de Poirot, Agatha Christie
Quando consideramos livros de mistério/crime é quase obrigatório pensarmos nos em Agatha Christie, e como tal, aqui está um livro da Duquesa da Morte, e por sinal, bem adequado ao tempo frio. Originalmente publicado em 1938, O Natal de Poirot é mais uma obra em que figura, tal como o título indica, o detetive belga Hercule Poirot.
Um patriarca multimilionário e opressivo, uma família (finalmente reunida) cheia de ressentimentos, alterações no testamento… A conjetura está bastante propícia para um mistério à moda de Agatha Christie. Após o patriarca, Simeon Lee, ser encontrado morto com a garganta cortada, jazido numa poça de sangue, num quarto fechado por dentro, Poirot é chamado a desvendar o caso.
Obra ideal para ser lida nos dias de frio e chuva, no aconchego de casa e da lareira.
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As Minas de Salomão, Rider Haggard
Publicado originalmente em 1885, As minas de Salomão é um clássico bestseller escrito pelo escritor de aventuras da era vitoriana, Henry Rider Haggard. Na obra, é narrada uma jornada ao coração do continente africano, repleta ação e peripécias, por parte de um grupo aventureiro liderado por Allan Quatermain, em busca das lendárias minas de Salomão que se dizem repletas de tesouros inimagináveis.
Com uma escrita simples e acessível, este romance é considerado o percursor do género literário ‘mundo perdido’, no qual se descobre um novo mundo.
Eragon, Christopher Paolini
Ao calor da lareira, uma das melhores opções é ‘emigrar’ para um mundo completamente novo, começar uma jornada num sítio desconhecido e completamente diferente. É essa possibilidade que nos é oferecida por Eragon, primeiro livro do Ciclo da Herança, coleção de quatro volumes.
A história é centrada num rapaz camponês, Eragon, que encontra uma misteriosa pedra azul nas montanhas que, posteriormente, se vem a revelar como um ovo de dragão, do qual eclodirá Saphira.
Eragon fica então em contacto com um legado tão antigo como o próprio Império. De um dia para o outro a sua vida muda completamente e o jovem vê-se num mundo repleto de perigos, magia e poder. Perante um legado tão antigo como o próprio Império, Eragon terá de estar à altura do desafio.
“Conseguirá Eragon alcançar a glória dos lendários heróis da Ordem dos Cavaleiros do Dragão? O destino do Império pode estar nas suas mãos…“
A Desilusão de Deus, Richard Dawkins
Se por outro lado a preferência literária recair em livros mais ‘sérios’, a nossa escolha recai em A Desilusão de Deus, da autoria do biólogo e escritor Richard Dawkins.
Numa altura em que a religião tem dado muito que falar, esta obra é um bom ponto de partida para uma melhor documentação sobre o assunto. Sempre de forma muito clara e concisa, o autor deixa sempre bem claro aquilo que pensa.
Dawkins faz uma reflexão científica sobre a existência de Deus, pondera a ideia de que a moral só pode existir associada à religião, analisa o papel dos regimes laicos na pacificação da sociedade, sem deixar de caracterizar devidamente o Estalinismo e o nazismo, indaga sobre a intolerância religiosa, referindo-se em particular à hostilidade das religiões à homossexualidade, ao modo de vida das sociedades mais abertas, à ciência e às religiões minoritárias.
“Obra retumbantemente polémica, acusada de superficialidade unilateral e fundamentalismo cientificista, tem a pretensão de tornar ateus todos os seus leitores religiosos. Optimismo presumido e ingénuo, obrigará, de qualquer modo, os crentes a mais lucidez.”
O Pintor Debaixo do Lava-Loiças, Afonso Cruz
Desenganem-se aqueles que pensam que o título é puramente metafórico. A história é exatamente sobre um pintor que, a certa altura, viveu realmente debaixo de um lava-loiças em Portugal.
O autor pegou na história da sua própria família, os seus avós, que acolheram um refugiado da Segunda Guerra Mundial, um pintor eslovaco e judeu, e escreveu uma história à volta desta personagem.
“A liberdade, muitas vezes, acaba por sobreviver graças a espaços tão apertados quanto o lava-loiças de um fotógrafo.“
Ao Fechar a Porta, B. A. Paris
Este é um livro que nos consegue tirar o sono e fazer-nos ficar agarrados a folhear cada página, ávidos pelo desfecho da história. Publicado este ano, é a obra de estreia da até agora desconhecida autora franco-irlandesa, B. A. Paris. O livro tem sido bem recebido pela crítica literária.
A obra começa por nos apresentar Jack e Grace, o casal perfeito, num jantar com amigos, onde tudo é maravilhoso. Mas desde o início que sentimos que algo não está bem, que não encaixa. A partir daí é sempre uma descoberta, à medida que vamos descortinando a dimensão do terror daquele tenebroso relacionamento.