O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
MI0000123384

EF Recomenda: 7 álbuns a não perder no final do ano

Estamos a entrar nos derradeiros meses do ano e no panorama musical isso implica uma agenda recheada no que toca a lançamentos de álbuns. Nestas últimas três semanas já tivemos uma dose relativamente densa de trabalhos de “alto perfil“. Desde os regressos D. Sebastianescos de Aphex Twin e Death From Above 1979 (ambos estavam sem lançar música há mais de dez anos) até à surpresa que foi o novo trabalho a solo de Thom Yorke, Tomorrow’s Modern Boxes, cuja plataforma de saída foi, peculiarmente, o bitTorrent.

Assim, o Espalha Factos decidiu elaborar um pequeno compêndio com sete destaques do que mais de recente se fez a nível sonoro para que possas estar a par e até descobrir novas propostas. Comecemos então:

Chinese Fountain, por The Growlers

O verão já pode estar distante à medida que nos arrastamos para outubro, mas a verdade é que os californianos (que também respondem por Los Growlers) não querem saber e entregam-nos o seu disco mais polido até à data. Desta feita, os sintetizadores tornam-se mais presentes e bastante mais acessíveis, com a componente estridente do órgão a dar lugar a um teclado funky derivado da pop. Aqui trocou-se um pouco a tarde ardente na praia por uma quente noite de verão, enquanto a tequilla acabou por dar lugar ao algodão doce. No entanto, a essência tradicionalmente ordinária e ácida do conjunto continua intocável. Ora comprovem:

Tomorrow’s Modern Boxes, por Thom Yorke

Enquanto a especulação ia crescendo nas redes sociais devido a uma série de posts crípticos de Thom Yorke no Twitter, meio mundo já andava a perder a cabeça pelo novo álbum dos Radiohead. Volta e meia e com algum sadismo, eis que surge Tomorrow’s Modern Boxes, que seguiu a tendência (já pouco) surpreendente dos últimos dois discos da banda-mãe do britânico, ao sair sem qualquer tipo de aviso. A ligeira nuance, desta vez, foi o facto de a sua casa ser o famoso serviço de file sharing, bitTorrent. À parte das peculiares estratégias de lançamento, que temos nós aqui? Mais um disco sólido e bastante dentro dos moldes daquilo que têm sido os projectos musicais recentes de Thom Yorke. Tomorrow’s Modern Boxes é o mais electrónico conjunto de músicas que lhe vimos lançar, no entanto, como sempre, o fio de emoção está sempre lá, é visível e sabe por vezes comover.

https://www.youtube.com/watch?v=Jm09dPpOwkI

Commune, por Goat

Podíamos estar aqui horas a discutir este projeto. Desde a indumentária quase satânica e aberrante, a sonoridade ultra-densa, tresloucada, feita para por o corpo a mexer até aos seus espectáculos ao vivo que podem realmente ser descritos como uma das coisas mais sui generis da música atual. A verdade é que este grupo sueco, que pega nos sons tribais e no calor da world music tem dado cartas na cena underground e lançou agora o seu segundo disco, Commune, pela lendária Sub Pop. A este ponto, não são precisas mais palavras. Ouçam e sintam:

https://www.youtube.com/watch?v=jBtmfEMBUtE

Syro, por Aphex Twin

Há que dar crédito onde o crédito é devido e Richard D. James merece toneladas dele pelo que fez pela música electrónica na década de 90. A sua influência é clara em todos dos espectros do género, mais nomeadamente na chamada “electrónica de ambiente“. A mesma surge ainda quando olhamos para as coisas mais recentes de uns tais de Radiohead, por exemplo. Os beats ora cerebrais, ora orgânicos e ocasionalmente completamente lunáticos do produtor britânico já não se faziam ouvir desde Drukqs (2001), portanto é natural que muito boa gente tenha rejubilado com o regresso do nome Aphex Twin (projectos secundários não contam). Syro é pouco mais de uma hora de viagens gélidas, corredores estreitos e compridos de ritmos dinâmicos e alguns piscar de olho a um drum n’ bass confiante e funky. Um dos momentos de 2014.

This is All Yours, alt-J

Vencedores do prestigiado Mercury Prize em 2012 pelo seu álbum de estreia, os jovens britânicos alt-J ascenderam muito rápido para um estado de graça. Com eles, levavam canções eficazes e perfeitas como Breezeblocks e Taro, enquanto agradavam multidões de dezenas de milhares de fãs que prestavam culto à “banda do triângulo” pela Europa fora. Em boa verdade, An Awesome Wave é um grande disco de estreia e uma razão para muita gente ficar curiosa com a resposta que o grupo iria dar na sua segunda investida. Boas notícias, foi uma de qualidade. This Is All Yours é tudo o que o primeiro disco nos fez gostar: as harmonias vocais, a clara inspiração na música oriental, aquele gosto bucólico nas canções… É tudo isso, enquanto evoluí o som da banda para algo mais conciso e maduro. E pelo meio, ainda há tempo para por samples de Miley Cyrus.

You’re Dead, por Flying Lotus

Creditado com um dos melhores produtores da atualidade, Flying Lotus lançou recentemente You’re Dead, o seu quinto álbum. O sucessor do muito bom Until The Quiet Comes explora ainda mais as tendências enraizadas no trip-hop e numa espécie de dubstep de sofá (que vai buscar muita coisa a um certo senhor acima mencionado nesta lista) enquanto nos oferece beats sólidos, cheios de groove e produção exímia. Existe também um role competente de colaborações, entre as quais figuram nomes como Kendrick Lamar e Snoop Dogg.

The Physical World, por Death From Above 1979

Quando Jesse F. Keller e Sebastien Grainger se uniram em 2004 para criar You’re a Woman, I’m a Machine, o mundo alternativo ficou incrédulo. Muitos consideraram o álbum inclassificável em termos de género aquando a sua saída, outros atreveram-se a chamá-lo de tudo, desde dance punk, noise pop e até dance-metal (a sério?…). A verdade universal aqui é que era um som incrível, que não deixava ninguém indiferente e que conseguia por qualquer um a dançar na pista num instante e a começar um mosh pit violento no outro. Assim, foi com relativa tristeza que o mundo viu a separação do duo canadiano em 2006, apenas para ver o nó reatado em 2011 para uma fervorosa tour internacional. Chegamos ao fim de 2014 e muitos atrasos depois, chega-nos The Physical World. O resultado? Uma estética sonora que não envelheceu, mas surge antes revigorada. Riffs simplistas, com uma incrível noção de ritmo e capazes de abrir buracos em paredes, bem como uma bateria que não vai parar até vir a polícia. Tivemos saudades.

https://www.youtube.com/watch?v=KfsXiRZvGi0