Mais uma vez, o Espalha-Factos fez-se à estrada por terras de sua majestade para te trazer um pouco do mundo que há aí fora até ti. Desta feita, o destino foi York numa visita realizada em cerca de 1 hora. Uma cidade que se apresenta como um autêntico livro da História de Inglaterra feito de pedra, cimento, madeira e carne, abrindo as suas páginas para a interpretação de um passado aos olhos do presente.
Situada na confluência dos rios Ouse e Foss, no condado de North Yorkshire, e a nordeste de Leeds e sul de Middlesborough , o nascimento da cidade de York remonta a 71 d.C., tendo sido fundada pelos Romanos.
A sua economia passou de um predomínio e dependência da manufatura e da sua posição enquanto um dos eixos da rede ferroviária inglesa para passar a acolher um maior desenvolvimento do setor dos serviços e ver o turismo crescer como uma atividade de peso na economia local.
A dimensão espacial desta área vai para além da antiga zona citadina e abrange mesmo espaços rurais, porém, o itinerário percorrido começou na periferia da cidade e culminou logo no centro da mesma, espaço que comprova fortemente esse crescimento no setor terciário e na importância do turismo para a economia de York.
Uma vez chegados à periferia da cidade, deparámo-nos com um problema que toca a qualquer condutor numa cidade inglesa: parques cuja disponibilidade para deixar neles estacionar é de escassas horas, neste caso resumindo-se a apenas uma. Sabíamos que tínhamos de tirar o melhor partido desse tempo.
Assim, antes de nos deslocarmos para visitar o primeiro ponto histórico, as Muralhas de York – datadas da época romana mas com a presente estrutura edificada entre os séculos XIII e XIV- verificou-se de imediato que a periferia oferecia ruas dominadas pela habitual conjugação dos pubs britânicos e dos típicos Fish & Chips com restaurantes de fast-food como os da KFC, pizzarias ou restaurantes chineses, sendo intercalados por um hotel ali, uma loja de tatuagens acolá e os sempre presentes Sainsbury’s.
Por conseguinte, o aproximar das muralhas implicava também o aproximar da entrada sul para a cidade, conhecida como Micklegate Bar e adjacente às mesmas, onde foram penduradas as cabeças de monarcas como o 3º duque de York, Ricardo de York – pai de Eduardo IV e Ricardo III, que outrora quis fazer de York capital inglesa -, depois da Batalha de Wakefield (1460), do Conde de Devon, do conde de Northumberland, entre outros.
Micklegate Bar – Entrada sul para a cidade de York
Atravessada a entrada depois de contemplada, já se deixava para trás o lance de escadas que nos separava de uma maravilhosa perspetiva da cidade a partir do topo das muralhas que a protegeram ao longo dos séculos. Ao deambular pelo caminho traçado por esta estrutura de pedra torna-se possível obter um panorama sobranceiro da estação ferroviária de York, do York Minster e das manchas negras, castanhas ou azuis que vagueiam pela calçada acinzentada e por entre os jardins e edifícios da cidade.
Galgadas as muralhas, chega a altura de atravessar a Ponte de Lendal, estendendo-se esta da Torre de Barker à Torre de Lendal, ambas antigamente ligadas por uma corrente de ferro gigante com vista à obstrução dos barqueiros que por ali tentassem penetrar sem pagar a devida portagem e como meio de assegurar a defesa da cidade em tempos de guerra. Hoje, o espaço que as separa é nada mais do que palco para um rio que oferece uma das paisagens mais esplendorosas desta cidade.
Vista do Rio Ouse a partir da Ponte de Lendal (Lendal Bridge)
Mesmo antes de entrar, por fim, no centro da cidade propriamente dito, tal não poderia ser feito sem dar uma vista de olhos à emblemática Catedral de York (York Minster, em inglês), uma das maiores catedrais de estilo gótico no norte europeu. É também a sede do Arcebispo de York, o segundo cargo mais alto da Igreja Anglicana, e a catedral da Diocese de York. Igualmente famosa por albergar 128 vitrais, parte de uma longa tradição da cidade, este monumento já foi várias vezes alvo de reabilitação, inclusive devido à agitação da Reforma Protestante em Inglaterra, no século XVI, e à Guerra Civil de 1642-1751. Sem dúvida um importante marco histórico desta cidade.
Finalmente chegados ao centro da cidade, as ruas revestem-se agora de uma calçada que faz erguer, de ambos os lados, duas filas de estabelecimentos comerciais de todo o tipo em paralelo uma à outra, percorrendo as várias ruas que por aqui se vão intersetando e cruzando umas nas outras. A sua organização espacial vertical desdobra-se em edifícios de 2 ou 3 andares, sendo o rés-do-chão então ocupado pela atividade comercial, podendo-se encontrar por estes lados as convencionais casas de chá, pubs, pastelarias, joelharias, lojas de vestuário, entre outros.
John Bull – Fudge; Coffee Makers
Aqui, começar pelas lojas de bolos e doces convencionais pode mesmo acabar por se tornar mais terrorífico do que entrar nalgumas das lojas de artigos de terror que por ali se podem encontrar ou do que ser dado a conhecer aos fantasmas da cidade na “Ghost Walk” que ali assombra todos os sábados pelas 19:00h, isto pelo menos para a barriga e para a carteira.
Por entre muitos registos imagéticos captados tanto pelo olho humano como pelo olho da câmara ao longo desta jornada, a visita findava assim em frente à Mansion House de York, construída em 1732 e local de residência do Lord Mayor of York, máximo responsável pelo conselho da cidade de York, onde é também exibida uma coleção de prata, mobília antiga e pinturas.
Maquete da cidade de York
Posto isto, alguns capítulos deste livro ficam aqui lidos. O Espalha-Factos foi folhear estas páginas por ti, descobrir o resto, como te diria o inglês, “it’s up to you”.