Ser bailarina é ter uma boa técnica, encarnar uma personagem, estar em contacto com outros bailarinos, mas para isso há que ter o conforto e a beleza de figurinos que a façam sentir bem, sem que pense neles. Foi com este pensamento que Micaela Larisch e Filipa de Castro colaboraram numa coleção que culminou numa apresentação no Porto e em Lisboa. O Espalha-Factos acompanhou o lançamento da coleção em Lisboa num desfile algo diferente.
A CASALISBOA , situada no Palácio Iglesias, foi o local escolhido para a apresentação. O primeiro piso do edifício estava invadido por figurinos utilizados pela bailarina principal da Companhia Nacional de Bailado, Filipa de Castro, espalhados pelas várias divisões do Palácio, pela coleção e acessórios da marca Micaela Larisch e um cocktail com espumante e morangos para os convidados. Tudo estava a postos para a apresentação de Filipa de Castro Collection.
Pelas 19h00, os convidados começaram a chegar. Ao longo do primeiro piso, dos dois pisos, puderam apreciar a nova coleção Filipa de Castro Collection by MICAELA LARISCH de Micaela Larisch e Filipa de Castro ou ver figurinos utilizados pela bailarina numa gala de ballet na Turquia na semana passada ou a um tutu vestido na Póvoa de Varzim em novembro.
As 20h00 chegaram e ao som da Flauta Mágica de Mozart, bailarinas começaram a descer as escadas do Palácio para percorrerem o primeiro piso com os figurinos de Filipa de Castro Collection. Entre as participantes estavam alunas da academia DanceSpot, que é utilizadora da marca; alunas da Escola de Dança do Conservatório Nacional, a escola em que Filipa de Castro estudou e desfilaram também Andreia Mota, Leonor de Jesus, Maria Santos, Inês Ferrer e Tatiana Grenkova, bailarinas da Companhia Nacional de Bailado. Aliás, foi aqui que tudo começou.
Filipa de Castro precisava de uns fatos para um espetáculo e desabafou isso num dos camarim da Companhia Nacional de Bailado. Por acaso, uma das bailarinas já conhecia Micaela e aconselhou o seu trabalho a Filipa. Foi assim que tudo começou há cinco anos. Se primeiro começaram por colaborar em figurinos para espetáculos, Filipa depressa passou para os fatos de aquecimento. Com o tempo encontraram a empatia que resultou nesta coleção. Filipa tinha ideias de figurinos na cabeça e Micaela ajudou a concretizá-las. “Ela tem uma maneira de trabalhar muito perfecionista que a mim me agrada. Ela cria um produto que tem um conforto que eu não consigo encontrar noutra marca”, afirma Filipa sobre a inevitabilidade de concretizar este projeto com Micaela.
“Ela cria um produto que tem um conforto que eu não consigo encontrar noutra marca” – Filipa de Castro
A empatia foi tal que a ideia surgiu em setembro e já está acessível. Para as duas, só não foi mais cedo devido aos seus compromissos profissionais. Filipa é bailarina na Companhia Nacional de Bailado em Lisboa e Micaela vive no Porto. A estilista está à frente da Micaela Larisch Design com sede em Santa Cruz do Bispo (Matosinhos), onde cria e produz roupa de ballet. “Como empresa e como marca, nós não nos sentimos iguais a mais ninguém”, afirma Micaela relativamente à sua marca. A Micaela Larisch Design tem uma base industrial, mas também se auxilia de ateliê, onde são tratados os detalhes das peças. O vestuário é feito todo em CAD/CAM, tendo por base de trabalho todo o método industrial, mas com requinte de atelier.
Quanto à coleção, tem a identidade de cada uma. Se a marca de Micaela Larisch é conhecida pela cor, também Filipa de Castro se destaca no estúdio com fatos bastante coloridos. “Eu gosto muito de cor e a Micaela também. Nós gostamos de arriscar e correu bem”, revela a bailarina sobre a recepção à coleção.
“Eu gosto muito de cor e a Micaela também. Nós gostamos de arriscar e correu bem”- Filipa de Castro
Para as criadoras, a ideia era oferecer algo de novo às bailarinas, algo que fosse confortável e bonito. “Todo o conceito do que faço se baseou em servir os objetivos de quem dança e não os nossos objetivos”, afirma Micaela Larisch sobre a marca. À estilista não interessa que um figurino seja “lindíssimo”, mas que não seja funcional. “Aquilo que mais me impressão me fazia era saber que um bailarino estava preocupado com a roupa em vez de estar preocupado com a coreografia”, acrescenta Micaela.
“Aquilo que mais me impressão me fazia era saber que um bailarino estava preocupado com a roupa em vez de estar preocupado com a coreografia” – Micaela Larisch
Filipa confirma que isso é indispensável para qualquer bailarino. “Nós passamos muitas horas no estúdio a trabalhar, há muita transpiração e mexemos-nos com o partner e nós temos que nos sentir bem. Temos um espelho à nossa frente oito horas por dia e temos de estar bonitas, porque se não estamos bonitas também não vamos dançar bem e se não nos sentirmos bem a coisa também não funciona”, explica a bailarina sobre seu dia-a-dia.
O lançamento de Filipa de Castro Collection acaba por ser uma conjugação do que na dança é indispensável: elegância, conforto e uma festa em que todos os convidados acabaram por fazer parte do desfile.
Fotografias de Inês Delgado