O Lisbon & Estoril Film Festival arrancou já para a sua décima edição e estreia a secção fora de competição com O Exame, filme de Cristian Mungiu, realizador que foi já galardoado com a Palma de Ouro por 4 meses, 3 semanas, 2 dias.
O Exame tem o condão de nos transportar para uma experiência completamente imersiva e extremamente humana. Este é um filme de história humanas, realizado de uma maneira extremamente humana e representado por atores ainda mais humanos. Esta é a condição humana no seu esplendor, com tudo o que de mau, corrupto e negativo tem.
O filme de Mungiu, que vê a sua estreia nacional a ser no LEFFEST, é talvez dos títulos do cinema europeu mais interessantes a estrear nas salas portuguesas. É uma obra belíssima com um cuidado extremamente atento aos mais pequenos pormenores dentro de cada cena. E cada cena é ensaiada a um ponto de perfeição e coreografada tão meticulosamente que, normalmente, faria com que os atores perdem-se a sua autenticidade associada a algo mais improvisado, mas a direção de atores e o pulso firme de Mungiu é tão marcante que transforma o artificial em completa e unicamente natural.
Num momento em que o cinema romeno está em clara expansão é engraçado ver que as caras desta indústria, os nomes e os filmes começam a penetrar cada vez mais no nosso próprio mercado de distribuição português. No caso do Exame, este filme tem já a estreia marcada para dia 17 de novembro nos Medeia.
Com a presença do realizador na sessão do Monumental, a conversa (que se prolongou 40 minutos até depois da sessão) foi bastante esclarecedora e mostrou a completa lucidez e sobriedade com que este realizador trabalha. É um nome já bem instituído não só na indústria romena, mas também no cinema europeu e mundial e apresenta uma obra que não só abre a secção fora de competição em grande, como move todo a audiência que teve oportunidade de assistir a esta sessão.
8/10