Após o último episódio de Arrow, exibido em dezembro pela CW, havia uma pergunta que pairava no ar: Qual o destino de Felicity (Emily Bett Rickards)? Neste episódio essa pergunta foi respondida, muitas outras foram levantadas e tudo começa com um enigmático flashfoward de Oliver (Stephen Amell) e Barry (Grant Gustin) num funeral.
Luta interior de Oliver
Quando Arrow começou, Oliver Queen movia-se única e exclusivamente pelo desejo de vingança e de honrar o nome do pai. Devido a tudo o que passou nos cinco anos em que esteve dado como morto (e ainda não sabemos tudo!), não tinha problemas em matar quem quer que estivesse no seu caminho, mas com o tempo tudo mudou.
Em Blood Debts, depois de Felicity ter sido alvejada pelos ghosts de Damien Darhk (Neal McDonough) volta a não olhar a meios para atingir os fins, enquanto o procura para vingar a sua noiva. No entanto, os argumentistas da série mantiveram-se fiéis à evolução da personagem ao longo destas quatro temporadas, e, ao ser chamado à razão por diversos membros da Team Arrow, reencontra a humanidade e acaba mesmo por salvar a família de Darhk quando esta está em perigo.
Este foi um episódio que se pode considerar uma verdadeira roda viva de acontecimentos. Quando um assunto parecia resolvido, outro aparecia e as linhas narrativas foram extremamente bem entre-ligadas de forma a que nunca desviássemos os olhos do ecrã. Stephen Amell foi fulcral ao longo do mesmo.
Quando estávamos perdidos, víamos a confusão nos seus olhos. Vimos a sede de vingança quando pede a Quentin (Paul Blackthorne), que tem estado a trabalhar enquanto agente infiltrado com Darhk, o paradeiro do mesmo. Também quando tem uma discussão com Laurel (Katie Cassidy) por esta ter deixado Machin (Alexander Calvert) escapar, não tendo problemas em atirar-lhe à cara o que esta fez com a sua irmã ao ressuscitá-la e deixá-la cativa sem dizer nada a ninguém, mesmo quando esta começou a magoar inocentes.
Vimos o impasse refletido nos seus movimento sobre qual o seu lugar, se ao lado de Felicity durante as operações a que foi sujeita no seguimento do tiroteio, se nas suas de Star City a vingá-la. Vimos também um dos momentos mais ternos de toda a série com Felicity no hospital que nos mostra claramente que Green Arrow não é só um nome diferente para proteger a sua identidade, mas sim uma nova forma de proteger a cidade e os que ama.
Nunca fui grande fã do ator nesta transição para a paz de espírito interior, mas fiquei agradavelmente surpreendida por engolir as minhas palavras sobre o assunto neste episódio em que me mostrou estar enganada face à sua falta de capacidades interpretativas.
Não posso também deixar de dar uma nota bastante positiva a Emily Bett Rickards, pois apesar de ter sido a personagem da Team Arrow que menos apareceu neste episódio, foi provavelmente a que nos deu uma das performances mais fortes, mostrando que para se ser um super-herói não é preciso saber lutar com o corpo pois o peso da força de espírito é bastante superior a tudo isto.
Lonnie Machin e aquilo que é ser vilão
Este anarquista nato, pouco ou nada tinha dado à série até agora. Apareceu como uma pessoa contratada pela HIVE num outro episódio, mas nada de relevante, tirando o facto de Thea (Willa Holland) lhe ter pegado fogo num acesso de raiva causado pelo Lazarus Pit. Aqui, foi de extrema importância uma vez que contribuiu para o desenvolvimento da história de maneiras mais e menos óbvias.
Após os desentendimentos com Darhk, mata imensos ghosts, mas cedo percebemos que não é só com este que tem problemas, uma vez que usa o sangue dos seus pais adotivos, Michael e Crystal Olguin, para deixar a sua marca característica – o símbolo da anarquia – na sede do mesmo em jeito de ameaça. Isto dá o ímpeto para que a Team Arrow vá atrás de si, caindo numa emboscada feita por Machin, dá qual só escapam devido a Laurel. Já no final do episódio, prontificou-se a torturar a família de Darhk e só não o faz porque os vigilantes aparecem.
É um claro vilão. Sem propósito a não ser o de causar dor aos outros, denota um claro desequilíbrio mental que faz dele uma personagem incrível. Este desequilíbrio é precisamente a rampa de lançamento para que Thea comece a questionar a sua própria sanidade, uma vez que Machin o incita a matá-lo por diversas vezes, provocando a sua sede de matar cada vez mais.
Muito devido à ajuda do seu mais recente interesse amoroso, Alex Davis (Parker Young), Thea consegue escapar a esta espiral negativa e reprime os seus desejos assassinos. Pena que Roy Harper (Colton Haynes) esteja quase a voltar...
Flashforward enigmático
Tudo indicava que seria o funeral de Felicity, aquele em que Oliver e Barry se encontravam. Mas sabemos que esta consegue sobreviver apesar de se dar a entender que ficará de cadeira de rodas, ainda que a dúvida fique no ar na cena final dentro do carro. No entanto, as grandes questões que ficam por responder são precisamente quem é que morreu e porque é que Felicity apoia que Oliver mate o responsável por aquela morte.
Num episódio com um ritmo estonteante, esta não podia ter sido a melhor forma de Arrow regressar ao pequeno ecrã.
Nota final: 9/10