… mas há finais bem satisfatórios, e ao contrário do buzz que hoje correu a Internet, a conclusão de The Good Wife foi fiel à série e, por isso mesmo, não se podia pedir muito mais. Numa série que supostamente “acompanha” a vida real, The Good Wife não nos podia trazer conclusões para todas as personagens. Assim, seria pouco provável que Robert e Michelle King dessem a Alicia Florrick o fim de uma boa esposa.
Começando pela protagonista, foi notável a evolução tanto do desempenho de Julianna Margulies como da própria personagem. Alicia começou vitimizada, frágil e insegura em dois mundos tipicamente dominados por homens: a política e a advocacia. E se a política teve uma história mais paralela, foi de advocacia que se fez esta série. Alicia passou por altos e baixos, que todos tivemos o privilégio de acompanhar. E se no primeiro episódio o estalo é a simbologia do seu papel de vítima, o estalo que leva no fim é, tal como os criadores da série afirmam, o culminar de todo o seu trajeto.
A dualidade entre Peter (cujo julgamento culminou na sua demissão e num veredicto de um ano com pena suspensa) e Jason (o galã que nos arranca suspiros desde Anatomia de Grey) pouco interessa. Alicia é uma mulher por si própria, e o destino é o que ela fizer dele.
Ponto alto, claro, para o regresso de Josh Charles no papel do falecido Will Gardner. Este era sim o momento de closure que todos os fãs pediram e que nos acompanhou tão bem neste episódio. E poucos escritores conseguiriam condensar tão bem, em tão poucas linhas, a personalidade desta personagem que deixou um vazio por preencher na série.
Alicia: Jason’s not you.
Will: Very few people are me.
(…)
Alicia: I’ll love you forever.
Will: I’m okay with that.
Seria impossível falar de advogados sem mais uma vez aplaudir Christine Baranski. Diane Lockhart merecia maior reconhecimento da parte de Alicia e Quinn, mas a classe que sempre acompanhou esta personagem deixa-nos maravilhados quando Diane abandona a sala confrontada com a exposição pública do caso extraconjugal do marido e quando dá o estalo a Alicia pela humilhação que esta a fez passar. Cary está feliz, a dar aulas, e, não surpreendentemente, tem o seu toque de herói no desenvolvimento do processo.
Nota positiva para a música que acompanhou o derradeiro capítulo, Better, de Regina Spektor, uma de entre as muitas músicas que marcaram a série (o primeiro lugar será sempre ocupado por Any Other World, de Mika, com aquela cena) e para todo o elenco que sempre nos entrou no ecrã nesta jornada. Principais, secundários e participações especiais fizeram de The Good Wife uma série que em sete anos fez o que poucas conseguem: surpreender de episódio para episódio e fazer-nos esperar ansiosamente por domingo.
The End