O Portugal Fashion Organic fechou em grande. Sábado, dia 29, a Alfândega do Porto recebeu 29 coleções. Nomes como Carlos Gil, Ricardo Preto e Luís Onofre apresentaram as suas propostas e deu-se o concurso Bloom, uma novidade desta edição.
O dia abriu com INDUSTRY na passerelle principal: Ballentina, Cheyenne, Concreto e Mad Dragon Seeker apresentaram as suas propostas para o próximo ano.
A primeira criadora a apresentar a colecção no espaço Bloom foi Teresa Abrunhosa. A designer apostou numa silhueta extremamente feminina, inspirada nos anos 60, contrastante com casacos oversized, bombers e calças masculinas. Ênfase nos detalhes metálicos e nos jogos visuais “derivados da tridimensionalidade estereoscópica”.
Fonte: Vogue Portugal
Os sapatos foram o foque do seguinte desfile principal, com coleções da Dkode, Fly London, Goldmud e Alexandra Moura, J. Reinaldo, Nobrand e Silvia Rebatto.
Uma hora depois chegava a vez de Carlos Gil apresentar a “Valsa dos Pássaros”. O criador apostou na marcação das cinturas, nos tons metalizados conjugados com peles e penas, inspirados nas aves que “Bailam, mostrando as suas vestes e encantam quem os avista”.
Fotografias de Juliana Pereira
Ricardo Preto apresentou “Movimento” para a marca Mear, coleção que aspira ser “um reflexo da alma feminina”. O designer revelou em entrevista ao Espalha-Factos que “contive um pouco as cores” pois ”gosto muito de quando as pessoas gostam daquilo que faço (…) e as cores escuras recebem sempre maior aceitação”. “Os estampados tinham santos, arcanjos, anjos, um encanastrado de pneus, um de cordas e paisagens. Eu vou reunindo desenhos meus, imagens, que nunca sei quando vou utilizar. Esta coleção é mais escura, mais guerreira, e lembrei-se desses de cordas, e pneus, que são assim mais fortes”. O designer considera a sua coleção “fácil de vestir” e elege os vestidos de camiseira, que já faz há três anos, como a sua peça de eleição.
Fotografias de Juliana Pereira
A moda masculina ganhou mais destaque neste último dia com “Dandy” de Vicri e a coleção de Dielmar. Vicri inspirou-se num dandy (“o cavalheiro perfeito, sempre impecavelmente vestido e atento às tendências, mas sem ser seu prisioneiro”) e adaptou-o aos nossos dias. As linhas tornaram-se rígidas e formais, aliando-se a um corte conservador que respeita as regras da silhueta clássica masculina. Os estampados tornaram-se looks gráficos totais, e as camisas, peça essencial na marca, são inspiradas numa camisa clássica.
Fotografias de Juliana Pereira
Dielmar retirou a sua inspiração do filme “The Thomas Crown Affair”, expoente dos anos 60 e do homem moderno que reconhece a importância do vestir bem. É uma coleção nobre que veste “o homem contemporâneo com o requinte e a criatividade de outros tempos”.
O concurso Bloom foi um dos grandes momentos do dia. Oito novos criadores apresentaram as suas coleções e competiram por quatro lugares no pódio, com cada um a apresentar quatro conjugados.
Ana Catarina Santos apostou numa coleção inspirada no Supremantismo e no cubismo de Sonia Delauney, Ana Vicente debruçou-se no ponto em que tudo muda, Eduardo Amorim na proteção fornecida pela parka, António Vaz Soares adaptou técnicas de Design do Produto às peças que criou, João Rôla pegou na imagem composta por elementos como papel e fita-cola crepe, Martinho Gonçalves inspirou-se no mármore de Kevin Francis Gray, Pedro Neto na obra “Self Burial” de Keith Arnatt e Teresa Carvalheira debruçou-se na preservação e na continuidade.
O vencendor do concurso foi Pedro Neto, seguindo-se João Rôla, Ana Catarina Santos e Eduardo Amorim.
O Bloom recebeu mais três criadores: Klar, o último da noite, que apresentou uma coleção conceptual e desportiva, Cláudia Garrido, que trabalhou a malha tricotada inspirando-se nas “Ghostmothers” e Joana Ferreira, que apostou no contraste de materiais e nos tons escuros e metalizados.
Lion of Porches apresentou três linhas diferentes: a tradicional “Lyon”, a segunda, “Colorful Hunting“, e, por fim, “City“. Lyon propõe “um casualwear de cariz urbano e descontraído”, recheado de motivos alusivos ao ambiente britâncico. A segunda linha é baseada na caça: uma coleção para momentos ao ar livre, com xadrezes tradicionais, cachemiras e outros materiais. A linha “City” é um casualwear trendy e sofisticado que criam uma coleção fluída e confortável, aliada a cores refinadas como o preto com marinho, o rosa, o bordeaux e o gelo.
Fotografias de Juliana Pereira
Luís Onofre apresentou uma coleção com um toque inesperado. As botas, botins (com destaque para as botas acima do joelho) em materiais nobres (pelo, pele, camurça, com detalhes metálicos contrastantes) e cores invernosas, como castanho, mel, vermelho e verde seco. Nesta coleção surge um toque mais sporty, com a apresentação de ténis, que, embora descontraídos, mantém a elegância característica da marca.
Fotografia de Juliana Pereira
Miguel Vieira fechou o dia e esta edição do Portugal Fashion. “Uma Noite de Inverno” é sinónimo de mudança e adaptação de “Beleza, distinção, elegância e poder de sedução”. O look é clean e puro, as cores completamente invernais; as peças retiram inspiração aos smokings, há criações oversized e ombros descaídos. “É uma noite de inverno no hemisfério norte” que nos traz as tendências para a próxima estação.
Fotografias de Juliana Pereira