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5 filmes menosprezados pela Academia

Chegou a época dos prémios de cinema. Globos de Ouro, Oscars, Critics’ Choice Awards, SAG Awards e mais alguns homenageiam a melhor produção cinematográfica do ano. No entanto, há sempre alguns filmes que acabam por ser injustamente ofuscados do glamouroso desfile dos award shows

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Este ano não foi excepção, e, como tal, o Espalha-Factos fez uma lista de filmes que passaram algo despercebidos pela Academia.

A Lagosta

Academia

Com realização ao encargo de Yorgos Lanthimos (Canino, Alpeis), A Lagosta é um drama romântico com traços kafkianos, que conta com Colin Farrell (Cabine Telefónica) e Rachel Weisz (Constantine) nos papéis principais.

Passado num futuro próximo, onde nenhum adulto pode estar solteiro mais do que 45 dias, esta longa-metragem satiriza na perfeição os relacionamentos da sociedade pós-moderna. Caso algum indivíduo se encontre no celibato, é hospedado num hotel específico com o intuito de encontrar um par adequado. Na eventualidade de não ser bem-sucedido, o indivíduo é metamorfoseado num animal à sua escolha e abandonado na floresta.

A premissa é no mínimo intrigante, sendo que é um filme repleto de representações irrepreensíveis por parte da generalidade do elenco. A brilhante exploração da alegoria da solidão valeu a A Lagosta uma esquecível nomeação da Academia para Melhor Argumento Original.

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Swiss Army Man

Academia

A comédia dramática realizada pela dupla Dan Kwan e Daniel Scheinert foi arrasada pela crítica no Festival de Sundance. Hank (interpretado por Paul Dano), é um náufrago numa ilha deserta prestes a cometer o suicídio quando repara num cadáver (Daniel Radcliffe) que deu à costa. Juntos, náufrago e defunto, formam os laços de uma amizade improvável, tentando descobrir uma maneira para regressar a casa.

Apenas a sinopse é suficiente para baixar as expectativas em relação ao filme. Contudo, o argumento arrojado torna Swiss Army Man num dos filmes mais originais do ano, para além de que a interação entre uma personagem morta e uma personagem sem vontade de viver presenteia-nos com um belíssimo ensaio sobre a vivência humana.

Elle

Academia

Em Elle, a prolífica Isabelle Huppert (Amor) é o rosto e personalidade de Michèle, a CEO de uma empresa de videojogos, que prima pelo controlo que mantém sobre a sua vida profissional e amorosa. No entanto, quando um desconhecido a ataca dentro da sua própria casa, a harmonia da sua rotina é substituída por um sádico jogo de perseguição entre vítima e atacante.

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A audaz performance de Huppert valeu-lhe uma nomeação para Melhor Atriz Principal, de improvável vitória, mas, apesar disto, esta black comedy de Paul Verhoeven fica-se por aqui no que toca às nomeações da Academia, não fazendo jus à mortal volatilidade que Elle tem para oferecer.

Silêncio

Academia

Silêncio é o mais recente projeto de Martin Scorcese, com um elenco constituído por nomes como Andrew Garfield, Adam Driver e Liam Neeson. Esta longa-metragem retrata a missão de dois padres jesuítas portugueses, em pleno século XVII, e da sua viagem ao Japão, em esforços de localizar o seu mentor desaparecido e de propagar a fé cristã.

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Ao longo de toda a película, a fé dos dois padres vai sendo posta à prova de forma brutal, numa época em que o Catolicismo foi banido do Japão e a sua propagação proibida. O grande triunfo de Silêncio é a universalidade do mesmo, gerando debate teológico entre pessoas de qualquer orientação religiosa.

Aliado a uma fotografia sublime, bem como representações sólidas por parte de Adam Driver e Andrew Garfield, é de estranhar a sua única nomeação da Academia para Melhor Fotografia.

Mulheres do Século XX

Academia

Mulheres do Século XX conta a história de três mulheres, em plena Califórnia na década de 70, bem como do seu percurso amoroso e busca pela liberdade. Dorothea (interpretada por Anette Bening) é uma mãe que tenta manter o controlo e tomar conta da sua família da melhor maneira possível, enquanto tenta simultaneamente encontrar o sentido da vida de duas das suas amigas – Abbie (Greta Gerwig), uma fotógrafa apaixonada pelo movimento punk, e Julie (Elle Fanning), uma amiga do seu filho.

Uma longa-metragem marcada pelas excelentes prestações do elenco, bem como uma realização extremamente inteligente por parte de Mike Mills, Mulheres do Século XX arrecadou apenas uma tímida nomeação da Academia para Melhor Argumento Original.

Menção Honrosa – Julieta

Academia

A mais recente longa-metragem do realizador Pedro Almodóvar, conta a história de Julieta (Emma Suárez/Adriana Ugarte), uma mulher de meia-idade que está prestes a mudar-se de Madrid para Portugal, de forma a acompanhar o namorado. Porém, ao encontrar-se com uma antiga amiga da sua filha, Julieta muda rapidamente de planos e permanece em Madrid, no seu antigo prédio de infância, onde começa a escrever uma carta embargada em nostalgia para a sua filha, com a qual não tem mantido contacto.

Um filme bastante aclamado do realizador espanhol, Julieta permaneceu praticamente invisível aos olhares dos membros da Academia, não merecendo qualquer destaque nas nomeações da 89.ª edição dos Oscars.