O nome Ana Fatia está a tornar-se comum nas conversas dos portugueses. Por duas razões, uma boa e outra má. A boa é que esta designer de produto formada na ESAD das Caldas da Rainha e sediada em Lisboa foi a única portuguesa selecionada para apresentar o seu trabalho na Semana de Design de Milão. A má é que não dispõe de meios financeiros para transportar o seu trabalho até Itália. A feira inaugura a 8 de abril e prolonga-se até 14 do mesmo mês.
Depois de procurar apoios institucionais, a designer lançou-se num périplo pelas ruas de Lisboa com um mealheiro na mão, pedindo um euro aos transeuntes e a oportunidade de contar a sua história. Criou ainda a página Ana Fatia GO, na rede social Facebook, na qual disponibiliza o NIB para patrocínios e novidades sobre o projeto. A passagem pelo programa Querida Júlia, nas manhãs da SIC, captou a atenção do público. Uma corrida contra o tempo até alcançar a quantia de três mil euros, soma necessária para transportar o seu trabalho até ao local da feira
A Ana Fatia não falta criatividade. A sua coleção Mother Mine & All of Us, inspirada na anatomia humana, tem três protótipos, dois aparadores e uma série de bancos. A primeira cómoda inspira-se nos tecidos musculares e a segunda, feita num material à base de resinas chamado Corian, traduz a forma da pélvis feminina aliada a quatros grandes ossos que são as pernas do móvel. Peças caras e vocacionadas para o público colecionador.
Em 2012, esteve presente na Semana de Design de Milão e o público francês pôde descobrir as suas peças na Semana de Design de Paris, no âmbito da exposição Les Docks: Cité de la Mode et du Design. Este ano soma convites para mostrar o seu trabalho nas feiras de Estocolmo e Shangai, mas tal não irá acontecer pois, novamente, não dispõe de meios.
O financiamento da indústria na realização da prototipagem das peças foi fundamental, segundo a designer. Todavia, a presença no exterior, em particular, neste tipo de eventos, é essencial para os jovens designers exporem o seu trabalho e conquistarem o mercado. Em Portugal, o parco investimento público e a conjuntura económica que condiciona os patrocínios, ceifam a esperança de internacionalização e até mesmo, em alguns casos, a produção de protótipos.
O luta para obter sponsors continua e qualquer um pode sê-lo, através de pequenas doações. Por agora, resta-nos esperar o desfecho desta história e divulgar os projetos de Ana Fatia, em Milão ou qualquer outra parte do Mundo.