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Memória de Peixe + Holy Nothing: Uma MUSA com sabor a boémia

Nos subúrbios maquínicos de Lisboa, para lá de Alfama e de Xabregas, onde os grandes complexos industriais começam a substituir as estreitas divisões habitacionais, nasceu há pouco mais de uma semana uma nova cerveja feita em Portugal, de motif bem assente na ponta da língua: a MUSA chegou para ser a cerveja do rock, e as suas três variações – Mick Lager, Red Zeppelin e Born in the IPA – deixam pouca margem de dúvida a esse respeito.

Foi adequadamente, então, que como proposto baptizado da mesma se organizasse uma festa com som a rigor, e aqueles que se dirigiram à fábrica da MUSA na semana passada lá poderão atestá-lo.

Uma festa na maior parte dos sentidos apelativa (a oferta de uma cerveja de cada tipo à entrada e a decoração original de luzes, desenhos e cartazes sobre as paredes enrugadas da fábrica compensaram largamente os preços abomináveis e casas de banho ainda mais), que teve o seu início com a admirável actuação dos Memória de Peixe. Fazendo os possíveis por ir aquecendo a sala que lentamente se enchia, combinavam malhas angulares de guitarra em loop com os ritmos inescrupulosos de uma bateria que teimava em resistir à vulgaridade. O que lhes faltou, porventura, em vigor e agressividade foi mais que compensado em dinamismo, entrega e uma expressividade digna para um duo instrumental.

Os Memória de Peixe rapidamente deram lugar a uns Holy Nothing que se esmeraram no espectáculo que trouxeram – talvez pelo ambiente fabril e mecanizado se adequar tão bem à inundação soturna que caracteriza a banda. Pintando paisagens desoladoras de sintetizadores em riste, apoiados por batidas fantasmagóricas (cada uma mais abrasiva, poderosa e, consequentemente, dançável que a anterior), saltitavam entre o techno de peso e o quase-trance, para o visível deleite de quem aderia à imersão da sua música. Numa performance que contou ainda com um trabalho de luzes de se congratular, os Holy Nothing fizeram da sua participação a pedra angular do evento.

Após dois concertos de algumas das mais talentosas bandas da actualidade portuguesa (num evento gratuito com cerveja gratuita!) os convidados foram ainda servidos de um DJ set de Moullinex, que guiou noite fora os entusiastas de uma cerveja que, acabando de chegar, já fez por deixar na memória o seu nome.