O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.

Game of Thrones 6×08: Regresso a casa

Em modo de preparação para a grande batalha do final da temporada, No One podia perfeitamente ter sido um episódio de build-up, onde pouco ou nada acontece. Graças a Deus (ou aos Sete Deuses), os criadores da série de sucesso da HBO deram-nos um grande episódio, ao qual ninguém consegue ficar indiferente.

Irmãos Clegane fazem estragos

Após o regresso de Sandor Clegane (Rory McCann) no último episódio, este volta a ser um verdadeiro Cão de Caça deixando completamente de lado a faceta mais pacífica e movendo-se apenas pela vontade de vingar a morte dos seus amigos. Ao encontrar os seus assassinos encontra também outros membros Brotherhood Without Banners que se juntam a si naquela vingança – que grande irmandade esta! – e distribuem as mortes como se do jantar se tratasse. No final, tentam convencer Sandor a juntar-se a eles rumo ao Norte, mas ficamos sem saber qual a sua decisão final.

Apesar de não se entender ainda no que é que isto vai dar, nem no que significa o regresso da Brotherhood Without Banners, tudo parece indicar que se vão juntar à batalha pelo Norte. De que lado estarão, ou se chegarão efetivamente lá, são coisas a ver resolvidas no próximo episódio.

Já em King’s Landing, Cersei (Lena Headey) é mais uma vez intimidada pelos Faith Militant, desta vez na pessoa do seu primo Lancel (Eugene Simon) que a quer levar a falar com High Sparrow. No entanto, e num vislumbre daquela que foi em tempos a personagem feminina mais forte de GoT, Cersei faz-lhe frente e diz-lhe que só sairá dali para o seu julgamento.

Usa Mountain a seu favor, e este mata um dos Faith Militant com as suas próprias mãos. Pena que esta vantagem da matriarca dos Lannister dure tão pouco… Durante a leitura da sentença, Tommen (Dean-Charles Chapman) diz que o julgamento por combate é a partir daquele momento algo proibido, pois quem decide são os Sete Deuses.

É bom que de vez em quando uma réstia de humanidade apareça na série, mas esta decisão vem desfavorecer ainda mais Cersei e fazer com que toda a gente goste ainda menos (se é que é possível!) de Tommen.

Luta por Riverrun

Enviada por Sansa para recrutar mais soldados para a sua causa, é Brienne (Gwendoline Christie) quem se depara com algo inesperado: tropas da família Lannister e o seu antigo prisioneiro/amigo/amor platónico Jaime (Nikolaj Coster-Waldau).

O reencontro destas personagens é envolto em demasiada tensão, também ela causadas pelos comentários de Bronn (Jerome Flynn) . Não sei de onde veio esta ideia de tornar Brienne numa súbita sex symbol, mas honestamente não me parece fazer algum sentido.

Brienne e Jaime veem-se em lados opostos da contenda mas Brienne consegue convencer Jaime a deixá-la entrar em Riverrun e oferecer uma passagem sãos e salvos aos Tully em troca de estes deixarem o castelo aos Lannister. Apesar deste favor em honra dos velhos tempos, Brienne não deixa esquecer que luta por Sansa e que quando a chegar a hora de Jaime cumprir os desejos de Cercei e tentar matar a sua Lady, sabe bem de que lado estará.

Tudo é em vão e Blackfish (Clive Russell) recusa-se a sair do seu castelo, oferecendo no entanto forma de Brienne e Pod (Daniel Portman) escaparem. Jaime consegue manipular Edmure Tully (Tobias Menzies) a fazer com que as tropas Lannister entrassem em Riverrun, e conquista o reino.

Na conversa com o prisioneiro vemos que, ao contrário do que os últimos episódios faziam parecer, Jaime não mudou quase nada. Parece agora pior e mais obstinado que nunca, movido única e exclusivamente pelo amor incestuoso pela sua irmã. Está mais cínico também, o que honestamente faz parecer com que quase com seis temporadas em cima, nada sirva para mudar o Kingslayer.

