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Entrevista EF. Luísa Barbosa: ”se não tivesse havido uma MTV, o resto não teria acontecido”

Deixou Vila Nova de Poiares para ser modelo em Lisboa. A televisão apareceu enquanto ela entrava para a Ordem dos Advogados. Não se arrepende do curso de Direito, mas não se vê a regressar ao código civil. Tem uma carreira pautada por escolhas diversificadas e o Fama Show ‘’é mais uma dessas opções’’. 5 Para a Meia-Noite e Planeta Música são projetos pelos quais já passou, mas recorda com particular nostalgia a sua experiência enquanto VJ da MTV. O Espalha-Factos esteve à conversa com Luísa Barbosa, a apresentadora portuguesa de 31 anos.

Espalha-Factos: Como começou o percurso até à televisão?

Luísa Barbosa: Eu já passava os Verões com os meus primos em Lisboa. Quando surgiu a oportunidade de começar a trabalhar como modelo, aos 15 anos, fez sentido vir para cá. Porque se tivesse ficado lá, em Vila Nova de Poiares não teria conseguido trabalhar. E vim para Lisboa morar com esses meus primos. Aos 18 anos fui para a faculdade tirar Direito. Quando estava a fazer a Ordem de advocacia participei pela segunda vez no VJ casting da MTV – já tinha participado antes – e fui escolhida.

EF: Gostavas de ter exercido Direito?

LB: Eu fiz a Ordem mesmo para descobrir como é que era a advocacia na prática. E no início ainda pensei que poderia ser uma coisa para a qual eu poderia voltar. Neste momento, não me vejo a fazer isso. Mas eu nunca digo ‘’nunca’’. Até porque posso fazer outras coisas ligadas com a área do Direito, quem sabe.

EF: E o Jornalismo ou a Comunicação Social nunca foram opções desde o início?

LB: A Comunicação Social era uma opção em relação ao Direito. Eu sou uma pessoa muito prática e quando fui ver as opções de um e de outro curso reparei que as saídas profissionais de Comunicação Social estavam também nas de Direito. Por isso pensei que fosse um dois em um. E decidi tirar direito. Decisão da qual não me arrependo, porque tudo o que se aprende – o cuidado com a palavra, o cuidado com a língua, o poder de argumentação, o tipo de raciocínio e até saber um bocado as regras do jogo da sociedade – é essencial. Para mim continua a fazer sentido eu ter tirado Direito e não Comunicação.

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EF: O que é que te fez participar no casting da MTV?

LB: Ah, era a MTV! Eu, na verdade, não tinha ambições no sentido de querer ser apresentadora de televisão, mas tinha aquela coisa de ir trabalhar para a MTV! Porque unia a comunicação com a música. E quer dizer, para toda a gente que cresceu nos anos 1980 e 1990, a MTV tinha uma importância diferente daquela que tem hoje. Era ‘’o’’ canal de música. Um canal jovem, que tinha toda uma mística. Eu ainda cresci com a MTV Europe pela parabólica (ainda antes da TV por cabo). Pareceu-me uma coisa divertida na altura.

EF: Foi uma aventura?

LB: Sim, foi isso. E da segunda vez que fiz o casting pensei ‘’vou tentar, pelo menos’’. Tentei e correu bem.

EF: Logo a seguir, passaste pelo 5 Para a Meia-Noite. Valeu a pena?

LB: Sem dúvida! O 5 para a Meia-Noite era algo que eu queria muito fazer na altura. E era o que fazia mais sentido – eu, para sair de uma MTV, teria de ser para algo que achasse que valia mesmo a pena. E o foi esse programa. Tenho pena de que tivesse durado tão pouco tempo, mas são circunstâncias. Adorei fazer, foi trabalhoso. Eu entrei num comboio em movimento e tinha de arranjar uma equipa, geri-la. Mas isso foi óptimo para mim. Foi um grande salto a nível de competências e de aprendizagem. Também foi quando comecei a fazer diretos à séria. Só tenho boas recordações.

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EF: E em relação ao projecto mais recente, o Fama Show – como surgiu essa oportunidade?

