Conhecidos pelo seu estilo arrojado, os irmãos Wachowskis fazem o seu regresso ao leme de uma grande produção depois de Cloud Atlas com A Ascensão de Júpiter, um filme de ficção científica que estreou no cinema na quinta-feira passada, dia 5. Será que a nova obra dos criadores de Matrix merece a nossa atenção? Depende do que procuramos.
A Ascensão de Júpiter segue a vida de Jupiter Jones (Mila Kunis), uma jovem imigrante na cidade de Chicago que leva uma vida modesta com a sua família numerosa e que sonha com algo mais do que limpar a casa de outras pessoas. É nesta etapa complicada da sua vida que Jupiter começa a ser perseguida por seres de outros planetas e vê-se a braços com uma guerra de poder de escala intergaláctica. O motivo? Jupiter partilha exatamente o mesmo código genético da matriarca de uma das famílias mais poderosas do universo, os Abrasax, e torna-se o alvo dos três filhos desta.
É nesta altura que Jupiter conhece Caine Wise (Channing Tatum), um soldado criado artificialmente (numa mistura genética entre um humano e um lobo) contratado por um dos irmãos Abrasax para a trazer até si e que vê nesta situação uma oportunidade para regressar à polícia espacial da qual foi expulso. Toda esta tensa situação resulta num (previsível) romance entre Jupiter e Caine que infelizmente não é muito credível.
A verdade é que todos os acontecimentos se desenrolam demasiado rápido para o espectador se ligar a qualquer personagem e tanto os vilões como os heróis acabam por cair nos clichés, revelando-se pouco interessantes. Mesmo Eddie Redmayne, recentemente aplaudido pela crítica pela sua interpretação como Stephen Hawking em A Teoria de Tudo, é ineficaz como vilão e tem um desempenho exagerado e algo típico para o tipo de vilão atual em grandes blockbusters. Contem portanto com grandes variações de voz e explosões de humor inexplicáveis.
Mesmo Mila Kunis e Channing Tatum nunca são donos das suas próprias personagens, dando a sensação que qualquer ator podia estar no seu lugar. Nesta altura torna-se claro que a culpa é do próprio argumento, visto que já todos tivemos oportunidade de ver estes atores em interpretações bem melhores.
Mas quer acreditem quer não, tudo isto podia ser desculpável não fosse a inconsequência de todo o enredo. A Ascensão de Júpiter está cheia de bons momentos e o conceito por detrás do universo criado pelos Wachowskis é legitimamente interessante, sobretudo a partir do momento que se revela o negócio da família Abrasax. Contudo, nem mesmo isso chega para desenvolver a personagem de Jupiter, uma possibilidade que ajudaria o filme a atingir outros patamares.
Mas como em qualquer filme dirigido pelos Wachowskis podem esperar efeitos de encher o olho e imagens verdadeiramente belas que farão as delícias de qualquer aficionado por épicos espaciais. Atenção especial ao frenético e espetacular confronto aéreo nos céus de Chicago no início do filme.
Pesados os prós e os contras, A Ascensão de Júpiter é um filme desequilibrado que, apesar de contar com um conceito interessante e cheio de possibilidades, não chega a satisfazer por inconsistências de argumento e pouca dimensão e evolução das suas personagens. Recomendado apenas para os maiores fãs dos Wachowskis e apreciadores de efeitos especiais.
6/10
Ficha Técnica:
Título Original: Jupiter Ascending
Realizadores: Andy Wachowski e Lana Wachowski
Argumento: Andy Wachowski e Lana Wachowski
Elenco: Mila Kunis, Channing Tatum, Sean Bean, Edward Redmayne
Género: Ação, Aventura, Fantasia
Duração: 127 minutos