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‘A Estrela do Deserto – Tomo 2’: a felicidade reside na revelação

A Estrela do Deserto, de Enrico Marini e Stephen Desberg, passa-se em Washington DC, no início dos anos 1870. Após a ida do protagonista para Topeka, em busca da verdade, o Tomo 2, o último desta série de BD, responde por fim às questões colocadas pelo homem da civilização.

A Estrela do Deserto (tomo 1 e 2) trata-se do volume 6 da Coleção Grandes Autores de Banda Desenhada, numa publicação conjunta do jornal Público/Edições ASA, editada entre janeiro e março de 2008, que inclui títulos de referência de dezasseis dos mais conceituados autores da História da BD. Os dois tomos existem ainda em edições separadas, com a chancela da ASA.

O primeiro volume terminou com a ida de Matt Montgomery para Topeka, uma pequena cidade no Estado do Kansas, perto da construção da via-férrea de Santa Fé, na qual o protagonista espera encontrar não só o assassino da sua família como o significado da estrela marcada no peito da sua filha.

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“Analisando os meus passos, verifico que há uma pista para chegar a Cauldray, que ainda não averiguei. A das prostitutas…” – Matt Montgomery em A Estrela do Deserto – Tomo 2

No início deste segundo volume, Montgomery recolhe histórias acerca de Cauldray, o seu principal suspeito, através de terceiros, que lhe revelam que “é ele quem tem as raparigas. É ele quem tem o álcool” e, por isso, Topeka é o “seu jardim”. Contudo, é Wakita, uma prostituta índia, quem o levará à derradeira verdade.

Skeritt, Delling, Lorrimer, Hartmann e Shimm são os fiéis seguidores de Cauldray e um destes esconde mais do que Montgomery poderá imaginar. Para chegar à verdade, terá de passar por eles, mas também pela experiência de matar alguém e não sentir “qualquer espécie de emoção”.

Os tons azuis e esverdeados que dominam algumas páginas a meio da narrativa adequam-se às cenas em que o medo, o nojo e a violência sobressaem. Mas é a tristeza das índias que foram arrancadas da sua terra e do seu passado que nos inquieta…

“A Estrela do Deserto morreu há muitos meses!” – Cauldray em A Estrela do Deserto

Montgomery acaba por descobrir a verdade que em nada se assemelha àquilo que esperara ser-lhe revelado. Percebe, então, que a justiça e a injustiça podem ser faces da mesma moeda. Que aquilo a que chamara civilização deu cabo de outras civilizações. Que a lei dos brancos atingiu, inevitavelmente, as tribos. Que o seu trabalho no Ministério não é apenas assinar documentos, mas gerir vidas.

Apesar de tudo, o protagonista encontra a paz que tanto desejava e que talvez o leitor não considere merecida. O final é, porém, imprevisível. Montgomery acaba por encontrar a sua própria Estrela do Deserto, com a qual será, acredita, “por certo, o mais feliz dos homens”.

Nota: 5/10

Ficha Técnica

Título: A Estrela do Deserto – Tomo 2

Argumento: Stephen Desberg

Arte: Enrico Marini

Tradução: João Silva

Revisão: Zulmira Perdigão

Impressão e acabamentos: Grafiasa

Editora: Edições ASA

Páginas: 58

Preço: 5,50€ (na Wook)