LB: Surgiu de uma forma natural. Fui contactada pelo Daniel [Oliveira], numa altura em que já se pensava na saída da Andreia [Rodrigues], que estava com outro projecto, e em que ele já planeava encontrar alguém para a substituir. Ele andava a sondar várias pessoas e quis saber se eu estava disponível. Eu disse que sim e umas semanas depois ele telefonou-me a dizer que tinha sido escolhida.

‘’Uma pessoa que trabalhe com a imagem não pode, simplesmente, não querer saber’’

EF: É um formato que está muito ligado à imagem. Passaste a redobrar a atenção com o corpo?

LB: Não. A verdade é que eu sempre tive cuidado com isso. Trabalhei como modelo desde os 15 anos, portanto foi uma coisa que esteve sempre presente. Eu continuo a ter cuidado – claro que sim. Eu trabalho com a imagem – seria irresponsável da minha parte não ter cuidado. Mas acima de tudo o meu foco é a saúde. Gosto de me alimentar bem, porque dou importância, nutricionalmente, àquilo que como.

Pode parecer cliché mas eu acredito naquela máxima que diz que ‘’somos o que comemos’’. Também gosto muito de praticar exercício físico. Joguei basquetebol quando era mais nova. Hoje em dia é mais ginásio. Preocupo-me com a imagem, mas com a ideia de bem-estar. E claro que isso tem consequências a nível de imagem. Uma pessoa que trabalhe com a imagem não pode simplesmente não querer saber. Nem que seja pela necessidade de ter determinada estrutura ou determinado aspecto. Pode passar pelas personagens que temos de fazer.

EF: E como é a relação com o restante elenco?

LB: Ninguém quer acreditar nisto mas nós damo-nos todas bem. Trabalhamos juntas quando gravamos os pivots do programa e depois fazemos muito trabalho individual – as reportagens e tudo mais. Elas têm sido sempre impecáveis. Receberam-me da melhor forma. Da primeira vez que gravamos até me levaram a almoçar – e deram-me logo dicas de trabalho.

EF: Qual é o papel de programas como o Fama Show no panorama televisivo actual?

LB: Eu penso sempre em termos de público. Programas como o Fama Show aproximam o público de uma realidade que lhes é estranha e que por vezes lhes parece muito distante. É um mundo diferente e que parece fantástico. As pessoas – até mais as pessoas que vivem fora dos centros urbanos e as que não estejam ligadas à área do entretenimento – vêem as pessoas na televisão e criam um tipo de admiração por elas.

É normal que queiram fazer parte desse mundo. É o que faz as pessoas assistir a novelas – sentem-se parte daquela história. Programas como este, chamados magazines, ligados ao social, é um bocadinho isso que fazem. Com boa disposição, um estilo animado e divertido aproximam as pessoas daquele mundo. E acho que sempre se fez isto de alguma forma.

EF: E o Canal Q – o teu futuro na televisão passa mais por aí?

LB: Quem sabe. Eu gostava muito de voltar a trabalhar com o Canal Q. Até mesmo se fosse para fazer uma coisa diferente e não necessariamente a continuação da Fábrica dos Pentes. Eu gosto muito de trabalhar com humor e gostava de fazer mais coisas. Hoje em dia é muito assim, quando as vontades se cruzam… Gostei muito da experiência.

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‘’Tenho um acumular de trabalho que mostra que não sou só uma menina bonita’’

EF: Tens medo de cair no estereótipo de ser apenas uma menina bonita?

LB: Honestamente, eu tenho sempre esse medo. Levei muito na cabeça quando era mais nova no sentido de não poder ser vaidosa. Portanto não é um papel no qual eu me sinta confortável. E eu até acho que é por isso que houve pessoas que ficaram muito surpreendidas com a minha entrada para o Fama. Mas também acho que fazer este programa não é só ser uma menina bonita. Isso seria redutor do trabalho que lá se faz. E também já tenho um acumular de trabalho anterior, que mostra que eu não sou só uma menina bonita. E, em princípio, para chegar até aqui já tive de mostrar que, efectivamente, já trabalhei.

EF: Também para combater aquela ideia de que a mulher bonita não pode ser inteligente.

