Trechos de Kaharlyk foram publicados na rede social como tentativa de evitar a censura das forças secretas russas durante os protestos na Praça de Maiden (Ucrânia). O livro centra-se na vida de um homem cujo cérebro foi controlado pelo exército Russo.
Enquanto os protestos se realizavam em Kiev, em 2010, o jornalista e autor ucraniano Oleh Shynkarenko afirmou ter esperança que um grupo de rebeldes assassinasse o então presidente Viktor Yanukovych. A brincadeira não foi bem aceite e Shynkarenko foi interrogado por forças especiais ucranianas e alguns posts do seu blogue eliminados. A invasão de privacidade levou o autor a publicar pequenos trechos (não mais de 100 palavras) no Facebook de um futuro pós apocalíptico cuja violência se assemelha aos protestos Euromaidan de 2013 e 2014.
O livro Kaharlyk, cuja publicação está planeada pela editora Kalyna Language Press, fala de um homem que perdeu a memória após o exército Russo ter utilizado o seu cérebro para controlar satélites.
A revista Index on Censorship publicou um pequeno excerto da obra na sua edição mais recente. A sua editora, Rachel Jolley, afirmou “Quando a Praça Maidan se encheu de protestantes, [Shynkarenko] começou a registar pequenos pensamentos sobre a Ucrânia no futuro. Partilhou-os depois entre amigos e familiares no Facebook quando os posts no seu blog foram eliminados.”
E continua “o Facebook é um espaço mais livre e não dado aos caprichos das autoridades Russas. Algumas das descrições refletiam a violência à volta dele [do autor]. Sem dúvida que o que ele criou resulta dos seus medos quanto ao futuro do seu país e às restrições de pensamento que cada vez mais são impostas na Ucrânia.
A narrativa está a ser traduzida para inglês por Steve Komarnyckyj. O seu autora trabalha agora para a Ukrainian Helsinki Human Rights Union em Kiev.