É histórico, até por não ter causado uma boa primeira impressão, mas Writing’s On The Wall de Sam Smith é o primeiro tema de um filme de James Bond a chegar ao número 1 na tabela do Reino Unido. 53 anos depois de Dr. No, que apresentou o tema instrumental que ainda faz parte de todos os filmes de 007, o tema de Spectre faz aquilo que mais ninguém conseguiu.
Ainda sem vídeo oficial – mas já com um teaser – a canção faz parte do pequeno grupo de temas que não faz referência ao nome do filme (não há muito que rime com Spectre). E na história dos temas de Bond, há-os para todos os gostos. Recorda aqui alguns dos mais marcantes.
Shirley Bassey – Goldfinger (de Goldfinger, 1964)
É conhecido como o filme em que a identidade de Bond ficou definida, e para muitos, é ainda o melhor de sempre. Em 1964, Sean Connery era 007 e lutava contra Auric Goldfinger, um psicopata obcecado com ouro. A personagem é o foco da canção de Shirley Bassey, composta por John Barry, que é considerada ainda como o cânone dos temas Bond. Foi número 21 no Reino Unido.
Louis Armstrong – We Have All The Time In The World (de Ao Serviço de Sua Majestade, 1969)
O rosto de James Bond mudou ao fim de cinco filmes (George Lazenby substituiu Sean Connery, que acabaria por regressar no filme seguinte) e Ao Serviço de Sua Majestade trouxe também mudanças na banda sonora. A abertura do filme foi feita com um tema instrumental, mas a canção mais conhecida foi o tema secundário – We Have All The Time In The World foi cantado por quem já não tinha muito tempo, um Louis Armstrong já demasiado doente para tocar trompete e que tem aqui a sua última gravação. Foi número três no Reino Unido, mas só 25 anos depois.
Carly Simon – Nobody Does It Better (de O Espião Que Me Amava, 1977)
Primeiro tema principal de James Bond que não é igual ao título do filme, Nobody Does It Better ainda é considerada uma das canções mais sexy de sempre (opinião atestada pelos Radiohead, que fizeram uma versão). Carly Simon foi nomeada para o Oscar e para o Grammy de Canção do Ano e ainda é um dos mais lucrativos temas de James Bond. Foi número dois nos Estados Unidos e número sete no Reino Unido.
Duran Duran – A View To a Kill (de Alvo em Movimento, 1985)
A aproveitar o sucesso que o new-wave pop dos Duran Duran ia fazendo dos dois lados do Atlântico, o compositor John Barry agarrou a banda para o último filme de Roger Moore como James Bond. Canção excêntrica para um filme excêntrico que tinha Grace Jones como uma espécie de Bond-girl – foi um gigantesco sucesso que só foi superado pelos últimos dois temas do 007. Número um nos Estados Unidos, foi número dois do Reino Unido e ainda faz parte do alinhamento da banda.
Tina Turner – GoldenEye (de GoldenEye, 1995)
Depois de seis anos de pausa, a recuperar de um Timothy Dalton que provou ser uma má experiência como Bond, Pierce Brosnan foi o novo rosto do agente secreto, com um tema que trouxe de volta o glamour das aberturas dos anos 60 e 70. A voz foi de Tina Turner, a composição de Bono e The Edge dos U2 e foi número dez no Reino Unido.
Madonna – Die Another Day (de Morre Noutro Dia, 2002)
Fora Goldeneye, Pierce Brosnan nunca teve muita sorte com os temas escolhidos para os seus quatro filmes, sempre considerados fracos, mas a escolha para Morre Noutro Dia ainda é considerada o maior tiro ao lado da saga. Madonna foi a escolhida (e até apareceu no filme) e do experimentalismo à letra (“guess I’ll die another day” é repetido dezenas de vezes), a canção foi humilhada na praça pública, com um filme que ainda é considerado o pior de todos os Bond. Ainda assim, foi número três no Reino Unido.
Adele – Skyfall (de Skyfall, 2012)
O Bond mais lucrativo de sempre com um dos temas que mais ganhou – Daniel Craig e Adele saíram os dois a sorrir da colaboração com o filme, que venceu dois Oscars, um deles para Melhor Canção Original. Adele gravou o tema durante uma fase em que raramente surgia em público, depois do estrondoso sucesso do álbum 21. A canção seguiu o êxito, e igualou o número dois dos Duran Duran em 1985. Só foram superados por Sam Smith, passados três anos.