Umas mais subentendidas, outras nem tanto. As mensagens políticas e sociais foram o verdadeiro destaque da front row dos desfiles da semana da moda de Nova Iorque. Designers, modelos e até convidados uniram-se contra os ideais do atual presidente dos EUA, Donald Trump. As manifestações adotaram diversos formatos e, para já, salientaram a definição da moda enquanto reflexo da sociedade.
T-shirts ou mensagens ao presidente
Os desfiles de Christian Siriano e de Prabal Gurung foram os mais mediáticos. Mas não foram os únicos. A semana da moda de Nova Iorque transformou-se numa longa lista de designers que usaram as peças para transmitir opiniões por escrito.
Na lingerie de LRS podia ler-se “Fuck your wall”. A fotografia da modelo rapidamente se espalhou pelas redes sociais.
Jonathan Simkhai distribuiu t-shirts com a expressão “Feminist AF” aos convidados da primeira fila.
As marcas Alice + Olivia e Zadig&Voltaire também seguiram a tendência das mensagens deixadas nas t-shirts.
A marca Public School foi mais ousada ao usar o famoso boné com a expressão “Make America Great Again”, da campanha presidencial de Donald Trump como inspiração para a sua coleção.
https://www.instagram.com/p/BQc0pDLlKbo/?tagged=makeamericanewyork
As bandanas brancas do Business of Fashion
Não foi por acaso que Bella Hadid, Donatella Versace ou as modelos dos desfiles de Tommy Hilfiger ou de Prabal Gurung usaram uma bandana branca ao pulso. Foram transversais a vários desfiles e marcas. A iniciativa #TiedTogether do Business of Fashion foi de tal forma bem conseguida que por todo o lado se viam as bandanas brancas, fora e dentro dos desfiles. O apelo foi feito à união e à inclusão social.
Women’s March de volta
Mara Hoffman não escolheu uma peça de roupa para abrir o seu desfile mas antes um discurso. A designer convidou algumas organizadoras da Women’s March para discursar e dedicou o seu desfile ao sexo feminino.
Só desfilam imigrantes
O casting de modelos de Anniesa Hasibuan teve uma condição bem específica. A designer muçulmana apresentou uma coleção em que todas as modelos eram imigrantes. Ao mesmo tempo, tornou-se a primeira designer a apresentar uma coleção em que todas as modelos usavam hijabs.
https://www.instagram.com/p/BQhk-2CAyiD/?taken-by=anniesahasibuan
A bandeira norte-americana a desfilar pelo chão
Patric DiCaprio da marca Vaquera admite que fazê-lo durante a presidência de Obama seria estranho. Mas com Trump, tudo muda. Até o significado da bandeira do país que o designer utilizou como tecido.
https://www.instagram.com/p/BQbt1bahBHv/?tagged=vaquera
O pin cor-de-rosa da CFDA
Tal como a bandana branca no pulso, também o pin cor-de-rosa com a expressão “Fashion stands with planned parenthood” não foi usado por acaso. Desta vez, a iniciativa partir do The Council of Fashion Designers of America numa manisfestação contra as políticas de Trump que põem em causa o direito de acesso das mulheres à saúde.
O som de revolta dos desfiles
Até a música escolhida para alguns dos desfiles teve um papel de protesto. Cushnie et Ochs escolheu “The Future is Female” de Madame Gandhi. Chromat foi mais arrojado com o tema “F Trump” de Mighty Mark. Já os desfiles de Monse e Oscar de La Renta tiveram a voz de Robert De Niro a narrar uma história sobre uma imigrante, como som ambiente.