Mensalmente, o Espalha-Factos irá dar destaque um autor. Numa rubrica intitulada ‘Autor do Mês’, serão publicados artigos relacionados com o escritor escolhido. Este mês é de J. R. R. Tolkien, cuja saga literária The Lord of the Rings veio revolucionar o género literário de fantasia.
John Ronald Reuel Tolkien nasceu em 1892 na agora província do Estado Livre na África do Sul. Aos três anos, viajou com a mãe e o irmão mais novo para Inglaterra, naquela que seria apenas uma visita familiar. Contudo, a morte do pai, que havia ficado na África do Sul, deixou a família sem grandes posses e não tiveram outra escolha senão permanecer numa aldeia em Worcestershire.
Sendo uma criança curiosa e inteligente, rapidamente aprendeu a ler e a escrever com fluência. O seu maior gosto ficava pelas línguas, pelo que a mãe ensinou-lhe as noções básicas de latim muito cedo. Quando a mãe morreu, Tolkien cresceu numa área de Birmingham chamada Edgebaston e estudou na Escola King Edward, tendo mais tarde ido para a Escola St. Philip.
A paixão pelas línguas levou a que, em conjunto com mais dois primos, começasse na sua juventude a inventar os seus próprios idiomas. Em 1911 passou férias na Suíça, uma aventura que o iria influenciar mais tarde nas histórias dos seus livros.
Ao contrário de muitos, Tolkien não se alistou quando a Primeira Guerra Mundial começou. Em vez disso, voltou a Oxford, onde continuou o seu trabalho na área das línguas, acabando por inventar algumas, especialmente a Qenya, uma das mais conhecidas. Finalmente, acabou por se alistar como segundo tenente nos Fuzileiros de Lancashire. Quando soube que tinha de embarcar para França, Tolkien casou-se com Edith Mary Bratt, que havia conhecido aos 16 anos. Apesar de ter entrado na guerra, a sua presença não durou mais do que alguns meses, acabando por dedicar a maior parte do seu tempo à escrita, que servia para ele poder aplicar os idiomas que inventara.
Foi Professor académico em Oxford, onde os ensaios que escrevia eram bastante influentes na comunidade académica. Escreveu e publicou alguns dos seus trabalhos como Beowulf: The Monsters and the Critics, que lhe serviu também como inspiração para as suas escritas futuras. A ideia para escrever The Hobbit surgiu-lhe quando um dia estava a examinar documentos de alunos que queriam entrar na Universidade e viu que um dos alunos havia deixado uma página em branco. Sem saber porquê, Tolkien escreveu apenas a frase “Num buraco no chão vivia um hobbit”, sem saber que viria a escrever uma das suas obras mais aclamadas.
Foi somente dois anos depois, em 1930, que decidiu começar a escrever The Hobbit, embora o tivesse abandonado a meio. Eventualmente continuou a escrever a história que viria a ser publicada em 1937. O livro foi bem aceite entre adultos e crianças, e o sucesso foi tal que não tardou para que os editores pedissem a Tolkien que escrevesse uma continuação. Escreveu The Silmarillion posteriormente, que considerou como a sua obra principal, mas a publicação não foi realizada por medo dos editores que não fizesse tanto sucesso como o livro anterior.
A conceção de The Lord of the Rings durou cerca de doze anos e foi publicado entre 1954 e 1955 em três volumes. Durante a escrita, Tolkien recebeu apoio de muitos dos seus amigos, inclusive de C. S. Lewis, o autor de The Chronicles of Narnia. Ao início, Tolkien havia pretendido escrever uma história do mesmo calibre de The Hobbit, mais virado para o público infantil, mas depressa a sua narrativa tornou-se mais negra e séria. Depois da publicação, a sua trilogia viria a ser imensamente popular nos anos 60, tornando-se numa das peças de literatura mais aclamadas do século XX.
Tolkien faleceu a 2 de setembro de 1973, dois anos depois da morte da sua mulher Edith. O legado literário que deixou fez com que o seu filho mais velho Christopher Tolkien editasse e publicasse os trabalhos do pai. O mundo viu então obras como The Silmarillion, Unfinished Tales e The Children of Hurin. Contudo, foram as suas obras iniciais que lhe valeram um lugar de destaque na literatura, e há quem ainda hoje o considere o pai da fantasia moderna, inspirando centenas de autores em todo o mundo. As suas obras já foram adaptadas para vários meios de comunicação como desenhos animados, banda desenhada e cinema. Em 2001, o mundo viria a conhecer mais de perto as suas obras influentes quando Peter Jackson lançou a trilogia de The Lord of the Rings em cinema.