Ao fim de 43 anos, o Teatro da Cornucópia, apresentará neste sábado, 17 de dezembro, o seu último espetáculo.
Em conversa com o Observador, Luís Miguel Cintra, um dos fundadores, atribui o encerramento à falta de apoios, o que conduziu a planos de gestão impraticáveis. “A Cornucópia vai fechar por que não há dinheiro para sermos a Cornucópia”, afirmou.
Hoje, pelas 16h00, será a última apresentação da companhia. Um recital com poemas do francês Guillaume Apollinaire e o lançamento do segundo volume do livro Teatro da Cornucópia – Espetáculos de 2002 a 2016 marcam este último momento.
Por fim, os espectadores estarão convidados a debater o percurso da companhia.

Cintra, em entrevista ao jornal online, explica que a companhia perdeu metade dos apoios. “Querem que com essa metade consigamos fazer a mesma coisa. Ora já antes era muito pouco para fazer o tipo de trabalho que a Cornucópia faz. E, no fundo, fomos arrastando uma situação de precariedade“, defende.
Em fevereiro de 2015, o Espalha-Factos entrevistava Luís Miguel Cintra. O encenador, recebia, por essa altura, o Prémio Carreira 2015 e levantava já o véu da instabilidade financeira que culminaria com o cair do pano da companhia.
‘Saudinha é que é preciso’
Quando questionado sobre os desejos para o futuro da peça Lisboa Famosa (Portuguesa e Milagrosa), que estava em cena, referiu: “Saudinha, saudinha é que é preciso. Dinheirinho não peço, diz que não traz felicidade“.
“Por respeito para com o público e para com os trabalhadores da casa“, o encenador encerra o Teatro. “Chegou a um extremo, não conseguimos mais. Podíamos partir, daqui para a frente, para uma situação absurda de termos uma casa a funcionar, termos pessoal competente para fazer as coisas e não termos dinheiro“.
Durante o ano de 2015, o Teatro da Cornucópia recebeu 309 mil euros em apoios estatais, de acordo com dados da DGArtes.
Marcelo Rebelo de Sousa, em conjunto com o ministro da Cultura, visitou o Teatro. Nesta visita relâmpago garantiram a continuidade das negociações para que a companhia se mantenha.