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ModaLisboa Curiouser – Dia 2

O segundo dia da ModaLisboa, 14 de março, ficou marcado pelas coleções de Valentim Quaresma, David TOMASZEWSKI, Luís Carvalho (LAB), Ricardo Preto, Alexandra Moura, Miguel Vieira, Aleksandar Protic e, por último, Carlos Gil.

Sábado teve maior afluência que o dia anterior, tendo sido dominado por coleções bastante mais sóbrias e de teor mais wearable. Para além dos desfiles a ocorrer no Pátio da Galé, inaugurou-se uma vez mais no espaço do BPI da Praça do Município o Wonder Room, uma pop-up store com marcas nacionais, projetos de empreendedorismo alternativo e independente.

Valentim Quaresma

O dia começou bem sombrio com o desfile de Valentim Quaresma. Inspirado no cinema, o criador apresentou uma coleção unicolor e esvoaçante. Todas as suas peças de roupa eram de cor preta sobre as quais se destacavam metais elaborados e algo mórbidos. A estes acessórios pormenorizados desfavoreceu o facto da coleção se ter tornado um pouco repetitiva.

Dawid Tomaszewski

O designer polaco foi o convidado desta edição da ModaLisboa, contudo não é estreante em passerelles lusas, tendo já participado na 37ª edição do evento. Dawid presenteou o público com Introspection, uma coleção de inspiração na arte contemporânea que fez uso de diversos materiais como as caxemiras, as lãs e, simultaneamente, as sedas. Talvez a coleção de uso mais fácil no dia-a-dia, apresentou-se com vestidos compridos e fluidos de uma leveza e elegância estonteante. O que se seguiu foram peças muito citadinas para silhuetas clássicas em tecidos invernosos e pesados, com sobreposições de volumes e texturas. Destacam-se alguns padrões geométricos e casacos com apontamentos metalizados que, ainda assim, não deixam escapar os looks sofisticados.

Luís Carvalho

Luís Carvalho encontrou inspiração naquilo que mais de natural temos:  a natureza. Porém, trata-se de uma natureza peculiar, trata-se de um inverno seco. Por isso, como não podia deixar de ser as cores, que muitas vezes constituíam looks monocromáticos, oscilavam entre o camel, os verdes, os pretos e o amarelo mostarda. De peças estruturadas a outras mais leves e fluídas, destacaram-se os casacões compridos de fazenda e as peças com padrões e texturas oriundas de uma natureza seca. A coleção acabou por superar as expetativas e revelar-se coerente, apesar da grande pluralidade de peças.

Ricardo Preto

O designer português lotou a sala de desfiles, onde muitas caras conhecidas da nossa televisão e umas quantas bloggers portuguesas marcaram presença, no mais aclamado desfile do segundo dia. Ricardo Preto trouxe às passerelles Quiet Riot com modelos de corte muito direito, peças geométricas dando um efeito de profundidade tridimensional. Muitas das peças apresentam um certa fluidez (saias e vestidos), mas as restantes são bastante rigorosas, típicas de um inverno austero.

Alexandra Moura

Não há palavras que definam melhor o desfile de Alexandra Moura senão diversidade, volume e ornamentos. A coleção destacou-se pelos padrões elegantes, pelos drapeados, pelos sobretudos oversized e pelas peças robustas. O volume, as diferentes silhuetas e os vários tipos de tecidos e texturas, muitas vezes aglomerados na mesma peça, tornou a coleção algo hiperbólica. Alguns peças ultrapassam a high fashion e caem no fantasioso.

Miguel Vieira

O já veterano Miguel Vieira fez-se representar por uma coleção de grande sobriedade repleta de peças severas, mas de elegância extrema. Os cortes minimalistas e as formas simples contrastam harmoniosamente com os tecidos técnicos e os pequenos detalhes de alguns modelos (franjas everywhere!). Nesta coleção está bem patente a já habitual assinatura clássica e discreta do designer, que confere um certo charme modern-chic a quem enverga as peças.

Aleksandar Protic

A parceria do designer Aleksandar Protic com a Samsung veio a revelar-se compensadora. A apresentação da coleção foi, simultaneamente, a apresentação do novo Samsung Galaxy S6 e S6 edge, fazendo com que Lisboa se tornasse a terceira capital a apresentar o telemóvel, depois de Barcelona e Paris. Com o tema What’s next?, da coleção destacam-se as peças fluídas com cores nude, pêssego, brancos e pretos e tecidos metalizados, bombazine e camurça. Os bomber jackets e as saia-calça destacaram-se das outras peças. A encerrar o desfile, as modelos passaram na passerelle às escuras, desta vez com o novo Samsung Galaxy S6 e S6 edge na mão.

Carlos Gil

Depois do desfile de Ricardo Preto, este foi o mais concorrido do dia. All In – The Lucky Game é o nome dado à coleção do estilista Carlos Gil introduz marcadamente, no início do desfile, o seu tema com peças relacionadas com o jogo, mais concretamente peças com estampados de naipes de cartas. Durante toda a sequência de modelos observamos uma miscelânea perfeita de padrões e texturas: do pêlo às penas, do liso ao canelado, do fluido ao estruturado. Com uma paleta de cores abrangente que varia entre o preto, navy, vermelho, bordeaux, tons terracota, verde seco e castanho. Esta coleção deixa transparecer a imagem de uma mulher independente, confiante e elegante, capaz de arriscar e “desafiar a sorte todos os dias”.

 Texto por Carolina Branco e Francisca Real

Fotografia por Inês Delgado