De 13 a 29 de março, Lisboa recebe a edição zero do Festival Cumplicidades (Festival Internacional de Dança Contemporânea de Lisboa). Com a participação de 30 artistas e com 20 espaços de acolhimento, este pretende ser um festival onde público especializado e geral reflita em torno da dança.
Francisco Camacho, coreógrafo e diretor artístico da EIRA, referiu a falta que sentia de um festival totalmente dedicado à dança em Lisboa. Nas digressões em que fez como coreógrafo e bailarino, sempre lhe perguntaram se Lisboa tinha algum festival do género. “Eu sentia falta deste festival até mesmo pela situação de crise e falta de políticas para o setor”, afirmou Francisco Camacho sobre a importância deste festival na consolidação da dança em Portugal. Segundo o diretor artístico, a intenção é trazer também mais artistas internacionais ao festival em edições futuras.
Ezequiel Santos, psicólogo, psicoterapeuta e programador do festival, afirmou que o principal objetivo é “criar um pretexto para conversarmos“. O programador explicou que esta edição zero acaba por ser a oportunidade de observar problemas, ouvir e feedbacks, para depois se avançar para a primeira edição.
Nesta edição, o destaque incide nos novos criadores, muitos deles nacionais, mas que não têm atuado em Lisboa. Por outro lado, o festival será a oportunidade ideal para que todo o público, especialista ou simplesmente apreciador, se aproxime e se torne cúmplice da dança.
Destaques no Cumplicidades
Espetáculos
Hale
13 março, 19h , Estação Ferroviária do Rossio
Aleksandra Osowicz, Filipe Pereira, Helena Martos, Inês Campos e Matthieu Ehrlacher reúnem-se numa coreografia que questiona o natural e o artificial. A forma como o corpo se transforma suscita este “estudo para um organismo artificial”.
The Archaic, Looking Out, The Night Knight
14 março , 21.30h, Negócio
Cada interpretação pode estar dependente do sítio onde é projetada. Vânia Rovisco explora a fusão entre o espaço, o corpo, o som e a plasticidade. “Se o movimento é a recusa da narrativa, evita-se uma leitura que procura a resolução do trabalho ao invés de simplesmente o experienciar.”
Cinemateca
19 março, 21.30h , DNA
Bruno Alexandre cria e interpreta um espetáculo que surge de entrevistas a realizadores de cinema como Fritz Lang, John Cassavetes, Federico Fellini, Ingmar Bergman e Aki Kaurismäki. Esta é uma peça onde se destaca o som e a palavra e que se coloca entre o realizador e o espetador.
The very boring piece
21 março , 21.30h , alkantara
Juntamente com Simon Wehrli e Jasmina Križaj, Cristina Planas Leitão interpreta uma peça que se propõe ser uma questão sobre o vazio, o nada e a sua transformação. Esta peça propõe a experiência e o desejo de transgredir o desconhecido.
Pequenos Mundos
22 março , 11h e 15h , Teatrinho da Escola de Música do Conservatório Nacional
Joclézio Azevedo e Teresa Prima criam “pequenos mundos” para crianças até aos 36 meses. Através de sons, formas e gestos as crianças podem desenvolver a sua curiosidade e criar um jogo entre o olhar e o ouvir.
a falha de onde a luz
24, 25, 26 e 27 março, 21.30h, DNA
Sónia Baptista tem uma estreia absoluta no festival. Em co-produção com o Cumplicidades, a intérprete propõe-se a explorar o caminho de criação do artista. “Em a falha de onde a luz explora-se a criação de uma narrativa poética dita e feita, clara. A artista é também o meio, a história, o instrumento/ objecto do trabalho, habitando-o e sendo habitada por ele.”
Romance
27 março, 21.30h, alkantara
Lígia Soares volta a criar algo que inclui o público na própria peça. Em Romance, a intérprete cria um texto que é uma paródia à linguagem do mundo contemporâneo.
Preço dos espetáculos: 7, 5 euros ( 5 euros para menores de 30 anos; maiores de 65 anos e estudantes e profissionais do espetáculo)
Instalação
16 – 19 Mar, 18h, Casa da Imprensa
Pedro Prazeres atua pela primeira vez em Portugal com uma instalação que questiona a “memória de um lugar, questões de tradução, imagens adquiridas, estados de presença e poesia sonora”.Vê os horários de cada dia aqui.
Workshops
Os artistas participantes no festival também se dispõem a transmitir a sua experiência através de workshops. Cristina Planas Leitão coordena Flying-low , onde explora a relação do bailarino com o chão e as dinâmicas da respiração. Pedro Prazeres sugere uma experiência de relações e ritmos em Landscapes in Motion. Em Estratégias Respeito ao Interprete Contemporâneo, Vânia Rovisco procura a relação do indivíduo com o espaço, o tempo e a sua criação. Andresa Soares procura inspirar futuros projetos em Composição e Contracena do Movimento através da exploração do processo comunicativo.
Percursos da dança
Com a duração de 3 horas, o público terá a experiência de percorrer a história da dança através da passagem em locais da cidade de Lisboa. O festival tem quatro percursos disponíveis: Espaços Alternativos (peripécias e curiosidades da dança em Portugal), Teatros (visita a três teatros que acolheram companhias de dança associadas à tradição do ballet, à dança moderna e à dança contemporânea), Bairro Alto (espaços ligados ao ensino, à experimentação artística e aos encontros informais entre artistas pela noite fora) e Jardins (espaços ao ar livre onde se acolheram espetáculos ).
Preço: 3,5 euros
Palestras
Durante o festival, poderás assistir às seguintes palestras:
- Uma intensa presença do corpo: A dança em Portugal no contexto de uma democracia recente com Maria José Fazenda (23 março, 18h, Teatro Nacional de São Carlos);
- Na casa-espelho: propostas de pensamento coreográfico com Sílvia Pinto Coelho (24 de março, 18h , Casa da Imprensa);
- A ética na estética da dança contemporânea com Paula Varanda ( 25 de março, 18h , Casa da Imprensa).
Mesa Redonda
29 de março, 14h15, Culturgest
Este será o momento de debate. Profissionais da dança expõem a sua experiência em palco, no ensino ou no seu trabalho social ao público geral. Estarão no debate: Lígia e Andresa Soares (bailarinas e coreógrafas), Pedro Ramos (coreógrafo e professor), Sónia Baptista (bailarina e coreógrafa), Vania Rovisco (bailarina e coreógrafa)e Paula Varanda (coreógrafa e investigadora).
Entrada gratuita , mas requer inscrição, aqui.
Conhece mais pormenores do festival, aqui.