LB: Ou que a mulher bonita não é engraçada. As pessoas também ficam surpreendidas com o meu sentido de humor, o que é muito estranho. Porque é que se há-de tirar ilações a partir do meu aspecto em relação ao meu sentido de humor ou ao meu QI? Isso não faz sentido absolutamente nenhum. São generalizações que cada vez menos fazem sentido. Mas eu não posso controlar a cabeça das pessoas. Só espero que o meu trabalho mostre que eu sou mais do que uma menina bonita.

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 ‘’Em comunicação, o que funciona melhor é sermos nós próprios’’

EF: Quais são, ainda, os teus objectivos na televisão?

LB: Gostava de voltar ao formato talk show, gostava de voltar a trabalhar com música, gostava de trabalhar com humor. Há tanta coisa. Acima de tudo quero continuar a poder diversificar. O meu registo mantém-se – um registo divertido, tendencialmente jovem e isso eu não quero mudar. Em comunicação, o que funciona melhor é quando somos nós próprios.

EF: Dia 10 julho vais estar no novo palco do Optimus Alive – o Palco Comédia. Como vai ser?

LB: Nem eu sei! Logo que soube que ia haver um palco de stand-up no Optimus Alive achei imensa piada. Mas nunca pensei que eu lá fosse estar. Eu já fiz stand-up e agora andava a fazer menos. Surgiu esta oportunidade e como eu acho que quando se aprende melhor é quando somos atirados aos tubarões, disse logo que sim. Mesmo sem ter texto preparado. Nem andava com muita cabeça para escrever, porque ainda estava a ajustar os meus horários e a minha agenda e adaptar-me a este novo ritmo do Fama.

Este projeto vai obrigar-me a trabalhar a parte do humor. Vamos ver como corre. Eu espero que haja gargalhadas. Tenho a perfeita noção de que vai ser um público complicado, porque as pessoas não estão lá necessariamente para rir – estão para ouvir música. E espero que as pessoas que não sabem que eu faço stand-up fiquem agradavelmente surpreendidas. Será sinal de que eu fiz um bom trabalho.

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EF: Quando a Luísa Barbosa está sentada no sofá, o que é que ela vê?

LB: Eu sou uma viciada em televisão, mas recuperada. É um vício como qualquer outro. Quando eu era pequena congelava em frente do ecrã. A minha grande cura foi ir para a faculdade. Hoje em dia, tenho menos tempo e tenho uma coisa que se chama smartphone. E passo muito tempo com ele – contacto com amigos, redes sociais, jogos. Ultimamente tenho notado que tenho visto pouca televisão.

Mas, no geral, vejo muitas séries – gosto muito. Se apanho algum filme também vejo. Gosto de programas como o Daily Show, o Eixo do Mal. Hoje em dia, tenho dificuldade em ver telejornais inteiros, e o Eixo do Mal é um programa que me permite estar atualizada, sendo que tenho logo ali duas ou três perspectivas diferentes do assunto, para além de que tudo é discutido com humor, o que é sempre positivo. Adoro ver programas de culinária, como o Masterchef Austrália – é um produto muito bem conseguido. E adoro comida.

EFSe tivesses de escolher um marco na tua carreira, qual seria?

LB: Só faz sentido voltar ao início. Se não tivesse havido uma MTV, o resto não teria acontecido. Se eu não tivesse tido uma atração pelo canal – como forma de comunicação e não apenas pelo seu registo diferente -, se calhar eu também não me teria posto num casting para a RTP, por exemplo.

‘’Gosto de experimentar coisas diferentes. Nem que seja para saber que alguma coisa não é o meu registo’’

EF: E quanto a esta emissão do Rock In Rio, com a SIC Caras?

LB: Foi diferente. Eu estou mais habituada ao registo festival de andar a correr de um lado para o outro. Esta emissão foi um pouco na linha daquilo que eu tinha feito nos Globos de Ouro e com os Grammy’s para a SIC Caras. Nestas duas situações, eu estava enfiada num estúdio de som com o Rui Tendinha a comentar a emissão. Desta vez estava a comentar o festival e ia tendo entrevistas pelo meio. Foi um bocado mais distanciado, mas eu gosto de experimentar coisas diferentes. Nem que seja para saber que alguma coisa não é o meu registo. Há coisas que têm de se experimentar.

Registo Fotográfico: Inês Delgado

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