Faz hoje um ano. Um ano em que a morte levou David Bowie, um artista maior que ele próprio e que nos continua a surpreender. Mesmo um ano depois.
«The stars look very different today»
David Bowie, Space Oddity (1969)
Space Oddity, Rebel,Rebel, Modern Love, Let’s Dance, Life on Mars? ou Heroes são algumas das canções que automaticamente reconhecemos e associamos a David Bowie. Estas foram algumas das canções que todos ouvimos incessantemente após o anúncio da sua morte, além dos novos temas de Blackstar – o disco lançado dias antes da morte do músico.
Nessa altura, o Pedro Miranda falava da sua importância na história da música. Ao contrário de mim, o Pedro não era fã, mas não deixou de “sentir pesar pelo falecimento de um artista tão icónico e emblemático quanto Bowie, que marcou a história da música de forma tão positiva (…)”, dizia.
Afinal a música é isto: reconhecer talento, atribuir importância e perceber a dor dos fãs em momentos como este. Há um ano, Lorde homenageava Bowie desta maneira…
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=C7l3y7LOzLc]
Quem é Bowie?
Escolhemos falar sobre Bowie no presente – afinal, a sua música manter-se-á viva. David Bowie é sinónimo de tudo – nasceu muitas vezes, morreu outras tantas, mas transformou-se, sempre em prol da sua arte e da sua música.
Bowie foi Davy Jones, Ziggy Stardust, Major Tom, Aladdin Sane, Thin White Duke ou Halloween Jack: personas que representam a genialidade de alguém que parecia de outro mundo.
Mas Bowie é muito mais do que representações coloridas e alter-egos diferentes. Estas personagens, que foi matando ao longo de dez minutos de Blackstar, acabam por representar uma parte de David Bowie.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=kszLwBaC4Sw]Bowie é a concretização de um mestre em disfarce que se tornou visionário ainda antes de sabê-lo.
Falar sobre David Bowie é falar de arte, de leveza, de inovação, de criatividade, de exposição, de amor. No entanto, falar sobre Bowie também é falar do lado obscuro, falar de drogas, de não ter medo, de imortalidade.
A morte não pode nem é o fim. Este tema que é recorrente e está muito presente no seu último álbum, Blackstar, e no EP, No Plan.
Sobre Blackstar
«I’m a blackstar, I’m a blackstar, I’m not a gangsta»
David Bowie, Blackstar (2016)
Agora sim, percebe-se que o seu último trabalho Blackstar é a sua despedida da vida, é o momento em que decide cumprimentar a morte e vê-la como uma parceira e juntos criaram uma das suas maiores obras-primas.
Blackstar é o fim, mas é o fim mais genial que poderia existir para alguém como David Bowie. Mas, David Bowie não foi com ela – Bowie é imortal e as suas personas, a sua história, a sua arte vão viver para sempre.
Este disco relembra-nos um dos maiores e mais versáteis artistas que o mundo já presenciou.
Com ele, com os seus alter-egos, a sua arte (tanto na música, como no cinema) – para alguém desta dimensão, a morte não é o fim.
Bowie70: Há vida depois da morte
Acompanhando as tendências dos últimos anos, e no dia em que faria 70 anos, foi lançado o EP No Plan. Podemos ouvir quatro canções em No Plan: Lazarus, No Plan, Killing a Little Time e When I Met You. Estas canções fazem parte do musical Lazarus desenvolvido pelo Bowie e que está em exibição, em Londres, até 22 de janeiro.
Neste EP, volta-se a notar a forte presença do saxofone (o primeiro instrumento de Bowie), com uma certa tendência para emoções mais dramáticas.
[youtube https://www.youtube.com/watch?v=xIgdid8dsC8]
Bowie por cá…
As homenagens começaram a 8 de janeiro, com uma conferência brilhantemente liderada por Nuno Galopim, com David Ferreira, Xana e João Lopes.
Pelo meio, houve direito a algumas versões de canções icónicas pela voz de David Fonseca, como Heroes, Let’s Dance, Modern Love ou Lazarus. Foram mais de 60 minutos de conversa, onde David Bowie foi, claro, o centro das atenções.
Falou-se de Bowie enquanto artista – músico, ator, produtor e gestor da sua arte. Mas também se falou de Bowie enquanto influenciador das mentes criativas um pouco por todo o mundo.
Também neste dia, e confirmado em palco pelo mentor do projeto, David Fonseca, revelou-se o álbum Bowie:70.
«Mais do que um músico que está a tentar fazer um álbum de versões, é mais uma carta de amor de um fã a uma pessoa que eu admiro muito»
David Fonseca sobre Bowie 70 (2017)
O álbum está hoje em pré-venda na Fnac, no iTunes no dia 20 e é lançado a 17 de fevereiro.
O que fica de Bowie?
As canções de uma (e para a) vida, os alter-egos, o exagero e exuberância de alguém com mais confiança que uma Pamela Anderson a correr na praia.
No fundo, Bowie é tudo isto, pois sempre esteve à frente de todos, sempre pensou além do presente.
Farewell, David Bowie.