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Queridos de Hollywood: Katharine Hepburn

Desde 24 de março, e em cada domingo, o Espalha-Factos tem uma nova iniciativa. Depois de, com o A Recordar, termos relembrado grandes atores e atrizes que não viram o seu talento reconhecido (ou apenas tardiamente tal aconteceu) ou caíram no esquecimento, desta vez iremos destacar alguns dos nomes mais Queridos de Hollywood, numa rubrica com o mesmo título.

Katharine Houghton Hepburn é, ainda hoje, considerada uma das melhores atrizes de Hollywood. Nascida a 12 de maio de 1907 em Connecticut, nos Estados Unidos, a sua carreira contou com mais de 60 anos de luzes, palcos, filmes e reconhecimentos. Também conhecida por Kate, First Lady of Cinema e The Great Kate, Hepburn, ao contrário do que imediatamente se pensa, nada tem a ver com a diva Audrey Hepburn.

Filha do urologista Thomas Norval Hepburn e da ativista feminina Katharine Martha Houghton, desde pequena que começou a desconfiar das pessoas e a ter mesmo um temperamento mais complicado, devido ao enforcamento do irmão mais velho, Tom. Muito habituada a relacionar-se com rapazes (Katharine era “maria-rapaz”), de repente afasta-se desse meio e da Oxford School, onde estudava, e começou a ter aulas particulares. A morte do irmão marcou-a de tal forma que passou a considerar, durante muitos anos, o dia de aniversário dele, a 8 de novembro, como sendo o seu próprio dia de aniversário.

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Mais tarde, em 1924, a sua rebeldia ainda não tinha acalmado. Ingressou na Bryn Marw College, mais a pedido da mãe, mas nunca se adaptou às regras universitárias, tendo sido suspensa por fumar no quarto. Foi aí que começou a ter gosto pela carreira de atriz, mas os papéis eram atribuídos aos alunos com melhores notas e o incentivo de Katharine foi esse mesmo. Devido ao seu papel principal em A Mulher na Lua, no último ano naquela escola, Hepburn começou a definir o seu caminho, apesar de se ter formado em Filosofia e História.

Começou no teatro, na companhia de Edwin H. Knopf, em Baltimore. Devido a um pequeno papel, Czarina, Katharine recebeu críticas favoráveis ao seu trabalho, o que lhe dava mais ânimo para continuar e, mais tarde, os seus próprios horizontes estavam mais abertos: foi para Nova Iorque para estudar com um tutor de voz.

Foi na Big Apple que Knopf pediu a Katharine para substituir a atriz principal. Porém, não correu bem, tendo sido dispensada logo na noite de estreia. Mas não desanimou. Em novembro de 1928 estreia-se na Broadway, no Teatro Cort. No início as coisas não seguiram o caminho esperado, tendo a atriz regressado para Connecticut. Mas a peça The Animal Kingdom abriu-lhe nova oportunidade, não só por contracenar com Leslie Howard mas também por Katharine ter começado a ganhar o carinho do público.

A chegada ao Hollywood não foi demorada. Tinha apenas 25 anos quando se estreou no filme Bill of Divorcement. “A caracterização da senhora Hepburn é uma das melhores vistas na tela” foi uma das críticas que recebeu. Devido ao sucesso desse filme, a atriz assinou contrato com a RKO, onde conheceu George Cukor, com quem filmou dez filmes.

Katharine Hepburn em Bill of Divorcement

Katharine Hepburn em Bill of Divorcement

Morning Glory foi o que fez com que as luzes da ribalta caíssem sobre ela. Katharine Hepburn ganhou o Oscar para Melhor Atriz e, a partir daí, o seu reconhecimento pelo mundo havia crescido. Ganhou o prémio de Melhor Atriz no Festival de Veneza, com Little Women, de 1933, e já era considerada uma das melhores atrizes da sua geração.

O desejo de voltar à Broadway permanecia mas foi a partir desse momento que a sua carreira começou a cair. Vários fracassos como The Lake, Break of Hearts, Spitfire, fizeram com que a crítica passasse de amor a ódio no que tocava à prestação da atriz. Simultaneamente, a sua atitude impaciente e rebelde que havia sentido na infância voltaram a estar presentes naquela fase da sua vida. Devido a isso, ganhou a alcunha de Katharine de arrogância”, pois não gostava de dar autógrafos nem entrevistas. O resultado? Acabou por deixar Hollywood.

Na lista dos que os críticos chamavam “Venenos de Bilheteira”, Bringing Up Baby foi o seu último filme na produtora que a lançou, a RKO. Até 1950 Katharine não pisou mais nenhum palco onde ficasse conhecida. Mas em 1951 entra no seu primeiro filme a cores, The African Queen, que, de certo modo, marcou o regresso da atriz a Hollywood, sendo nomeada pela quinta vez para o Oscar para Melhor Atriz.

A atriz em The African Queen

A atriz em The African Queen

O sucesso estava a chegar, aos poucos. Pat and Mike foi um dos filmes mais populares da sua carreira e valeu-lhe o Globo de Ouro para Melhor Atriz na categoria de Comédia ou Musical. Pelo segundo ano consecutivo, foi nomeada para o Oscar por The Rainmaker e, em 1959, contracenou com Elizabeth Taylor em  Suddenly, Last Summer e recebeu a oitava nomeação para os Oscars.

A sua carreira estava, portanto, novamente lançada e Katharine Hepburn era outra vez uma das estrelas mais importantes de Hollywood e amadas pelo público. Ao longo dos anos, passou também pela televisão com uma comédia de humor negro chamada Grace Quigley.

A atriz era também conhecida pelos seus relacionamentos, em especial junto de Spencer Tracy, com quem esteve a maior parte da sua vida. A relação entre os dois era discreta pois o ator era casado e só após a sua morte, em 1967, é que Hepburn começou a falar desse romance.

Em 1996, a saúde de Katharine deteriorou-se, tendo sido hospitalizada com pneumonia. Nos seus últimos anos de vida, começou a mostrar demência e morreu a 29 de junho de 2003, vítima de um tumor no pescoço. A  atriz tinha 96 anos. A sua carreira foi tão emblemática que, após a sua morte, as luzes da Broadway estiveram apagadas durante uma hora, em homenagem a Hepburn. Está sepultada no cemitério de Cedar Hill, em Hartford.