Para os mais desatentos, começou a época das coleções Resort. E se a Chanel elegeu um exótico país asiático para apresentar a sua coleção (que pode ser vista aqui), Raf Simons, diretor criativo da Christian Dior optou por uma viagem não menos elegante. Desta vez, o destino foi o Mónaco.
Refere o jornalista Tim Blanks, do Style.com, que a apresentação seria a céu aberto, não fosse a chuva que tem fustigado o sul de França e o pequeno principado. Raf estava já habituado às visitas das gaivotas durante a construção da passarela, que reforçavam a “ambiência hitchcockiana”, e esperava a sua presença durante o desfile. A meteorologia não colaborou, mas permitiu o foco preciso nas peças de vestuário, premissa que tem motivado o rumo da casa francesa desde a chegada de Raf.
O mote para esta coleção foi a velocidade da vida. As cores em bloco e as estampagens com formas lineares multicoloridas, os metálicos em contraste com as transparências e os brilhos acetinados a que Raf Simons já nos acostumou, ajudaram a criar a sensação de constante movimento e dinamismo.
A escolha do Mónaco para apresentar a coleção Resort justifica-se através da relação histórica entre a princesa Grace Kelly e o fundador da casa francesa e, hoje, com a relação pessoal entre Raf e Charlene do Mónaco que, diz Blanks, tem feito na Europa o mesmo que Jennifer Lawrence, Leelee Sobieski ou Marion Cotillard têm feito em Hollywood. Assim que assumiu o controlo da criação na Christian Dior, Raf tornou uma casa que se sentia perdida numa da mais influentes da actualidade, ao adotar uma estética impreterivelmente minimalista e associando-se a figuras de proa de diversas áreas mediáticas. Desde então o seu trabalho foi ecoado por todas as cadeias de retalho e influenciou de forma notória a criação de outros designers de high-fashion.
Raf propõe desafios a si próprio. A renda não é um material comum nas suas criações, pois não lhe interessa o caráter histórico ou o aspeto romântico, mas insiste em abordá-la. Justapôs este material a rasgos de cores vivas e materiais brilhantes que criaram efeitos óticos e um invólucro de descontração casual. Por outro lado, a silhueta rodada os anos 50, que associamos imediatamente a Dior ou Grace Kelly, é cortada por um simples zípper, numa abordagem claramente desportiva a um clássico.
Sem colocar de parte suaves referências a silhuetas clássicas do arquivo da casa, esta coleção foi gerida com jovialidade e destreza e, sem espaço para rodeios, conseguiu catapultar a simplicidade e a descontração do estio mediterrânico. O movimento e a elegância do trabalho de Dior são alvo da admiração do designer belga, e Simons compromete-se a atualizar o arquivo da casa, simplificar e adaptar as criações históricas ao estilo de vida veloz e dinâmico em que vivemos. Uma visão nitidamente progressista, com um propósito maior que é colocar a Dior na proa do século XXI.
Em baixo, apresentamos-te alguns dos looks mais exemplificativos da coleção: