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Joana na China: 10 sítios que não podes perder em Chengdu (Parte 2)

Neste Verão parti à descoberta de Chengdu, na China, através de um estágio de voluntariado da AIESEC que durou um mês. Esta rubrica será um relato da minha experiência. Para leres a primeira parte deste artigo clica aqui.

Chengdu, a capital da província de Sichuan, atrai igualmente turistas e nativos. Com uma população de aproximadamente 14 milhões, é uma cidade em crescimento mas que carrega consigo a aura de uma China cuja História extremamente rica ainda se faz sentir nas suas ruas: uma mistura perfeita entre o tradicional e o cosmopolita. Não estamos portanto perante a grandeza de Pequim ou Shangai, mas porque haveríamos sequer de estabelecer tal comparação? Vem daí conhecer alguns dos locais mais enigmáticos que explorei durante a minha estadia nesta cidade pela qual acabei por me apaixonar.

6. Antiga Cidade Jiezi

Um dos locais predilectos que tive a oportunidade de visitar, a Antiga Cidade Jiezi, apesar de não ser das cidades ancestrais mais célebres na região de Chengdu, tem de certeza muito a oferecer.

Com uma história de mais de 1000 anos, está localizada sob a montanha Fengqi, mesmo ao lado do famoso Monte taoísta Qingcheng (o local de interesse subsequente nesta lista). A entrada é gratuita e autocarros partem a cada 30 minutos da Estação Rodoviária Jinsha, em Chengdu, rumo à cidade.

Aquilo que mais me impressionou neste lugar é realmente a localização. Possui a célebre combinação entre montanhas e água tão apreciada na China e torna perfeito um daqueles dias longe do barulho da cidade. Podemos caminhar ao longo do rio, onde muitos aproveitam para nadar ou pescar, e do outro lado antevemos a montanha e duas pontes. Dada a abundância de água, este é um local excelente para “fugir” do calor do verão, já que está povoado de casas de chá cujas inúmeras esplanadas assentam no canal do rio. Enquanto tomamos uma bebida podemos ter os pés imergidos na água.

A outra parte da cidade consiste na antiga Jiezi, com inúmeras bancas e restaurantes. Recomendo qualquer um a aventurar-se e a provar insectos ou aracnídeos. Os escorpiões custam apenas 15 yuan (1,89 euros) e são surpreendentemente saborosos, estaladiços e polvilhados com especiarias.

7. Montanha QingCheng

A Montanha Qingcheng é uma das mais famosas montanhas taoístas na China. Os preços de entrada variam entre 20 e 90 yuan (2,46 e 11,05 euros) dependendo da quantidade de locais que pretendemos visitar (incluindo templos e palácios). Subir ao topo da mesma, apesar de cansativo, é uma experiência tornada espectacular pelas paisagens verdejantes e múltiplos cursos de água que encontramos no decorrer da caminhada. Mesmo quando o calor aperta e nos sentimos cansados podemos simplesmente parar, sentarmo-nos numa rocha num dos riachos e deixar os pés imersos na água durante um bocado para recuperar forças.

Após chegar ao topo, sugiro realizar a descida através de um teleférico (30 yuan – 3,68 euros), não só porque é extremamente difícil descer a montanha, dado a afluência de gente e o cansaço acumulado, mas também porque a vista que se nos apresenta ao realizarmos a pequena viagem no ar é arrebatadora.

8. Templo Qing Yang Gong

Considerado o maior e mais antigo templo taoísta no sudoeste da China, o Templo Qing Yang Gong situa-se na parte ocidental da cidade de Chengdu.

Segundo a lenda, Qing Yang Gong foi o local de nascimento de Lao Tsu, fundador do Taoísmo, e também onde este deu o seu primeiro sermão. De acordo com registros históricos, este templo foi visitado por dois imperadores da dinastia Tang, sendo considerado um local histórico e cultural de grande importância em Chengdu.

Qing Yang Gong contém agora um grande número de edifícios circundantes ao templo, cada um dos quais com as suas próprias características arquitectónicas taoístas. Dentro do prédio principal existem painéis esculpidos dos oito imortais do taoísmo com os seus respectivos animais. Outra atracção é a estátua de Guanyin, a Deusa da Misericórdia, sentada numa flor de lótus. Existem ainda vários pátios, jardins, um excelente restaurante vegetariano e casas de chá.

9. Pandas Gigantes

Esta é talvez a maior atracção de Chengdu pois a cidade é conhecida por albergar uma reserva natural de pandas gigantes conhecida a nível mundial. Os pandas gigantes são não só um tesouro nacional chinês, mas também apreciados pelos quatro cantos do mundo. Encontram-se apenas nas províncias de Sichuan, Shaanxi e Gansu, sendo que no total existem menos de 1000, dos quais 80% estão distribuídos no território da província de Sichuan, mais precisamente nesta reserva localizada a 10km do centro. Logo, é natural que qualquer turista que visite Chengdu possua sempre como um dos seus principais objectivos ver os pandas gigantes.

A entrada na reserva é de 58 yuan (7,12 euros). Para além dos pandas gigantes é possível ver outros tipos de panda, incluindo os pandas vermelhos e até pandas recém-nascidos ainda conservados em incubadoras. É apenas importante salientar que apesar de o parque possuir uma área considerável, com inúmeros lugares que imitam o habitat natural dos pandas, os animais estão muitas das vezes no interior, dentro de edifícios onde apenas os podemos observar através de paredes de vidro. Isto acontece porque para além de dormirem muito, os pandas são extremamente sensíveis às condições meteorológicas como o calor, o frio ou a chuva. Por outro lado, espécies como os pandas vermelhos são mais resistentes e costumam permanecer ao ar livre.

No fundo, o importante a salientar aqui é não deixar tais condições aborreceram-nos quando visitamos este local. Afinal de contas, não é todos os dias que temos a oportunidade de ver as mais de 20 espécies de animais raros que o parque acolhe.

10. Clube Nocturno NASA

Chegamos assim ao último destino no meu TOP 10, talvez o mais surpreendente de todos os outros pois nunca pensei incluir um clube nocturno na minha lista. Contudo, o NASA é uma excepção à regra.

Este bar/discoteca localiza-se num edifício de aparência rica e polida no centro da vida nocturna em Chengdu. É no entanto um clube underground, frequentado apenas pelos conhecedores da sua existência. Ao entrar no edifício deparamo-nos com um hall de entrada majestoso, um enorme candelabro no tecto e não sabemos bem o que esperar. Quando nos dirigimos para o elevador, pressionamos o botão do 19º andar. Não existe qualquer indicação, nem na rua, nem no interior do prédio ou do elevador, que nos indique que naquele andar existe algum ponto de interesse. Ao sairmos do elevador, dirigimo-nos para a direita e deparamo-nos com uma porta que dá lugar ao NASA.

A entrada no NASA é gratuita, algo que considero surpreendente dado aquilo que este tem para oferecer. Por se localizar no 19º andar, tem uma vista surpreendente por toda a cidade, com inúmeras janelas de vidro largas em torno da discoteca. O espaço não é grande, possui o tamanho perfeito, com dois andares. Um dos seus melhores atributos é o de possuir inúmeros sítios para sentar, com mesas e puffs. A música (electrónica alternativa, trap e hip hop), não é demasiado alta pelo que é possível sentarmo-nos com amigos e ter uma conversa sem ter de estar aos gritos. A decoração é moderna, as luzes em tons de azul, com um ecrã enorme atrás do booth do DJ a passar repetidamente os créditos do Enter The Void, do realizador argentino Gaspar Noé.

Mas o melhor mesmo é a diversidade que se encontra dentro do local, algo que não vemos nas ruas de Chengdu. Pessoas com estilos completamente distintos, de diferentes países e etnias. Até as casas de banho são bastante limpas para um clube nocturno. O único ponto fraco são as bebidas, que considero caras (as mais baratas rondam os 25 yuan – 3 euros), mas é sempre preferível beber antes de ir para tais locais. Para concluir, nota 10.

Se quiseres saber mais sobre as experiências que a AIESEC proporciona, visita aqui a página oficial.

*Este artigo foi escrito, por opção da autora, segundo as normas do acordo ortográfico de 1945