Esta semana teve lugar no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, o Met Gala: um baile que acontece anualmente e que, este ano, marca a inauguração da exposição dedicada a um dos mestres históricos da alta costura, Charles James. Ao contrário do esperado, a red carpet mostrou-se invulgarmente desenquadrada do tema da gala.
Anna Wintour, diretora da Vogue america, e Sarah Jessica Parker foram as anfitriãs deste baile que tem como propósito angariar fundos para o museu e inaugurar uma nova exposição temporária. Este ano, o Metropolitam dedica a sua atenção ao trabalho de Charles James numa mostra que traz a público mais de 70 das suas criações, realizadas durante os anos áureos da alta-costura. À semelhança de Dior e outros grandes mestres, James foi responsável por repensar a silhueta feminina no pós-guerra e redescobrir o luxo e a exuberância de outrora. Não tinha nenhum treino formal e exibia, contudo, um inegável reconhecimento dos desejos femininos, esculpido as suas criações em largos drapeados em torno do corpo das suas clientes. Não é, ainda assim, um nome familiar para a maioria do público. Esta mostra parte da necessidade de celebrar e dar a conhecer o trabalho de Charles James.

O minimalismo reuniu as preferências de algumas convidadas. Aqui, Victoria Beckham num design da sua autoria e o detalhe das costas do vestido de Rihanna, em Stella McCartney.
O Met Gala é um dos eventos sociais mais concorridos do universo da moda e das celebridades e este ano contou com a participação de Frank Ocean num momento musical. Cada entrada custou aos presentes 25.000 dólares, valor propositadamente alto para afunilar a lista de convidados. Especula-se que Anna Wintour não terá gostado da interpretação dos seus convidados ao tema Punk, a proposta para o ano passado. Este ano foram incumbidos de vestir white tie e o tema exigia às senhoras alguma exuberância e aos homens, classicismo e rigor.
Se o punk se mostrou um tema suficientemente deslocado, levando Grace Coddington a expressar num desabafo a vontade de ver, na red carpet, os verdadeiros punks dos anos 60. Este ano, os convidados, designers e stylists mostraram-se ineficazes e incapazes de atender ao tema. Neste vídeo, Anna e Sarah Jessica analisam as escolhas masculinas e a conclusão é simples: pouquíssimos homens, dos mais clássicos aos mais trendy, conseguiram atingir os rígidos códigos de white tie, fora aqueles que os desrespeitaram deliberadamente. Destacaram-se pelo rigor Benedict Cumberbatch, Douglas Booth e Bradley Cooper. Numa versão menos rigorosa mas igualmente sofisticada, David Beckham, Hugh Dancy, Kanye West ou Andrew Garfield trouxeram o toque certo de moda.
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Os looks das senhoras pediam, surpreendentemente, para o minimalismo, contudo descompassado do trabalho do criador. Poucos foram os momentos em que os stylists e criadores tentaram jogar com a desconstrução das suas silhuetas de forma a obter um resultado depurado. Charles James foi literalmente ignorado pelas pessoas que atenderam à sua homenagem. Os ensembles de Oscar de La Renta, contemporâneo de James, foram, sem supresa, os que melhor encaixaram numa passadeira em que se pedia sonho e vestidos luxuriantes, contudo, sem o factor inovação que uma gala de moda deve fornecer.
A maior surpresa da noite foi, sem hesitações, Sarah Jessica Parker numa interpretação kitsch do vestido túlipa de Charles James, com assinatura – literalmente – de Oscar de La Renta. O designer decidiu inscrever na cauda o seu nome em letras suficientemente visíveis para erguer algumas vozes contra este ato que consideraram egocêntrico e desrespeitoso. Ainda assim, Sarah encarnou o glamour da alta-costura e o humor que nos lembra a eterna Carrie de O Sexo e a Cidade.
Outra supresa – e também o look mais controverso da noite – foi Lupita N’yongo. A recém galardoada com um Oscar de melhor atriz secundária pelo filme 12 Anos Escravo, apareceu num cintilante vestido Prada em cristais verdes, com plumas na mesma cor. A cor do cabelo, num roxo quase imperceptível, e jóias Cartier, num ensemble que poderia ter sido retirado de O Grande Gatsby, não tivesse Miuccia Prada colaborado na produção dos figurinos do filme. Definitivamente desenquadrado, o look destacou-se pela jovialidade e pela capacidade de gerar buzz.

Ambas de capa, Janelle Monae vestiu Tadashi Soji e Florence Welch, vocalista de Florence & the Machine, estreitou relações com a marca Valentino ao envergar este look.
Stella McCartney, Givenchy e De La Renta foram os designers que reuniram maior preferência por parte dos convidados. Abstendo-nos de qualquer referência ao tema, destacaram-se pela positiva Janelle Monae (em Tadashi Shoji), Florence Welch (em Valentino), Karolina Kurkova (Marchesa), Rihanna (em Stella McCartney), Blake Lively (Gucci), Charlize Theron e a discreta Marion Cotillard (em Dior), as gémeas Olsen, entre outros looks singulares.
De resto, a passadeira vermelha do museu nova-iorquino teve ainda espaço para algumas brincadeiras, uma destas protagonizada pelo casal mais influente do show-buzz. Beyoncé deixa inesperadamente cair o seu anel e Jay Z, depois de o encontrar, aproveita para simular um pedido de casamento. Kim Kardashian, após de ter sido altamente criticada pela escolha do ano passado, surgiu este ano mais sóbria e elegante num vestido azul.
Quanto aos desastres, chegam-nos em catadupa. De Kate Upton em Dolce & Gabbana a Maggie Gyllenhaal em Valentino, passando Rita Ora ou por Sandra Lee.