O escritor luso-angolano José Eduardo Agualusa recebeu esta quarta-feira, o International DUBLIN Literary Award, pelo seu romance A Teoria Geral do Esquecimento.
O prémio literário de Dublin é gerido pelas Bibliotecas Públicas de Dublin, com o apoio da autarquia da capital irlandesa, sendo atribuído anualmente.
O valor do prémio é de 100 mil euros. Uma vez que se trata de uma tradução, José Eduardo Agualusa receberá 75 mil euros e o tradutor do livro em inglês, Daniel Hahn, os restantes 25 mil euros.
O escritor foi finalista deste prémio, numa edição que contava também com Mia Couto na competição, com o romance A Confissão da Leoa.
O sonho (possível) de Agualusa: A construção de uma biblioteca pública
Em entrevista ao The Guardian, Agualusa afirma esperar utilizar o prémio na construção de uma biblioteca pública em Moçambique, onde reside atualmente. Segundo o autor, este é um sonho antigo e que promete facilitar a acessibilidade a livros na região.
Agualusa diz-se muito satisfeito com a galardoação, especialmente porque partiu de bibliotecários de todo o mundo. Ainda assim, afirma que pensava que Mia Couto, o escritor moçambicano, fosse vencer o prémio internacional de Dublin.
Teoria Geral do Esquecimento – o livro vencedor
Teoria Geral do Esquecimento tem sido a obra que mais alegrias tem dado a José Eduardo Agualusa, sendo que em 2016, foi finalista do prémio Man Booker International.
O cerne de Teoria Geral do Esquecimento gravita em torno de como os problemas internos de um pequeno país podem ser explorados por outras nações, numa ficção que se suspeita ser baseada em factos reais.
A narrativa decorre em Angola, no pós-independência de guerra civil, e relata a transformação de um país Marxista-Leninista para uma das maiores economias em expansão do mundo.
A personagem principal do ficção é Ludo, uma portuguesa que foi morar em Luanda, que constrói um muro na porta do apartamento para evitar invasões, determinando-se a nunca mais sair de casa.
Um relato sobre o medo do outro, que põe em evidencia preconceitos, racismo, xenofobia e que é, no fundo, o retrato de uma Angola destruída, abandonada e que parece querer sabotar-se.