O Espalha-Factos terminou. Sabe mais aqui.
eurovisão 2014

E se os melhores artistas europeus fossem à Eurovisão? (III)

Apesar de se autoproclamar como o “programa televisivo preferido da Europa”, o Festival Eurovisão da Canção tem perdido em vários países a mística que outrora existia no coração das gentes do Velho Continente.

Muitos entre as gerações mais novas acham a maioria das canções enfadonhas ou demasiado cheesy e vêem, por isso, o concurso como algo obsoleto e ultrapassado. As gerações mais velhas criticam a qualificação automática dos Big Five (Alemanha, Itália, Espanha, França e Reino Unido) e a ausência de grandes vozes, como as que ecoavam nas edições dos “tempos dourados”. A verdade verdadinha é que os artistas, que todos os anos se fazem ouvir por alturas de maio na RTP, não são propriamente os mais talentosos ou célebres que os respectivos países têm em stock.

Mas… e se fossem? Como seria se as melhores bandas e intérpretes de cada país europeu subissem ao palco da Eurovisão? Ao longo desta semana, o Espalha Factos irá além-fronteiras, qual Vasco da Gama, à descoberta daqueles que são os verdadeiros grandes músicos dos 37 países que participam este ano no Festival Eurovisão da Canção. As opções eram muitas e as escolhas são sempre subjectivas, mas estes são para nós a créme de la créme da música europeia.

Devido ao avultado número de países (37!) que participam no certame europeu, esta prospecção aos grandes talentos irá ocorrer ao longo de três artigos. Este é o terceiro e último.

Malta – Beangrowers
“Pleonasmando”, ouvir as canções dos Beangrowers é surpreender-se com as surpresas trazidas por uma surpresa musical. Os “produtores de feijão” são um daqueles projectos que só se estranha no início, depois torna-se viciante. Surpreendentemente viciante. The Priest, Quaint Affair e, principalmente, Not In A Million Lovers, que é uma surpresa viciante (não sei se já tinha dito?), deixam-nos em transe pelo ritmo, pelo talento e pela sinceridade, que tanto falta à música de hoje em dia. O talento não escolhe países, mas neste caso escolheu Malta.

Menções honrosas: Chasing Pandora, Kevin Borg e Beheaded.

Moldávia – Dan Bălan
Corria o ano de 2004, quando os moldavos O-Zone tomaram de assalto Portugal, e praticamente toda a Europa, com o hit de verão Dragostea Din Tei. Não, ao contrário do que muita gente pensa, os O-Zone não morreram num acidente de avião, mas separaram-se em 2005. Dos destroços do acidente aéreo que nunca aconteceu, Dan Bălan é hoje em dia o membro mais bem-sucedido da tripla moldava, fazendo sucesso como cantor e produtor de pop comercial. Ainda assim, Dan Bălan será sempre associado aos O-Zone e a malhas como De Ce Plang Chitarele, Despre Tine e a já citada Dragostea Din Tei.

Menções honrosas: Pavel Stratan, Radu Sîrbu e Alternosfera.

Montenegro – Perper
Montenegro foi uma das grandes surpresas da primeira eliminatória da Eurovisão, que também tinha Portugal, passando à grande final. Com todo o respeito pelo senhor Sergej Ćetković, que conseguiu uma passagem histórica, existem coisas bem mais interessantes vindas de Montenegro. Os Perper são a banda mais endeusada do país e percebe-se porquê ao ouvir canções como Kome Dolazis U San ou Na Svetoga Nikolu. O quinteto mistura a tenacidade do rock com os traços épicos do jazz e o resultado é de ouvir e chorar por mais.

Menções honrosas: Barska Stoka, PG Crew e DST.

Noruega – Kings of Convenience
O que são dois hipsters com caras de nerd a tocar guitarra? A resposta certa é Erlend Øye e Eirik Glambek Bøe, os reis da conveniência! Os noruegueses são como que uns Simon&Garfunkel, mas mais modernos e mais escandinavos. Originalidade é algo que não lhes falta, nem tão pouco a mestria para dedilhar as cordas da guitarra em músicas como Misread, Homesick ou Toxic Girl. Com 15 anos de carreira completos, é seguro dizer-se que os Kings of Convenience são uma das mais bem-sucedidas bandas saídas do país do bacalhau.

Menções honrosas: Röyksopp, Turbonegro e Ulver.

PORTUGAL – Moonspell
A subjectividade do gosto é uma das coisas mais engraçadas que a música tem. Muitas vezes ignorados (ou invejados?) cá dentro e amados lá fora, os Moonspell são, apesar da subjectividade do gosto, a banda portuguesa que mais impacto tem além-fronteiras. Fernando Ribeiro e companhia inspiraram-se na mestria de Quorthon (Bathory) e apanharam o comboio da cena gótica europeia para se tornarem num dos ícones do gothic metal. Apesar do metal não ser propriamente o prato do dia em terras lusas, a banda da Brandoa conseguiu já um primeiro lugar no top de vendas português, proeza nunca antes conseguida por uma banda de heavy metal. Faixas como Opium, Luna, Alma Mater ou Vampiria são propostas de excelência, apesar da subjectividade do gosto…

Menções honrosas: Buraka Som Sistema, Xutos e Pontapés, Madredeus e Mariza.

Polónia – Vader
Em 1983, os Vader levaram as palavras de Darth Vader demasiado a sério e tornaram-se “os pais” da música polaca. Num país onde a diversidade musical não abunda, vai reinando o metal com bandas como os Decapitated, Behemoth, que vêem ao Vagos este ano, ou os Graveland. Já os Vader são uma das bandas mais influentes da cena europeia, ao ponto de terem vendido já mais de um milhão de álbuns. Algo impressionante para uma banda de death metal, um género ainda algo underground. Para uma visita guiada ao mundo luciférico dos Vader, aconselhamos This is the War, Dark Age e Helleluyah!!! (God Is Dead).

