O novo programa de debate da RTP Informação estreou ontem apontava o relógio as 22h. Enquanto Manuela Moura Guedes, Isabel Moreira, Raquel Varela, Marta Gautier e Nilton, os jornalistas iam absorvendo o ambiente de pré-estreia: não existia muita ansiedade, houve tempo até para fotografias, para fumar um último cigarro, ir à casa-de-banho ou trocar umas últimas palavras antes do direto.
Já no estúdio, foi Marta Gautier que começou a conversa: “Qual é o teu nível de ansiedade, Nilton? De 0 a 10…”, ouvem os jornalistas através do canal interno da RTP, numa sala perto dos camarins. “Entre 2 e 4”, responde Nilton. Contudo, é Moura Guedes que intervém: “Meninas, vamos divertir-nos”, pede. A resposta foi unânime e visível durante todo o programa. Pouco depois, foi a vez de Nilton retribuir a pergunta à psicóloga. A resposta foi acima: “6 ou 7…”, mas logo a seguir, no início do programa, Marta Gautier ganhou a coragem e foi a primeira a comentar a atualidade portuguesa.
Aliás, a psicóloga e atriz Marta Gautier teve o discurso mais disruptivo da noite, até pelo exemplo da deputada socialista Isabel Moreira, em conversa com o Espalha-Factos, após o programa: “começa a defender a Ministra da Justiça [Paula Teixeira da Cruz] e depois diz que a ministra desistiu de si própria [riso geral]”. “Eu já não podia olhar para ti que as lágrimas vinham-me aos olhos”, disse logo a jornalista Manuela Moura Guedes a Marta Gautier.
A escolha do tema é feita por toda a equipa, mas segundo Isabel Moreira não é uma questão difícil por causa da própria “impulsão da atualidade”. Quanto à sua ideologia e a influência que isso poderá ter no programa, Isabel Moreira foi peremptória: “eu não deixo de ser socialista nem na amizade”.
Todas de diferentes quadrantes, as quatro mulheres que vão ter lugar cativo na Barca do Inferno chegaram cá através da política, da história, do jornalismo e a psicologia. Contudo, Marta Gautier admite que as outras três “têm mais bagagem técnica” e “muito mais cultas mediaticamente” do que a própria. Porém, logo acrescenta: “o meu tipo de olhar sobre a vida é outro, e as pessoas sabem que é próprio”. Por vezes, confessa, há um “desequilíbrio” no sentido em que se sente sozinha.
Nilton: o moderador
Será que o humorista já se arrependeu de moderar quatro mulheres? “Não, isto foi o programa piloto, mais longe, mas gostei muito obviamente. Tenho uma responsabilidade acrescida de tentar que todas falem, dar tempo para todas”, responde. “Aliás, terminei com um piropo para dar os parabéns a elas”, mas para a semana, assegura, “cada uma vai perceber o seu ritmo” e “vão saber que têm de condensar mais os comentários e os temas”.
José Manuel Portugal: “este é um programa de informação num canal de informação”
“Não é o humorista Nilton que está aqui […] e a Marta não é a mulher do stand-up que está aqui”, assegura o diretor de Informação da RTP para garantir que “este é um programa de informação num canal de informação”. “Há aqui uma visão mais informal, se quiserem”, explica garantindo que o programa vê sempre os temas de uma forma séria. Quando questionado sobre a escolha das comentadores, José Manuel Portugal foi direto: “estas senhoras foram escolhidas pela autoridade intelectual que representam, sobretudo isso, e pela independência que representa”.
E o nome? “Sátira, Gil Vicente, a leitura é imediata”, remata o diretor de Informação da RTP sobre a Barca do Inferno.