Graças ao seu romance Uma Outra Voz, a autora tornou-se na primeira mulher a ganhar este prémio. O anúncio foi dado pelo também escritor Manuel Alegre, presidente do júri do concurso.
No mesmo anúncio, Manuel Alegre elogiou a obra e justificou a entrega do prémio pela “consistência do projeto narrativo que procura através de várias gerações, e com o foco em personagens de grande força, sobretudo femininas” Além disso o presidente do júri elogiou o facto de o livro retratar “a transformação da sociedade e os modelos de vida numa cidade de província, no Alentejo”. A originalidade, a exploração ficcional e a inclusão de fotografias foram algumas das características que não passaram despercebidas aos membros do júri.
A obra acabou por ser escolhida por maioria, após serem seleccionados sete livros como finalistas para um regime de “prova cega”, ou seja, o júri não fazia ideia de quem era o autor ou autora. “Adivinhava-se que fosse uma mulher pela caracterização muito forte das personagens e pela forma como caracteriza uma dada personagem masculina” disse Manuel Alegre expondo uma curiosidade.
Gabriela Ruivo Trindade tem 43 anos, é natural de Lisboa e formada em Psicologia. Está neste momento desempregada e a residir em Londres. Uma Outra Voz centra-se em torno de uma emigração de uma família de Estremoz para África. O romance de cerca de 300 páginas é relatado através da perspectiva de várias personagens.
Esta foi a sexta edição do Prémio Leya e a mais concorrida até ao momento. Candidataram-se um total de 491 originais de 14 países. Além de Manuel Alegre o júri também incluía os escritores Nuno Júdice, Pepetela e José Castello. Além dos autores, também José Carlos Seabra Pereira, da Universidade de Coimbra, Lourenço do Rosário, reitor do Instituto Superior Politécnico e Universitário de Maputo, e Rita Chaves, da Universidade de São Paulo fizeram parte da decisão final.
O primeiro vencedor do Prémio LeYa em 2008 foi O Rastro do Jaguar, do jornalista brasileiro Murilo Carvalho. No ano seguinte foi O Olho de Hertzog, do escritor moçambicano João Paulo Borges Coelho. Curiosamente na edição de 2010 o júri decidiu, por unanimidade, não atribuir o prémio a nenhum dos participantes, devido à falta de qualidade das obras que forma nesse ano a concurso.
No ano seguinte foi a estreia literária de João Ricardo Pedro com O Teu Rosto Será o Último que arrebatou o galardão. Debaixo de Algum Céu de Nuno Camarneiro foi a obra que venceu no ano passado.