Menções honrosas: Riverside, Donotan e Behemoth.

Reino Unido – Adele
Escolher o “melhor/maior” artista do Reino Unido é uma tarefa muito ingrata, mas tem de ser feita. Dado o astronómico número de bandas/artistas gigantescos do país de sua majestade, os critérios basearam-se na unanimidade dada pelas diversas gerações e do sucesso que tem hoje em dia. E ganhou a… Adele. A londrina parece ter uma espécie de toque de Midas, mas em formato musical: tudo aquilo que canta transforma-se em ouro. Após um mini-hiato, a cantora voltará brevemente aos álbuns com 25. Enquanto não chega nada novo, os fãs vão-se entretendo com Rolling in the Deep, Someone Like You ou com a poderosa Set Fire to the Rain.

Menções honrosas: Elton John, Rolling Stones e Coldplay.

Roménia – Alexandra Stan
Se a Roménia não fosse um país, o que é que seria? Uma discoteca. A quantidade de romenos que anima as noites europeias é abismal. Apesar de nomes conhecidos como Edward Maya ou Inna, a jóia da coroa romena é mesmo Alexandra Stan. A “Miss Saxobeat” tem em cardápio hits que são presença assídua em todas as pistas de dança, com destaque para Get Back Asap, 1.000.000 e Mr. Saxobeat. O uso do saxofone não deixa ninguém indiferente e foi como que uma lufada de ar fresco na indústria dance e europop. O saxofone de Alexandra Stan promete ecoar por toda a Europa durante os próximos anos…

Menções honrosas: Inna, Morandi e Edward Maya.

http://youtu.be/lAhHNCfA7NI

Rússia – Aquarium
A Rússia olha para música da mesma forma que um estudante olha para a sua viagem de finalistas: “o que acontece lá, fica por lá“. Com excepção das t.A.T.u. e das Pussy Riot, são poucos os artistas russos que conseguem ter tempo de antena fora de território russo. Graças a 40 anos de carreira e a algum talento, os Aquarium propagaram o seu rock com traços de folk e reggae por toda a Rússia e pelos países da periferia. A língua pode ter um efeito desmotivador, mas faixas como Thirst e  The Volga Boatsman Song são representativas da qualidade dos Aquarium.

Menções honrosas: Vitas, Mashina Vremeni e Neoclubber.

São Marino – Helia
Toda gente pensa que em São Marino só existe uma cantora e por isso é que nos últimos três anos foi Valentina Monetta a representar o país na Eurovisão. Bem, é mentira. Na competição nacional foram 22 os pretenders para representar São Marino em solo dinamarquês. Um deles foram os Helia, uma banda que mistura o hardcore com o trance e derivados, um pouco na onda dos Enter Shikari. O quinteto usufrui hoje em dia de algum reconhecimento mundial, muito graças a um cover que fizeram da canção Alejandro de Lady Gaga. Entre os originais, destaque para Timetravel e Gaia.

Menções honrosas: Ancient Bards, Violent Sutura e Nothing Inside Eyes.

Suécia – Roxette
Todo o indivíduo que se preze e que ouça música tem meia dúzia de guilty pleasures. Os Roxette devem ser para muita gente uma espécie de prazer-fantástico-mas-que-tem-de-ser-escondido-sob-pena-de-humilhação. Quem nunca cantou Listen to Your Heart no banho, que atire a primeira pedra. A dupla sueca sabe fazer grandes hinos como ninguém e os mais de 60 milhões de discos vendidos são prova disso. Canções como It Must Have Been Love, The Look, Joyride e Fading Like a Flower dominam a tabela de músicas mais vezes cantadas no banho em estado de euforia altamente avançado.

Menções honrosas: Europe, Ace of Base e Basshunter.

Suiça – Yello
Acreditem ou não, nos anos 70 não era só ao som do boogie que se abanava o capacete, a electrónica estava a crescer e a um bom ritmo. Na Suíça, os Yello foram os grandes impulsionadores do movimento do robot dance e foi em ’83 que o trio ganhou finalmente destaque internacional, conquistando as pistas de dança com I Love You ou Lost Again. Já sem um membro, Boris Blank e Dieter Meier continuaram a mandar malhas cá para fora, algumas marcaram presença no grande ecrã fosse no filme American Pie – O Livro do Amor, nas séries de animação South Park e The Simpsons, ou até mesmo no vídeo jogo, Gran Turismo 4.

Menções honrosas: Gölä, Stefanie Heinzmann e Samael.

Ucrânia – Gogol Bordello
Era uma vez um rapaz ucraniano chamado Eugene Hütz, descendente de ciganos, que, na sua adolescência, gostava muito do rock vindo do mundo ocidental. Passados 20 anos, o rapazito já entrou em alguns filmes conhecidos e é o mastermind de uma banda de sucesso chamada Gogol Bordello. Entre grandes elogios de grandes críticos mundiais e algumas presenças em Portugal, os Gogol Bordello, que são compostos por oito membros, vão tendo sucesso com Start Wearing Purple, Wonderlust King, Pala Tute, entre muitas outras.

Menções honrosas: Kamaliya, Stoned Jesus e KAZAKY.

Agradecimentos especiais: Inês “Lobi” André.

Espalha-Factos acompanha a final do Festival da Eurovisão com um evento especial em que iremos assistir ao espetáculo em conjunto com todos os que quiserem aparecer, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de LisboaFica a conhecer o evento e confirma presença!

Zeen is a next generation WordPress theme. It’s powerful, beautifully designed and comes with everything you need to engage your visitors and increase conversions.