No terceiro e último dia do festival NOS Alive, que teve (também) lotação esgotada, Arcade Fire, Calexico e Grimes trataram de proporcionar uma despedida inesquecível do Passeio Marítimo de Algés.
Pelas 17h50, a folk de Laurel Sprengelmeyer, conhecida artisticamente por Little Scream, invadiu o palco Heineken. Aproveitando a ocasião para tocar temas de Cult Following, o seu recente segundo registo em estúdio, a banda interpretou temas como Still Life, Lover e The Kissing , agradecendo a todos os presentes por terem estado a assistir ao espetáculo.
Para um fim de tarde descontraído, os norte-americanos Calexico, atraíram uma enchente até ao palco Heineken enquanto os espanhóis Vetusta Morla atuavam no palco principal do festival. Apesar de o som não estar propriamente recomendável, as três primeiras canções foram suficientes para convencer os descrentes.
Frontera/Trigger, Falling From the Sky e Cumbia de donde, que possibilitou uns belos movimentos de anca, criaram um ambiente ideal, com interessantes sonoridades folk e country. Entre momentos de palmas sintonizadas com o ritmo dançante do coletivo natural de Arizona, ouviu-se alguns temas como All Systems Red, Bullets & Rocks e, a terminar, Güero Canelo. A despedida foi feita com uma vénia coletiva e com um desejo de boa sorte para o jogo da final do Euro 2016 contra a Seleção gaulesa.
Apesar de coincidir com a habitual hora de jantar, o palco Heineken permaneceu apinhado para receber o sueco José González. Num espetáculo apagado em termos de energia, ouviram-se, entre outros, temas como Crosses, Deadweight On Velveteen, um cover de Teardrop, dos Massive Attack, e uma momentaneamente forte Killing for Love. Teria sido preferível forrar o estômago, com certeza.
Já no palco NOS, com Band of Horses, a banda de Seattle fez questão de contrariar a ventania que surgiu pelo início da noite e, em menos de uma hora, aqueceu a plateia presente, pelo meio de belos temas como Blue Beard, No One’s Gonna Love You e, por último, a famosa The Funeral, num espetáculo em que a banda percorreu equilibradamente a sua discografia.
Incontestavelmente o maior nome da noite, os Arcade Fire começaram o espetáculo com Ready to Start. Continuando a viagem pelo The Suburbs, seguiu-se a faixa homónima e Sprawl II (Mountains Beyond Mountains), sob um pano de fundo estrelado. Em seguida, foi altura de apresentar temas de Reflektor, com uma poderosa Afterlife, We Exist e Normal Person, para além da música homónima.
Após um agradecimento na língua de Camões, tocaram Keep the Car Running, Intervention, My Body is a Cage e We Used to Wait. Para delírio da plateia, houve a mítica No Cars Go, Ocean of Noise e as Neighborhood #1 e #3, de Funeral. Na reta final, uma brilhante Rebellion (Lies), uma Here Comes The Night Time a exigir uns passos de dança e uma explosiva Wake Up fecharam aquele que foi, seguramente, o concerto do dia.
De regresso ao palco Heineken, a eletrónica de Four Tet precedeu uma atuação de Grimes, inserida na tour Ac!d Reign. Momentos após uma audição de Laughing and Not Being Normal, Clair Boucher introduziu REALITi. Ostentando uma capa colorida, a empatia com o público ocorreu naturalmente, apesar da sua voz estridente e da sonoridade ruidosa. Acompanhada por um trio de dançarinas, Clair apresentou um alinhamento que incidiu essencialmente sobre o aclamado Art Angels.
Para além de Flesh without Blood, Venus Fly, Kill v. Maim e World Princess Part II, na qual voaram flores para a plateia, sobrou tempo para uma breve passagem por Visions, com Be a Body, Genesis e Oblivion. O ponto alto do concerto deu-se no single Go!, que conta com a produção de Blood Diamonds.
No derradeiro momento de despedida, os Ratatat, dupla nova-iorquina formada por Evan Mast e Mike Stroud, encerraram em beleza a 10.ª edição do festival NOS Alive, que já tem data de regresso marcada para os dias 6, 7 e 8 de julho.
Fotografias de Catarina Alves (Espalha-Factos) e Arlindo Camacho/NOS Alive.