Patrão fora, dia santo na loja

Em Meeren parece que, mesmo com a ausência de Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), o poder da Mother of Dragons  parece estar cada vez mais solidificado. Isto dá azo a mais uma conversa bastante interessante entre Tyrion (Peter Dinklage) e Varys (Conleth Hill), que culmina com a ida do segundo para Westeros numa missão secreta. Mais pena de não saber do que se trata, tenho pena que esta dupla seja separada pois, na minha opinião, têm sido incríveis juntos e conseguem mostrar o poder da inteligência e da astúcia numa série que por vezes se parece mover apenas pela força.

Com a partida de Varys, Tyrion decide arranjar novos companheiros: Missandei (Nathalie Emmanuel) e Grey Worm (Jacob Anderson). Os três bebem e contam piadas entre si. Ou melhor, tentam, porque o seu talento para contar anedotas é praticamente nulo. Estranhamente isso deu à cena um ambiente demasiado constrangedor para não ter piada e mostrou mais uma vez as grandes diferenças culturais existentes entre as três personagens. Foi brilhante a subtileza com que os argumentistas conseguiram falar destas diferenças através do humor, resultando num dos melhores diálogos de toda a temporada.

Porém, e como a animação nunca pode reinar durante muito tempo em GoT, são interrompidos por uma terrível notícia: os Mestres vieram para recuperar Meeren e começaram já a queimar toda cidade. Os três ficam sem saber o que fazer, mas eis que Daenerys entra literalmente montada no seu dragão e parece poder resolver esse problema. Digo parece, pois a First of Her Name limita-se a fazer um olhar reprovador mas cheio da garra necessária para fazer frente a este novo desafio.

Mudança de cena para Arya

Depois dos acontecimentos do episódio passado, Arya (Maisie Williams) refugia-se no teatro ambulante que temos visto e procura auxílio na pessoa que devia ter matado, Lady Crane. Os seus momentos de paz duram pouco e Waif (Faye Marsay) entra pronta para terminar o trabalho que não conseguiu fazer em The Broken Man, afirmando que os Deuses querem o seu nome.

Vá se lá saber como, e apesar de se estar quase a esvair em sangue, as duas entram numa perseguição por toda a cidade que envolve saltos extremamente impossíveis, se bem que depois do final da temporada passada, talvez seja seguro dizer que os Stark têm uma capacidade extra humana de cair sem se magoarem.

Apesar destas incorreções, Arya atrai Waif para um sítio escuro e quando parece que vai começar a lutar, corta uma vela e a luta fatal decorre no escuro, culminando na morte de Waif. Não deixa de ser irónico que seja o treino que Waif deu a Arya enquanto esta estava temporariamente cega a ser o causador da sua morte, mas foi um toque do qual gostei.

Jaqen H’ghar (Tom Wlaschiha) entra na House of Black and White e, ao seguir um rasto de sangue, depara-se com a cara de Waif na parede e com Arya à sua frente. Tenta mais uma vez dizer-lhe que esta não é ninguém, mas a rapariga diz-lhe que é Arya Stark e que vai voltar a casa.

Este foi um momento cheio de força e talvez um dos mais marcantes desta sexta temporada. Porém não posso deixar de me questionar sobre qual a utilidade afinal desta parte da narrativa uma vez que, feitas as contas, Arya parte sem ter adquirido a capacidade de mudar de cara. Pelo menos foi resolvida de forma bastante elegante, isso sim!

No One foi um episódio que fez mais do que lhe competia numa altura em que os fãs parecem só querer saber da batalha entre Jon Snow e Ramsay. Estas duas personagens nem apareceram e a sua falta não foi muito sentida porque foi um episódio super bem conseguido, mostrando mais uma vez a mestria dos criadores da série que parecem ter encontrado o equilíbrio entre as inúmeras linhas narrativas que compõem GoT.

NOTA FINAL: 8,5/10

 

  1. Mais uma vez o português, a dar a sua interpretação de uma história, fazendo querer que a sua narração é que os outros têm que engolir. Quando vamos nos deixar tradições e de interpretar os lusíadas como de uma bíblia se tratasse.

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.