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Homeland

Homeland: ainda em transição

Iron In The Fire, o quarto episódio da atual temporada de Homeland, é mais um capítulo de transição. Como há um ano atrás, esta season número quatro teve um primeiro terço lento. Nem tudo é negativo, no entanto… Se na terceira temporada se pressentia um certo arrastamento e incerteza no rumo a seguir, muito pelo esticar da vida de Damian Lewis na série, desta vez os produtores parecem ter um plano para todos sem desfasamentos temporais.

Não sendo um capítulo rico em acontecimentos ou em momentos de tensão cortante, Iron In The Fire revela um belo twist: a não morte de Haissam Haqqani, o terrorista alvo de um polémico bombardeamento com drones. A revelação de que o sobrinho Ayan sabia e escondia esse facto, traz uma nova dimensão à sua personagem e à representação do Médio Oriente. Fara sai revigorada desta importante descoberta (que aumenta o escopo da história), conseguida através da sua presença em campo, depois do falhanço em iludir Ayan no último episódio.

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Depois de uma semana mais simpática (em que não tentou afogar a filha ou em que não comemorou um mortal ataque com drones), o fator creepy de Carrie rebenta de novo a escala. A protagonista voltou a jogar sujo para conseguir o que quer. Não só não tem intenções de garantir a contrapartida acordada com Ayan (o que poderia ser tomado como uma compensação pelos danos causados) como decidiu (com sucesso) envolver-se sexualmente com ele. O objetivo é uma objetificação que visa a conquista da confiança de um jovem assustado e perdido. Sem esquecer que o manipulado em causa já tinha perdido familiares por responsabilidade (parcial) da agente da CIA.

Previsivelmente, Saul volta a ser necessário – para entrar em contato com um velho conhecido militar paquistanês – e o seu regresso aos EUA é adiado, mas Mandy Patinkin é um excelente ator num papel perfeito, ao ponto de tornar desejáveis quase todos os “previsíveis”. Qualquer diálogo que o tenha como interveniente é no mínimo cativante.

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Quinn, entretanto, continua ser o ignorado anjo de ombro de Carrie. A consciência moral do primeiro choca com a ética de “os fins justificam os meios” da segunda. Noutro plano, as facilidades administrativas e a liberdade que este, enquanto agente da CIA, tem tido para gerir a sua existência depois de vários episódios de violência é de uma inverosimilhança excessiva.

Começa a ser premente que Homeland acelere para uma segunda metade de temporada mais imersiva e intensa. Todavia, para já, é de saudar que o reset deste ano tenha sido tão brutal (decidida a continuação da série, ela teria de ser nestes moldes), que a presença de Brody viva quase só na angústia não falada de Carrie.

Nota: 7/10