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Vikings – O triunfo da aposta em séries históricas

Vikings aparece no cenário das séries televisivas pela mão do canal História, que apostou nesta criação de Michael Hirst, realizador de outras séries de sucesso como Camelot ou Os Tudors, e que até agora se tem relevado uma aposta bem sucedida. Analisamos em detalhe a primeira temporada.

De uma forma geral, Vikings é uma série histórica, que retrata os costumes do chamado povo viking, os escandinavos que ficaram imortalizados na história pelas suas pilhagens via marítima, com especial incidência em Inglaterra, onde os mesmos acreditavam haver tesouros imensos. A série centra-se na personagem de Ragnar Lothbrok (Travis Fimmel), um grande herói do seu tempo que acreditava ser o filho enviado de Odin, o Deus da guerra segundo a mitologia do povo viking. É ele que empreende as primeiras pilhagens a Oeste, onde encontra a tão desejada Inglaterra e juntamente com a sua família torna-se no Rei entre os vikings. Para além do ator australiano Travis Fimmel, fazem também parte do elenco desta série nomes como Katheryn Winnick, Clive Standen e Gabriel Byrne.

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O canal História é conhecido por ser um grande produtor de documentários, programas e séries com temas históricos, daí ter apostado com firmeza neste tema dos vikings, que carrega em si uma forte fonte das mais incríveis histórias. Uma das coisas que mais caracteriza esta série são os cenários naturais, não das montanhas da Escandinávia, como é feito parecer, mas sim de paisagens irlandesas, onde a série é quase inteiramente gravada, dando-se assim uma grande relevância ao real em detrimento do estúdio.

O episódio que me fez ter orgulho de seguir a série: No episódio 5 (Raid), da primeira e até à data, única temporada, Ragnar, já depois de desobedecer às ordens do Conde, seu superior, àcerca da viagem para Oeste, é perseguido e deixado à beira da morte pelos homens do Conde e por momentos pensa-se que o mesmo se entrega para salvar a família, o que acaba por não acontecer, pois Ragnar consegue escapar. Foi este episódio que consolidou o meu entusiasmo pela série, ao perceber-se que a combinação entre dever e família é cada vez mais evidente. Ragnar é um guerreiro, conquistador, o melhor entre o seu povo, mas nem esse estatuto o faz abdicar do bem-estar da mulher e dos filhos, que são o seu principal motor e por quem ele luta.

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O episódio que me fez atirar o comando ao ecrã: O último episódio da temporada, intitulado All Change  é quando se dá a reviravolta da história. É, por isso, o episódio mais impactante. Ragnar é seduzido pela princesa Aslaug (Alyssa Sutherland) na Suécia e é, pela primeira vez, infiel à mulher, Lagherta (Katheryn Winnick), que permanece em Kattegart onde vê o seu povo assolado por uma peste que vitima a sua filha, Ghyda (Ruby O’Leary). A princesa Aslaug fica então grávida de Ragnar, que vê isso como uma benção dos deuses depois de Lagherta não ter conseguido dar à luz o seu terceiro filho. É também neste episódio que Rollo (Clive Standen), o irmão de Ragnar, sucumbe finalmente à inveja e se alia aos inimigos do irmão.

Melhor personagem: Ragnar Lothbrok é, sem dúvida, a melhor personagem da série. Travis Fimmel, ator australiano pouco conhecido do grande público, mostra o seu talento ao interpretar este guerreiro ambicioso, persistente, parco em palavras e de muitas ações, o que faz com que a sua personalidade seja vista de forma enigmática e controversa. Apesar de tudo, é ao mesmo tempo homem de família e preserva-a acima de tudo. É por isso uma personagem com duas faces distintas, mas que se complementam de forma perfeita, o que capta a atenção dos espetadores.

Pior personagem: Rollo, personagem interpretada por Clive Standen e irmão de Ragnar, é a pior personagem da série por causa da sua inveja e desconfiança em relação ao irmão, o que leva os espetadores a considerá-lo como alguém com intenções duvidosas. Confrontado inúmeras vezes com o poder do irmão e sendo apaixonado pela sua mulher, Lagherta, já há algum tempo, é visível o seu desconforto e inveja dos feitos por ele alcançados, onde se inclui a sua família.

A maior surpresa da temporada: Quando, no episódio 3, Ragnar descobre um mosteiro em Inglaterra e saqueia todas as riquezas, traz os monges como escravos e fica com um deles, Athelstan (George Blagden). Ao início tudo dava a crer que seria para usa-lo como escravo, mas Ragnar acolhe-o como parte da família e apesar de ser visto como um estranho devido ao seu estranho Deus – Jesus Cristo – Athelstan é acolhido no seio da família e pouco a pouco começa a ser tratado como um homem do povo. Esta atitude de Ragnar é surpreendente, na medida em que o povo viking é fiel apenas aos seus deuses e como Athelstan traz consigo a crença de um Deus único e diferente, seria de esperar uma atitude de desdém da sua parte.

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A maior desilusão da temporada: No último episódio Ragnar trai a sua mulher com a princesa Aslaug, deixando morrer a esperança de que seria um homem fiel por respeito à mulher e aos filhos. A personagem de Ragnar mostrou sempre ao longo da temporada que seria incapaz dessas ações, sendo assim uma reviravolta negativa na trajetória da personagem. No final ficam ainda mais evidentes as duas faces de Ragnar, distinguindo-se em particular a sua face de senhor da guerra, aquele que tudo fará para ter herdeiros que honrem o seu nome e o imortalizem de geração em geração como um dos grandes guerreiros vikings em detrimento do amor pela família, que até então tinha sido um ponto fulcral.

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A próxima temporada de Vikings tem estreia para inícios de 2014, por isso será um longo período de espera. Espera-se que seja uma temporada que revelará finalmente o lado maligno de Rollo e que ditará a sua relação com a esposa Lagherta, com quem tem um filho, Bjorn (Nathan O’Toole), depois da sua filha Ghyda ter morrido e de o terceiro filho nunca ter nascido. Será curioso perceber o rumo que Ragnar tomará sempre tendo em consideração a opinião e a vontade dos deuses. Outra das expetativas para a 2ª temporada será perceber que papel terá Athelstan, o monge que Ragnar trouxe de Inglaterra, que durante a 1ª temporada teve uma prestação um pouco apagada e apenas mais relevante por ser um emissário de Jesus Cristo em terras escandinavas.

Nota: 8/10