O poeta nascido no Funchal morreu ontem em Cascais, com 84 anos. Herberto Hélder é considerado uma das maiores referências da poesia portuguesa na segunda metade do século XX.
Autor magnético e extremamente reservado, de inspiração surrealista, teve um trajeto de vida improvável. Abandonou os estudos em Coimbra e viajou pelo mundo trabalhando nas mais diversas áreas.
Escreveu e publicou como viveu, de forma intensa, seleta e irregular. Recusou todos os prémios, todas as homenagens, não deu entrevistas. Publicou parte da sua obra em edições únicas e de reduzida tiragem, mostrou ao mundo apenas e só o que queria, nunca o homem e o escritor por detrás da obra.
De O Amor em Visita até A Morte sem Mestre, a sua poesia experimental marcou a língua portuguesa, a destacar entre outros os fundamentais A Colher na Boca, Os Passos em Volta, Húmus, A Faca Não Corta o Fogo. Rejeitou o Prémio Pessoa em 1994.
Enquanto existir língua portuguesa, a obra resistirá à morte do mestre, que desaparece como sempre viveu – a cerimónia fúnebre terá lugar na quarta-feira em local não divulgado, reservada à família.