E estreou ontem o aguardado novo programa de domingo da TVI: Dança Com as Estrelas. Ou será que se deveria chamar Dança Comigo? Bem, as semelhanças são algumas, mas a verdade é que não tiram mérito ao programa.
É sem dúvida um alívio saber que chego ao domingo à noite e não há Big Brother, que não conseguia mesmo suportar, ou Splash!, programa com absoluta ausência de conteúdo. Aqui ao menos sempre se pode ver famosos esforçados a trazer para as nossas noites as danças de salão. Confesso que era uma fã de Dança Comigo e fiquei com bastante pena de a RTP não ter voltado a apostar no programa.
A anfitriã Cristina Ferreira esteve bem, sempre com a espontaneidade e simplicidade que a caracterizam. Esta é uma postura natural na Cristina, sem ‘faz de conta’ ou ‘falsa boa disposição’. A Cristina já merecia um programa só seu, que lhe permitisse crescer e demonstrar que também consegue dar corpo a um programa mesmo sem a companhia de Manuel Luís Goucha.
O grupo de famosos é interessante. A TVI soube escolher um bom casting, com caras bonitas, mas acima de tudo bem dispostas e acarinhadas pelo público: Sofia Ribeiro, Pedro Barroso, Isaac Alfaiate, Rita Pereira, Sara Matos, Pedro Teixeira, Calado, Raquel Tavares e Iva Domingues. Do grupo faz também parte José Luís Gonçalves, que sofreu uma lesão durante os ensaios e está agora hospitalizado no Hospital Santa Maria.
Os concorrentes estavam bastante bem acompanhados, cada um por um dançarino profissional, que é responsável pela criação da coreografia e também por ensinar todos os passos ao seu famoso. O esforço dos concorrentes foi evidente, claro que se pôde assistir a atuações bem melhores que outras, mas tendo em conta que a maioria não tinha qualquer experiência na dança, ainda há muito tempo para se ver autênticos ‘pés de chumbo’ transformados em grandes bailarinos. Nesta noite, sobressaíram-se as performances de Rita Pereira e Raquel Tavares, não tivessem as duas já participado no Dança Comigo e com bons resultados.
Dança Com Estrelas não precisava nada era dos comentários de Alexandra Lencastre no júri. A atriz até que esteve ligeiramente contida, mas mais tarde ou mais cedo sobressairá a Alexandra Lencastre de A Tua Cara Não Me é Estranha, ou seja, uma Alexandra exagerada, que perde o controlo do que é ou não normal e permitido. Sinceramente, a TVI não tinha mesmo outra pessoa para juntar a Cifrão e a Alberto Rodrigues? Bem, se calhar tinha, mas dá sempre jeito ter ‘escândalo’, porque “o povo gosta“.
Surpreendeu-me o facto de não ter havido muito ‘encher chouriços’, como é tão habitual nas noites de domingo da TVI. Os comentários do júri foram um pouco demorados, mas suportáveis. Tenho é algum receio que com as eliminações, haja mais espaço para o tal ‘encher chouriços’ e o programa perca assim algum do seu bom conteúdo.
O que não compreendi mesmo foi a necessidade de o júri só dar a pontuação aos pares depois destes se deslocarem até à Sala Vermelha. Lá, os pares tinham Paulo Fernandes à sua espera, que lhes voltava a fazer mais duas ou três perguntas (muito do género daquelas que Cristina fazia no pós-dança) e depois o júri pontuava. Porque razão o júri não atribuía a pontuação a seguir aos comentários? E já que toquei no assunto, é bom dizer que Paulo Fernandes se esforçou, mas a televisão não é propriamente o seu ‘meio ambiente’ e inutilidade daquele espaço tornou a sua performance algo difícil.
A manter-se assim parece até que a TVI finalmente apostou num programa equilibrado para entreter nas noites de domingo neste verão. Tem boa disposição e tem aquele ingrediente fantástico que é a dança… e, verdade seja dita, muitas devem ter sido as pessoas que se levantaram do sofá para também dar um ‘pezinho de dança’. Dança Com as Estrelas não é o programa perfeito, nem aquele programa que não vou querer perder todos os domingos, mas será um programa bem disposto para ver com gosto ao domingo à noite.