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Mariana Gomes

Queremos Bon Iver 22 milhões de vezes

O segundo dia do NOS Primavera Sound esgotou para ouvir Angel OlsenBon IverKing Gizzard and the Lizard Wizard. O festival não desapontou, apesar da enchente.

O dia foi um teste. Para a parte da organização, para ver se aguentava e se há espaço para crescer de forma sustentável. E também para o público, pelas filas para alimentação e sanitários. Não pareceu, no entanto, haver problemas nos concertos. Ninguém sufocou, nem houve atropelos. Todos conseguiram arranjar o seu lugar.

A tarde começou com o rock ambiental, meio Explosions in the Sky, dos First Breath After Coma. Arriscamo-nos a dizer que os leirienses são, na atualidade, uma das melhores bandas portuguesas e isso reflete-se ao vivo. Os crescendos, a passada alargada dos seus temas, refletem toda o sentimento que está por detrás da escrita e composição dos dois álbuns da banda.

Pond Whitney ligaram os extremos australiano-americano, em dois concertos distintos emocionalmente. Se o rock psicadélico dos Pond é vibrante e, por vezes alucinogénico – relembremos as constantes parcerias com membros dos Tame Impala -, em Whitney encontramos um pop-rock mais a puxar à ‘fofura’ de final de tarde.

Angel Olsen proporcionou um dos mais belos momentos deste ano. Veio acompanhada com a sua banda, três homens e três mulheres em palco, para uma mistura da cantautoria de Acrobat e o rock de Shut Up Kiss Me. A voz de Angel Olsen, num fim de tarde com o sol a pôr-se, foi uma dádiva que não se repete tão facilmente.

Tão facilmente também não se repete a beleza de Bon Iver. Alternando entre a eletrónica profundamente emocional de 22, A Million, e os temas folk de Bon Iver, Bon Iver e For Emma, Forever Ago. O saxofone solitário, a voz distorcida e os altos e baixos da música de Bon Iver deixaram muitos em lágrimas, numa declarada libertação de catarses emocionais. No final houve tempo para Skinny Love, num solo de Justin Vernon, num encore que finalizou um dos concertos do ano, perante um Parque da Cidade de plateia preenchida.

Isto tudo aconteceu enquanto os Swans se despediam de Portugal, num concerto-maratona de mais de duas horas. Estavam eles a acabar, e já Hamilton Leithauser subia ao palco Pitchfork para apresentar I Had a Dream That You Were Mine. Acompanhado por uma guitarra acústica, o ex-The Walkmen, recebeu o apoio do público em A 1000 Times, onde um coro geral ecoou debaixo do toldo do palco.

O final da noite acabou com o rock destrutivo e psicadélico dos australianos King Gizzard and the Lizard Wizard. Este foi, sem dúvida alguma, um dos melhores concertos do dia. A banda está a planear lançar quatro álbuns este ano, e a energia frenética do estúdio é também acompanhada por uma energia contagiante em palco.

Houve tempo para Flying Microtonal BananaNonagon Infinity, mas foi com Alter Me, Altered BeastLord of Lightning que os King Gizzard apresentaram um pouco do próximo álbum Murder of the Universe. O final do concerto deu-se de forma mais calma, com uma revisitação a temas de Paper Machê Dream Balloon.

O terceiro dia do NOS Primavera Sound contou com MetronomyDeath GripsAphex Twin.