Girlboss, série televisiva lançada em abril deste ano e inspirada na história verídica da ascensão da irreverente e controversa CEO da empresa Nasty Gal, Sophia Amoruso, acaba de ser cancelada depois de apenas uma temporada.
Girlboss junta-se assim a outras produções da Netflix recentemente terminadas, como The Get Down e, para desânimo dos fãs, Sense8.
A série contava-nos a história de Sophia Marlowe (Britt Robertson), uma rapariga irreverente, petulante, tenaz mas algo desajustada que, entre os altos e baixos e as reviravoltas inesperadas da verdadeira “montanha-russa” que era a sua vida desperta para uma paixão incessante pela moda.
Paixão essa que a leva, primeiro, a negociar e posteriormente vender online (através do eBay) peças de roupa vintage previamente compradas em lojas de segunda-mão e, à medida que o negócio vai dando frutos, a lançar a sua própria linha de roupa e loja online.
Algures pelo caminho, Sophia acaba por se tornar uma mulher de negócios e a chefe não só do seu império de venda de roupa online como da sua própria vida, outrora tão fora dos eixos.
Girlboss contava, na sua equipa de produção executiva, com a própria Sophia Amoruso, que oferecia um testemunho em primeira mão de um percurso repleto de peripécias e controvérsia que já havia exposto no seu livro, com título homónimo ao da série que na sua história se inspirou.
Amoruso viveu a sua adolescência rebelde no limite, viajando à boleia e sem rumo, roubando descaradamente em várias lojas e revirando contentores do lixo. Após períodos de quase falência, desemprego e trabalhos medíocres esporádicos, Sophia começou a vender roupa e…oito anos depois, era a fundadora, directora artística e CEO da Nasty Gal, uma empresa que actualmente move milhões de dólares por ano.
Há-que separar, contudo, os factos da ficção. Reconheciam-se algumas diferenças entre o enredo da série e a história que é contada no livro de Amoruso, contudo, olhando a produção televisiva como um todo, é evidente que esta manteve uma considerável proximidade à história real.
Por exemplo, logo nos primeiros episódios, vemos uma cena em que Sophia Marlowe (Robertson) compra um blusão vintage raríssimo por apenas 8$ numa loja comum, que posteriormente vende por mais de 1000$ – uma travessia feita, na realidade, por Amoruso.
Algo que a série e o livro que lhe deu origem (em título e em conteúdo) têm em comum é o facto de porem a claro os diversos factores (lícitos e ilícitos) que conduziram às múltiplas batalhas legais da empresa e à sua eventual bancarrota.
Segundo a revista Variety, Sophia Amoruso anunciou aos seus seguidores que Girlboss tinha sido cancelada através do Instagram Stories. Amoruso escreveu: “Com que então aquela série da Netflix sobre a minha vida foi cancelada. Embora esteja orgulhosa do trabalho que fizemos, estou ansiosa por poder controlar a minha narrativa daqui em diante”.
Quanto ao cancelamento de Girlboss, o director de conteúdos da Netflix, Ted Sarandos, não se alongou muito, dizendo apenas: “Um programa grande e caro para um público grande e amplo é excelente. Um programa grande e caro para um público mais pequenino é difícil (…)”.
A série pode não ter perseverado junto do público e da crítica (tendo ambos revelado pouca receptividade à produção da Netflix que, desde a estreia, tem vindo a baixar a pique os seus níveis de popularidade), mas não obstante a controvérsia, reviravoltas, problemas legais e financeiros de outrora, a Nasty Gal continua de pé. A marca, cujo nome tem inspiração na icónica Betty Davis, uma das divas da música soul e funk dos anos 60 e “santa padroeira das mulheres badass”, continua ainda hoje a vestir mulheres em várias partes do mundo.