O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
This is Us

This is Us: Nunca a lamechice soube tão bem

A nova série da NBC, This is Us, estreou no dia 20 de setembro, e com apenas dois episódios lançados já começa a constituir-se como uma das apostas de sucesso desta reentré televisiva.

As audiências têm sido altas, dominando o horário das 22h nos EUA. This is Us marca pela diferença de conseguir ser uma série dramática que emociona, mas que nunca passa a barreira do piroso. Sem spoilar nada (o que é extremamente difícil ao falar desta série!), o Espalha-Factos mostra-te o que andas a perder.

A premissa é simples. São pessoas que fazem anos no mesmo dia e que aparentemente não têm ligação nenhuma. Comecemos por Milo Ventimiglia, conhecido pelo seu papel em Gilmore Girls e Mandy Moore (A Walk to Remember). Os atores mais conhecidos da série, em This is Us são Jack e Rebecca um casal à espera de trigémeos.

This is Us

A carga emotiva que trazem à série, uma vez que após algumas complicações com o parto têm em mãos a árdua tarefa de criar tantos filhos de uma só vez, podia facilmente cair em clichés. Isso não acontece e a dinâmica entre os atores é de tal forma genuína que nos embrenha na sua vida familiar e damos por nós a sentir que somos mais um membro da família.

Falando em crianças, pode-se argumentar que é emoção fácil de ser puxada, mas a questão é que a maneira como os diálogos e as piadas privadas desta família estão escritas fazem parecer que é a primeira vez que somos confrontados com uma narrativa do género.

Seguem-se os gémeos Kate e Kevin, interpretados por Chrissy Metz e Justin Hartley, respetivamente. Ela é obesa e tenta combater o seu excesso de peso, e ele é um ator de comédia e um playboy. Para quem vê séries não é preciso pensar muito para chegar à conclusão de que o mais lógico seria vermos Kate num registo de total auto comiseração e Kevin a mudar de vida motivado por uma qualquer epifania.

This is Us

Estas facetas das personagens são abordadas sim, mas de forma a dar muita mais densidade às mesmas. O discurso derrotista de Kate é gradualmente substituído por uma atitude mais positiva, o que torna o assunto muito mais leve, mas sem lhe retirar  a carga dramática e mostrando as diferentes fases de aceitação. Isto faz com que não caia no erro fácil de ser uma mudança do oito ao 80 em questão de minutos.

Já a mudança de vida de Kevin tem a ver com o facto de querer fazer coisas mais sérias, uma vez que para si a comédia não tem significado suficiente, abordando as contingências de Hollywood neste campo.

A outra personagem principal, Randall (Sterling K. Brown), vive entre o dilema de deixar ou não o seu pai biológico entrar na sua vida depois de ter sido abandonado à nascença. Anda por isso muito à volta do perdão e do valor da confiança, algo que durante o resto da temporada irá com certeza ser abordado de forma muito mais profunda e que tem todo o potencial para ser uma das partes mais emotivas da temporada.

This is Us

This is Us é perita em reviravoltas que mudam todo o sentido da história e às quais o espectador passa quase completamente incólume até à sua revelação propriamente dita. São pormenores tão simples quanto o acender de um cigarro que dão toda uma nova visão ao que está a acontecer e é por aí que série vê o seu valor acrescentado.

Aquilo que parece simples e óbvio, rapidamente é desmontado e passa a ser intrincado. Aquilo que poderia ser só mais uma situação dramática, leva a reflexões sobre as coisas mais banais e ao mesmo tempo mais fulcrais da vida de alguém. E aquilo que podia ser só mais uma série lamechas, mostra ser muito mais do que isso.

Numa altura em que os conteúdos televisivos aparecem como cogumelos, marcar a diferença é difícil e no estilo de série em que This is Us se insere mais difícil ainda é fazê-lo bem. Emociona quando tem que o fazer, faz rir quando a distensão dramática o exige, e aquilo que à partida poderia ser um mero guilty pleasure, bate-se contra essa definição pela qualidade que apresenta.

Os diálogos estão super bem pensados e são de uma sensibilidade tremenda, e a forma como as histórias parecem ser completamente independentes, o que leva a que se salte de linha narrativa em linha narrativa, está feito de forma tão bonita e orgânica que não choca de todo.

As mudanças abruptas de sentido que todo o episódio leva nos últimos minutos são também um dos factores que leva a que se queira ver mais, e que estupidifica de tal forma que quem se deixou levar pela história só quer ver de que forma essas mudanças se vão refletir nos próximos episódios.

Para além disto, começar uma série com Stufjan Stevens é logo meio caminho andado para prender alguém nas suas melodias e quando damos por nós já estamos tão embalados que só queremos saber mais sobre as pessoas que o têm como pano de fundo.

This is Us vai para o ar todas as terças-feiras nos EUA, estando disponíveis em vários sites de streaming no dia seguinte.

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