O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
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IndieLisboa’15: o exotismo dos teen movies e de ter um tigre no apartamento

O festival vai já para lá de metade. Neste sétimo dia do certame o Espalha-Factos teve a oportunidade de ver um documentário sobre teen movies – como o Clueless e o Mean Girls – e de continuar a acompanhar a secção competitiva do festival, desta feita com Ming of Harlem: Twenty One Storeys in the Air.

O exotismo foi a palavra de ordem deste dia do IndieLisboa. Por um lado um explorar pelo mundo adolescente americano através de um documentário que se propõe – por mais incrível que pareça – a estudar e a filosofar sobre filmes como Mean Girls, I Know What You Did Last Summer, Final Destination, etc. Por outro lado, temos um filme da competição internacional que nos dá a conhecer a história de Antoine Yates, que vivia num apartamento em Nova Iorque com o seu amigo Ming e o seu companheiro Al. O que aqui é interessante é que Ming é um tigre e Al é um jacaré.

Beyond Clueless – 7/10

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 Este é um documentário que tenta – e sucede – a filosofar sobre a temática de filmes teen. Este subgénero do cinema foi sempre olhado de lado por intelectuais e cinéfilos, este é talvez o primeiro testemunho que tenta ver para além dos preconceitos e tirar algo de maior das narrativas aparentemente básicas, formatadas e simplistas deste tipo de filmes. O exercício de Charlie Lyne, ao fazer o argumento para este documentário, é desprovido de qualquer estereotipo e caracterizado por uma visão bastante aberta e compreensiva do cinema, algo que falta tanto à nossa sociedade por vezes tão fechada em si mesma.

E é esta sua visão, despida de preconceitos, que torna o filme tão interessante. É o apontar de coisas nestes filmes – essencialmente vistos como entretenimento – que tinham escapado ao olhar mais desatento dos espectadores. É lindíssimo ver, em ecrã, uma reflexão sobre a morte e o espirito de imortalidade característico dos adolescentes abordando o Final Destination, ou uma reflexão sobre o papel fulcral da sexualidade nos adolescentes com Idle Hands, onde uma mão estrangula pessoas graças à frustração sexual do seu dono.

Este documentário assume-se assim como uma peça fundamental para quem queira perceber melhor o fenómeno da cultura popular dos anos 90 envolta dos teens movie e, também, da cultura adolescente trash norte-americana dessa mesma altura.

Ming of Harlem: Twenty One Storeys in the Air – 6/10

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Um filme cheio de pretensões e muito vazio de conteúdo. Acompanhamos a narração de Antoine Yates e, por mais interessante que seja esta personagem – com ideias muito estabelecidas sobre o tratamento dos animais selvagens em cativeiro – acabamos perdidos no meio de divagações sem fundamento durante 40 minutos – dos 70 que o filme tem – e a ver o Ming e o Al a interagirem com um cenário completamente artificial.

E é esta artificialidade que pauta todo um argumento desprovido de coisa alguma. Um filme que faz os espectadores revirar os olhos mesmo com uma fotografia e um personagem bem carismáticos e atractivos. Philip Warnell, realizador da película, devia ter-se preocupado mais em entregar um argumento eficaz, com uma história concisa e deixar-se de pretensões que dão em nada, acabando todas num beco sem saída que vai destruindo o filme à medida que o tempo passa.