A SIC estreou a sua nova aposta para as tardes de domingo, Portugal em Festa. A estação de Carnaxide, há meses derrotada pelo Somos Portugal da TVI, que já foi responsável pelo enterro de O Formigueiro, tentou novamente reagir, com uma réplica do original de sucesso.
Rita Ferro Rodrigues desdobrou-se em entrevistas, na semana anterior à estreia, para tentar acabar com o ‘mito’ de que o programa era um sucedâneo da maratona popularucha da TVI e que a SIC estava a entrar na luta com um produto diferenciado.
A apresentadora, que comanda o novo formato com José Figueiras, ou nos estava a tentar enganar ou então enganou-se a ela própria. Não consegui encontrar, no tempo que assisti ao programa, diferenças de maior entre os formatos – e isso não é bom.
O mesmo subpimba que enxameia as emissões da TVI também marcou presença em Reguengos de Monsaraz, bem como os jogos de 760 ou o público relativamente inerte a bater palminhas pouco entusiasmadas para a televisão. Reflexos de um Portugal que, mais que profundo, às vezes parece obscuro.
Havia mais apresentadores, o humor de Fernando Rocha e estava a bater-se um recorde de “papa-açordas”. Que três grandes diferenças. No essencial, naquilo que o programa da TVI é mau, a SIC não conseguiu ser diferente.
O terceiro canal ajudou a inundar ainda mais a televisão generalista de pimbalhada, nivelando-a por baixo e dirigindo-a a um público televisiva e culturalmente desfavorecido. A este caminho e perante a propagação dos serviços de televisão paga no nosso país, serão os próprios canais abertos a cavar a sua própria sepultura e a tornarem-se irrelevantes para o público que interessa.
A SIC perde ainda mais, porque foge do seu target, tradicionalmente mais jovem, urbano e sofisticado, e alheia-se do público que lhe tem construído o presente. Quem vê o horário nobre da estação, que é líder e lhe dá dinheiro, não quer nada com o Portugal em Festa ou coisas do género.
Felizmente, a estreia não foi além dos 16,1% de share, piorando os resultados habituais do canal. Que seja uma mensagem para que a SIC regresse ao cinema, que apesar de tudo fazia melhores resultados que isto e era mais barato aos cofres do canal.
Aproveito ainda para deixar uma nota de ‘rodapé’: José Figueiras é, na minha opinião, um profissional competente, que tem sido subaproveitado na estação de Carnaxide, e tenho pena que apenas o chamem para este tipo de coisas. Que não sejam o insucesso e o fim anunciado do Portugal em Festa, que não acredito que dure além do verão, que o voltem a afastar indefinidamente dos ecrãs dos portugueses.